Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Caçador de Mitos Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Leandro Narloch
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
Continua após publicidade

Como o petróleo salvou as baleias (e milhões de hectares de florestas)

O surgimento da indústria do petróleo, no século 19, foi a melhor notícia que ambientalistas poderiam ouvir em séculos

Por Leandro Narloch
Atualizado em 30 jul 2020, 23h58 - Publicado em 2 dez 2015, 10h58

whale

Porque libera carbono na atmosfera, o petróleo concorre com o carvão mineral como o grande inimigo de quem luta contra o aquecimento global. Conferências sobre o clima, como a de Paris esta semana, dificilmente discutem outra coisa senão a substituição dos combustíveis fósseis por energias livres de carbono.

Esse lado negativo do petróleo esconde suas imensas vantagens para o meio ambiente. O surgimento da indústria do petróleo, no século 19, foi a melhor notícia que ambientalistas poderiam ouvir em séculos. Possibilitou que a humanidade deixasse de depender de animais, de campos e de florestas para obter energia.

Cem anos atrás, as baleias trilhavam o caminho da extinção. Cerca de 50 mil eram caçadas por ano. A camada de gordura desses grandes mamíferos era a principal fonte de óleo de iluminação pública e matéria-prima para velas.

Continua após a publicidade

A baleia mais procurada era o cachalote, que guarda no crânio cerca de mil litros de espermacete, um líquido parecido com o esperma humano (daí o nome). O espermacete é matéria-prima para velas de chama limpa, duradoura e inodora. As baleias provavelmente teriam sido extintas se alguns capitalistas americanos não tivessem descoberto uma substância nova para produzir luz artificial: o querosene.

“Uma das mais extraordinárias criaturas do oceano foi poupada porque os seres humanos descobriram depósitos de plantas fósseis abaixo da superfície da terra”, diz o escritor Steven Johnson no livro Como Chegamos até Aqui.

Antes de descobrir que havia depósitos riquíssimos de energia embaixo da terra, o homem usava a natureza ao seu redor como combustível. Além das baleias (e pinguins, também usados na produção de óleo de iluminação), a descoberta do petróleo evitou que florestas se tornassem montes de lenha. Sem falar na revolução na agricultura possibilitada pelo petróleo.

Continua após a publicidade

De 1900 até hoje, a produtividade no cultivo da maioria dos grãos triplicou ou quadruplicou. O arroz rendia 2 toneladas por hectare em 1900; hoje cada hectare produz mais de 7 toneladas. A principal causa desse salto da produtividade foi a invenção dos fertilizantes artificiais. Por causa do nitrogênio sintético (a amônia, derivada do petróleo), conseguimos produzir mais comida no mesmo espaço – sem precisar avançar ainda mais sobre florestas. Caso abandonássemos os fertilizantes sintéticos e voltássemos à agricultura orgânica e manual dos nossos tataravôs, teríamos que empurrar a fronteira agrícola da Amazônia alguns milhares de quilômetros para cima.

É claro que o petróleo também teve consequências negativas para a natureza. Como quase tudo na história, sua descoberta não foi inteiramente boa. Nem inteiramente ruim.

@lnarloch

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.