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Por Leandro Narloch
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Nem na Indonésia a guerra às drogas funciona

Por Leandro Narloch
Atualizado em 31 jul 2020, 02h19 - Publicado em 16 jan 2015, 21h48

 

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O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira é uma das 64 pessoas (das quais 47 estrangeiros) que estão no corredor da morte por tráfico de drogas na Indonésia. Entre eles há uma inglesa de 58 anos, uma holandesa e dois australianos. Além do brasileiro, outras cinco pessoas devem ir para o paredão neste fim de semana.

Uma punição tão rígida contra o tráfico talvez leve muita gente a pensar que, pelo menos na Indonésia, os jovens estão livres das drogas. Não é verdade.

A Indonésia tem tantos problemas de drogas quanto o Brasil – e até piores. Se por aqui há ruas cheias de craqueiros, por lá o problema é o putaw, uma prima pobre da heroína. É comum os jovens a consumirem sobre o teto dos trens superlotados de Jacarta. A dose sair por R$ 12.

O agravante é que o barato dura mais se essa droga for injetada. E seringas entre drogados, sabe como é. O compartilhamento de seringas causa 59% dos casos de Aids na Indonésia, um dos países da Ásia onde a doença avança com mais rapidez. Em algumas prisões (há no país presídios só para traficantes e consumidores) a incidência de Aids chega a 25%.

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Apesar do endurecimento da lei e da imposição de pena de morte para traficantes, não se pode dizer que o uso de drogas está diminuindo. Segundo a agência anti-drogas do país, só entre 2012 e 2014 o consumo aumentou 25%, para 4,5 milhões de usuários de drogas ilegais. “Nos últimos cinco anos, a fabricação doméstica de estimulantes à base de anfetaminas aumentou para atender a demanda crescente por ecstasy”, diz o escritório da ONU sobre Drogas e Crime. As praias de Bali, apinhadas de turistas estrangeiros e policiais corruptos, são um  dos grandes mercados de ecstasy no mundo. 

Como no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a guerra às drogas na Indonésia tem um resultado pequeno e cria uma série de consequências não-intencionais. O cerco da polícia aos traficantes diminui a oferta de drogas, aumentando o preço. O problema é que, como economistas já explicaram há algum tempo,  a demanda por drogas é inelástica: não diminui com o preço. Viciados, por definição, consomem mesmo se o preço aumentar. Por isso é comum se prostituírem e cometerem pequenos roubos para bancar o vício.

A morte do brasileiro e outros traficantes neste fim de semana não resolve – e talvez até agrave – o problema de drogas na Indonésia.

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