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‘Segundo Sol’: associação processa Globo por falta de negros em trama

Ângela Guimarães, presidente da Unegro, explica que momento histórico exige uma nova postura das televisões em relação à representatividade

Por Dagmar Serpa
Atualizado em 23 Maio 2018, 15h58 - Publicado em 23 Maio 2018, 12h43

Depois de uma saraivada de críticas e uma campanha na internet contra a inexpressiva participação de negros na nova novela da Rede Globo, Segundo Sol, que estreou no dia 14 de maio, uma ação judicial cobra mudanças no elenco do folhetim para que reproduza a divisão étnica presente na Bahia, palco da trama e onde 76% da população é autodeclarada preta ou parda.

A iniciativa é da União de Negros pela Igualdade (Unegro), entidade com trinta anos de ativismo contra a discriminação racial. “A novela tem tudo da Bahia, menos os negros. Vamos ver até quando a Globo vai querer sustentar uma Bahia branca”, desafia a socióloga Ângela Guimarães, presidente da entidade. Filiada ao PCdoB, ela também é chefe de gabinete na Secretaria do Trabalho do estado.

Não é a primeira medida de caráter oficial contra a produção. O Ministério Público do Trabalho também havia enviado uma recomendação para que a novela respeitasse a diversidade racial de Salvador, onde a história é ambientada. Em mea-culpa, a Globo admitiu “representatividade menor do que gostaria”. Sobre a ação movida pela Unegro, a emissora disse que ainda não foi notificada.

Por que entrar com uma ação contra a Globo?
Vem das denúncias que o movimento negro já faz há décadas da ausência de representatividade negra na televisão brasileira. Agora, estamos falando especificamente de uma novela da Rede Globo que se passa na Bahia. Mas a gente pode estender para o conjunto da programação das TVs. Porque a gente não vê os cerca de 54% de população negra do país refletidos nos apresentadores de telejornais, nos repórteres, nos personagens das novelas.

Qual o resultado esperado?
Queremos a incorporação da real proporcionalidade da população negra do estado no elenco da novela. Nós queremos 80% de negros. Esse é o nosso vetor da mobilização. Quando for no Sul do país, a gente aceita ser 12%, 15%, 20%. Mas, sendo na Bahia, em Salvador, onde cada poro da cidade respira a herança africana, desejamos ser 80%, que é quanto nós somos aqui.

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Quais outras medidas serão tomadas?
Não vou poder dizer tudo porque tem um efeito-surpresa. Queremos fazer uma série de audiências públicas. A primeira delas aconteceu na segunda-feira (21), quando a Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] nos recebeu na sede da Bahia. Foi um momento de escuta e de diálogo com a sociedade. Vamos fazer um ajuntado com a peça da ação civil pública da Unegro, as recomendações para inclusão de diversidade na TV do Ministério Público do Trabalho. Também faremos visitas a outras emissoras.

Por ser uma peça de ficção, a novela deveria entrar nessa discussão? Não é uma interferência na liberdade criativa?
Essa parcela do senso comum vai continuar existindo sempre, enquanto a gente não tiver um processo mais largo de uma educação emancipadora e crítica da população. O que apostamos com essa ação civil pública, e estamos ganhando nesse sentido, é que há um crescente movimento de conscientização. A maioria da população, por exemplo, era contra as cotas nas universidades. Hoje, já é a favor e compreende como reparação. Quanto a essa história de liberdade de criação, há contradição. Por que essa liberdade não inclui negros nas tramas? Será que somos tão invisíveis assim?

Receia algum impacto negativo à Bahia nas próximas produções?
Entre as poucas novelas que retratam a Bahia, 90% delas fazem isso de forma estereotipada. Porque nós não nos reconhecemos naquele sotaque, nos estereótipos da baiana brejeira, sensual e sempre disponível para o sexo, do baiano preguiçoso ou do malandro. Não nos reconhecemos nessas tramas. O que nós queremos é, de forma educativa, levar a Globo e outras televisões brasileiras a compreenderem que vivemos outro momento histórico, no qual a maioria da população já se autodeclara negra e há uma explosão de movimentos de afirmação dessa negritude. Queremos trazer as televisões para o século XXI.

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