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Em detalhes, a cobertura da Copa do Mundo de 2018
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Opinião: ao calar-se diante dos microfones, Neymar reforça sua “molecagem”

Ao passar reto diante dos jornalistas que o aguardavam na zona mista em Kazan, o camisa 10 da seleção brasileira reforça o estereótipo do garoto mimado

Por Alexandre Salvador Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 jul 2018, 13h34

Acabo de ler o que disse Edu Gaspar neste sábado, um dia após a eliminação da Copa do Mundo. O ex-jogador e coordenador da seleção brasileira declarou antes de deixar a Rússia que não é fácil ser Neymar: “É difícil estar na pele dele em alguns momentos”. Para justificar sua avaliação, Edu citou a lealdade e a ética de trabalho de seu camisa 10. “Foi o atleta que menos reivindicou alguma coisa. Não fez pedidos especiais e cumpriu com todas as normas da delegação”, completou o dirigente.

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É claro que há verdades nas declarações do coordenador da equipe brasileira. Neymar é, de longe, o personagem mais visado do futebol mundial. Ao buscar a posição de protagonista seja em seu clube ou dentro da seleção, é natural que os olhares se direcionem a ele. Dada a qualidade de seu futebol, seria um desperdício não explorar todo o seu potencial. O problema é que o talento com a bola nos pés não se repete na forma de se comunicar. Nas palavras de quem o viu muito de perto durante essa campanha na Rússia, o atacante “ainda não amadureceu totalmente, tem muita molecagem ainda.” Ainda na visão desta mesma pessoa, “as críticas vão cessar no dia em que ele (Neymar) der uma entrevista contundente, falando como homem.”

Pois bem, o jogador de 26 anos não seguiu nenhuma dessas sugestões. Quando se manifestou, foi grosseiro. Depois do gol marcado contra a Costa Rica, escolheu as redes sociais para vociferar sua raiva, sugerindo que até “papagaio” fala. Se as críticas que sofre são 100% fundamentadas ou não, é uma outra história. Após a partida contra o México, descontou as pancadas físicas (sim, ele apanhou muito nesse Mundial) com uma resposta atravessada: “Os mexicanos falaram demais antes da partida e foram embora para casa” – a provocação foi devolvida na mesma moeda depois de selado o destino no Brasil nas quartas. Quase três horas mais tarde da eliminação frente a Bélgica, o camisa 10 passou em silêncio pela zona mista, tanto na área da imprensa escrita quanto pelas câmeras de televisão. A jornalista italiana Francesca Benvenuti, da emissora Mediaset Premium, ainda insistiu. Lançou uma palavra, em tom condicional. “Tristeza?”, assim mesmo em português. Neymar ouviu e preferiu ignorar. No sábado, usou novamente o Instagram para se posicionar (leia a mensagem abaixo):

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Posso dizer que é o momento mais triste da minha carreira, a dor é muito grande porque sabíamos que poderíamos chegar, sabíamos que tínhamos condições de irmos mais além, de fazer história .. mas não foi dessa vez. Difícil encontrar forças pra querer voltar a jogar futebol, mas tenho certeza que Deus me dará força suficiente pra enfrentar qualquer coisa, por isso nunca deixarei de te agradecer Deus, até mesmo na derrota… porque eu sei que o teu caminho é muito melhor do que o meu 🙏🏽❤️ Muito feliz em fazer parte desse time, estou orgulhoso de todos, interromperam nosso sonho mas não tiraram da nossa cabeça e nem dos nossos corações 🙏🏽❤️ . . . 📷 @nogueirafoto

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Sabe quem deu uma “entrevista de homem”, como bem sugeriu o interlocutor da seleção? Gabriel Jesus. Sim, o mais jovem (ele, sim, é um garoto) e um dos mais questionados membros do grupo escolhido por Tite teve postura surpreendentemente madura após o fim de sua primeira Copa. Visivelmente chateado, não se escondeu e respondeu a todos os questionamentos feitos pelos jornalistas que esperaram pacientemente mais de duas horas pela passagem dos protagonistas do jogo. VEJA perguntou se a dificuldade do torneio havia o surpreendido. Olhando no olho, sem se esquivar, Gabriel confirmou. “Logo no primeiro jogo percebi que era diferente. É gigante, muito complicado.” Quase cinco anos mais novo que Neymar, o camisa 9 teve postura a altura da posição que ocupa na equipe. E se mostrou brutalmente humano, colocando dúvidas sobre o impacto dessa derrota em sua carreira. “Tenho até medo do que possa acontecer. Tenho medo da confiança ir embora. É difícil”, finalizou Gabriel.

Não acredito que a reação tão visceral é justificada. É “apenas” sua primeira Copa do Mundo, e Gabriel tem todas as condições de usar esse aprendizado para se fortalecer mentalmente e tecnicamente. Mas a atitude de “homem” – e, por favor, entenda o termo como uma metáfora de maturidade, não de gênero – que sobrou a Jesus faltou por completo em Neymar. Para a molecagem acabar, talvez seja necessário para de dourar a pílula para o jogador mais midiático do futebol mundial. Tite aceitou tomar chumbo mesmo quando o questionamento não era para ele, em nome de ganhar a confiança de seu principal jogador. E o camisa 10 não retribuiu o gesto, calando-se e escondendo-se atrás de declarações dedilhadas num celular.

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