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Por Leandro Narloch
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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Seria Bolsonaro um agente do PT?

O discurso do deputado durante a votação do impeachment ajudou tanto a presidente que passei a acreditar que ele é um agente do PT infiltrado na oposição

Por Leandro Narloch
Atualizado em 30 jul 2020, 22h57 - Publicado em 20 abr 2016, 02h23

Nas últimas semanas, o governo Dilma tentou de todo jeito emplacar a narrativa de que o processo de impeachment é um golpe protagonizado pelas mesmas “elites conservadoras avessas à democracia que depuseram Jango em 1964”.

É uma história sem pé nem cabeça, mas sempre haverá gente disposta a acreditar no que o PT quiser. Conhecemos há algum tempo o poder do partido de impor sua narrativa sobre a política brasileira e direcionar a atenção da imprensa para os fatos que o favorecem.

Diante desse poder, o que faz o deputado Jair Bolsonaro, um dos antipetistas mais conhecidos do país? Faz exatamente o que Dilma precisava para posar como vítima de golpistas. Resgata 1964 e oferece o voto ao ex-chefe do DOI-CODI:

– Nesse dia de glória para o povo brasileiro, tem um nome que entrará para a história nessa data, pela forma como conduziu os trabalhos da Casa: parabéns presidente Eduardo Cunha. Perderam em 1964, perderam agora em 2016. Pela família e pela inocência das crianças em salas de aula que o PT nunca teve. Contra o comunismo, pela nossa liberdade. Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias do Sul, pelas Forças Armadas, por um Brasil acima de tudo, por Deus acima de tudo, meu voto é sim.

É incrível o estrago que Bolsonaro fez durante o voto. Em 50 segundos, perdeu qualquer chance à presidência em 2018 (discursou para a minoria fiel, não para o grosso do eleitorado), elogiou Eduardo Cunha e deu força ao discurso vitimista de Dilma. A presidente sambou em cima. Na terça-feira, usou as palavras de Bolsonaro para bancar a defensora da democracia e dizer que o Brasil tem um “veio golpista adormecido”.

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Com um inimigo desses, quem precisa de amigos?

Vejo duas explicações para a mancada de Bolsonaro. Ou ele é politicamente inapto, incapaz de entender que desempenhou o papel que o PT esperava dele, ou errou de propósito só para beneficiar Dilma. Seu discurso ajudou tanto a presidente que passei a acreditar que o deputado é um agente do PT infiltrado na oposição.

Bolsonaro x Jean Wyllys

No artigo de segunda-feira, afirmei que Jean Wyllys e Jair Bolsonaro são personagens simétricos, gêmeos que brigam. Também disse que Bolsonaro se sai um pouco melhor porque quer apenas que cada um viva no seu canto, enquanto Jean Wyllys tenta proibir tudo o que não gosta.

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Um amigo me convenceu do contrário: pior que Jean Wyllys só Jair Bolsonaro. O ex-BBB faz uma vergonhosa vista grossa para a tortura em Cuba, mas Bolsonaro vai um pouco mais longe. Repare que ele usou a expressão “o terror de Dilma” para se referir ao coronel Brilhante Ustra. A expressão sugere que Bolsonaro não só admite como se vangloria da tortura da ditadura militar.

Uma coisa é considerar a tortura defensável em casos extremos; outra é se vangloriar dela. Se fosse preciso torturar um terrorista para evitar a explosão de uma bomba atômica em uma metrópole, muita gente consideraria moralmente correto torturar. Mas mesmo nesse caso a tortura seria um ato lamentável, do qual se deve ter vergonha. Festejá-lo ou celebrá-lo continua detestável.

Do mesmo modo, mesmo que alguém chegue à conclusão de que foi preciso torturar para evitar uma revolução comunista no Brasil (que nos faria tanto mal quanto meia dúzia de bombas H), seria baixo vangloriar-se disso.

Que pena, Bolsonaro. Bastava ter dito “sim”.

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@lnarloch

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