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Por Leandro Narloch
Uma visão politicamente incorreta da história, ciência e economia
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Como diminuir a diferença entre o salário de homens e mulheres?

As mulheres têm todo o direito de exigir um salário igual ao de homens no mesmo cargo. Mas para atingir a igualdade nas pesquisas de renda média seria preciso convencer as mulheres a tomar decisões diferentes

Por Leandro Narloch
Atualizado em 31 jul 2020, 00h24 - Publicado em 29 set 2015, 16h46

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ADENDO: mulheres e salários, dois ou três esclarecimentos.

A Folha de S.Paulo do domingo cravou que “dois séculos separam mulheres e homens da igualdade no Brasil”. De acordo com a reportagem, só daqui 85 anos homens e mulheres terão a mesma renda média, e a igualdade política demorará ainda mais. Há otimismo demais na manchete do jornal. A igualdade de gênero levará muito mais tempo, se um dia acontecer. Pois exigiria mudanças de atitude que poucas mulheres (com uma boa dose de razão) estão dispostas a tomar. Para o salário médio das brasileiras ser o mesmo dos homens, seria preciso, entre outras coisas:

1. Impedir que tantas mulheres trabalhem com educação, recursos humanos ou pediatria

A economista Claudia Goldin, de Harvard, explicou anos atrás que um dos motivos para o menor salário das mulheres é justamente a emancipação feminina. Quando as mulheres saíram de casa e entraram no mercado de trabalho, aumentaram a oferta de candidatos nas áreas que elas preferem, como educação e RH. Por oferta e procura, os salários nessas áreas caíram. Também é assim na medicina. Dermatologistas e pediatras (maioria mulheres) ganham menos que cirurgiões do aparelho digestivo (90% homens). Uma igualdade de gênero exigiria intervir na livre escolha profissional, na tentativa de convencer as mulheres a ingressar em áreas que muitas delas não gostam.

2. Convencer ou obrigar as mulheres a optar por trabalhos desagradáveis

Os homens ocupam a maior parte das vagas de trabalhos perigosos e que exigem mais esforço físico. São a imensa maioria dos coveiros, desentupidores de esgoto, soldadores, motoboys, pedreiros, carregadores, mineiros e estivadores do Brasil. E 75% das vítimas de acidentes de trabalho. Como profissões mais difíceis e perigosas costumam remunerar mais que outros cargos de mesma qualificação, a igualdade de gêneros exigiria convencer as mulheres a ingressar nesses trabalhos. Só quando houver igualdade na taxa de acidentes de trabalho será possível haver igualdade de salários.

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3. Convencer ou obrigar as mulheres a permanecer na carreira até a aposentadoria

Considere o caso de uma mulher de 50 anos que comunica ao marido a decisão de parar de trabalhar. Como o casal já conquistou um patrimônio e uma boa poupança, ela decidiu pedir demissão e dedicar mais tempo ao neto e a viagens com as amigas. Deveria o marido dizer que, em nome da estatística de igualdade de gênero, a mulher tem de continuar no trabalho? Pois parte da desigualdade se explica pela menor vontade das mulheres em vencer na carreira. Uma pesquisa da Whirlpool, dona das fábricas de geladeiras Brastemp e Consul, constatou que apenas 19% das funcionárias da empresa sonham ser diretoras, enquanto 32% dos homens têm esse objetivo.

As mulheres têm todo o direito de exigir um salário igual ao de homens no mesmo cargo e com a mesma experiência e carga horária. Mas, como muitas pesquisas já mostraram, pelo menos três quartos da diferença de salários têm a ver com diferenças de perfil e de escolhas  profissionais. Para melhorar a estatística, seria preciso tornar as mulheres menos livres.

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ATUALIZAÇÃO: o primeiro título deste post, “É realmente interessante para as mulheres ganhar o mesmo que os homens?”, causou mal-entendidos e protestos. Por isso mudei para o título atual. Neste adendo, faço outros esclarecimentos.

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