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Por Leandro Narloch
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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Marcos Bagno, o avesso de um intelectual

Intolerante a qualquer sombra de divergência, o professor da UnB é o contrário do que se espera de um acadêmico

Por Leandro Narloch
Atualizado em 30 jul 2020, 21h40 - Publicado em 4 out 2016, 14h14

Marcos Bagno, professor de linguística da Universidade de Brasília, chocou brasileiros ao publicar o seguinte post, logo depois dos resultados do primeiro turno:

bagno3

Com a repercussão negativa, Bagno apagou o texto no dia seguinte, tentou se explicar e depois apagou também a explicação. Mas suas outras publicações ainda estão lá. E elas nos permitem conhecer a estranha personalidade desse homem.

Marcos Bagno enxerga o mundo como um desenho de animado ruim (nem mesmo os desenhos são tão maniqueístas hoje). Repare no que ele fala sobre Michel Temer e veja se não parece a descrição de Gargamel, o vilão dos Smurfs:

…o energúmeno-mor, o grande rato de esgoto, o verme supremo que infecta vermes é a própria personificação do mal gratuito, da sanha de destruir por destruir.

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O procurador federal Deltan Dallagnol é “branquelinho fascistazinho tucaninho escrotinho de merda”. Mendonça Filho: “verme que dizem ser ministro da educação”.

Bagno costuma criticar religiões em seu perfil do Facebook, mas age como um crente tomado pelo radicalismo típico de recém-convertidos, apesar de ter se convertido há décadas. Sobre o apresentador Fausto Silva, fala como um neopentecostal durante um ato de exorcismo:

Corro léguas de qualquer ambiente em que sua imagem asquerosa e gosmenta esteja sendo projetada. Prezo pelo meu estômago. Tenho total irrestrito absoluto completo e infinito NOJO dessa criatura.

O mais grave sobre Marcos Bagno não são tanto suas opiniões, mas sua postura intelectual. Pensar como ele é fácil: há o Bem (os iluminados do PT e da esquerda em geral), e quem expressar a mais leve discordância ou questionamento é “fascista”.

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É comum, nos subterrâneos fétidos da internet, o costume de usar o termo “fascista” com o sentido de “aquele que não concorda comigo”. Mas Bagno vai além – faz desse costume sua profissão, seu objeto de estudo, como descreveu meu vizinho Reinaldo Azevedo. O professor dedica a vida a estudar o preconceito linguístico, mas só o que faz é reproduzir preconceitos.

Intelectuais elegantes costumam colocar o próprio conhecimento à prova. Discutem pontos fracos de suas teses e mostram como se poderia provar que estão errados. Nada mais distante de Marcos Bagno. Ele é incapaz de enxergar ou se interessar por fragilidades de sua opinião. Não sabe o que é autocrítica.

Como pode um homem tao avesso à atividade intelectual perdurar numa das principais universidades do país? Alguém assim só sobrevive se estiver num ambiente isolado do mundo real pelos portões da universidade, um ambiente em que professores dificilmente serão demitidos mesmo se descuidarem da qualidade de ensino e de seus estudos. Ao se esgoelar contra Temer, que promoveria a falência do ensino público, Bagno é em si mesmo a prova da falência do ensino público.

Houve um tempo em que intelectuais de peso sustentavam a esquerda. Gramsci, Habermas, grandes teóricos que discutiam o marxismo e o caminho para a hegemonia marxista. Triste ver a esquerda hoje, tendo que se contentar com um Tiozão da Caps Lock que passa o dia chamando os outros de fascistas na internet.

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@lnarloch

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