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Em Salvador, agentes de trânsito reclamam de ‘onda’ de agressões

Desde o início do ano, capital baiana registrou dezessete episódios de hostilidades contra fiscais praticados por motoristas insatisfeitos com multas

Por Dagmar Serpa
Atualizado em 11 Maio 2018, 18h18 - Publicado em 11 Maio 2018, 16h35

Não faltam sinais de que o clima entre os agentes da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) e os motoristas da capital baiana anda mais quente do que a tensão habitual. Episódios de violência explícita contra esses profissionais têm se multiplicado na cidade em resposta às autuações. Só este ano, foram registrados dezessete casos de agressão contra agentes em serviço — quase metade das quarenta ocorrências em todo o ano passado. Os números são da Associação dos Servidores em Transporte e Trânsito do Município (Astram).

No último sábado, na movimentada área do Rio Vermelho, orla marítima de Salvador, um homem reagiu à notificação de um agente com facão em punho. Outro levou socos e pontapés no estacionamento de um supermercado depois de aplicar multa por ocupação indevida de uma vaga especial. Em abril, uma motorista irritada com uma autuação deu um banho de tinta que queimou partes do corpo de um fiscal.

Não se passaram nem dez dias entre os casos. A frequência leva o presidente da Astram, André Camilo, a se referir aos episódios como “uma onda” de ataques. Entre as reações, a entidade organizou protesto para pressionar os vereadores a votarem logo um projeto de lei que permitiria o uso pelos agentes de armas não letais, como cassetetes, dispositivos de choque e spray de pimenta. Em nome da “paz”, a decisão foi não submeter o projeto ao plenário da Câmara, contrariando as expectativas dos profissionais.

O caso da tinta atiçou comentários de apoio aos agressores. Em publicações na internet, o tom de algumas das opiniões ia de “bem feito” e “acho é pouco” a afirmações sobre a arrogância dos agentes. “As pessoas se pronunciam assim diante dos casos de violência e ficam rindo”, lamenta Camilo. “Então, o agente sofre danos físicos e psicológicos também.” A animosidade latente, que parece sempre pronta a explodir, surge em conversas banais com motoristas.

Do lado de quem dirige, é comum a queixa de que existem excessos nas autuações de trânsito da cidade. Alguns que se sentem injustiçados põem a culpa na “indústria da multa” — expressão recorrente para descrever uma suposta sanha arrecadatória do poder público. Outros argumentam que nem sempre a sinalização é clara, principalmente em casos de mudança de velocidade. O superintendente da Transalvador, Fabrizzio Müller nega falhas no setor e argumenta que o volume de autuações vem caindo: até abril de 2018 foram aplicadas 261.622 multas, contra 309.116 nos primeiros quatro meses de 2017. 

Imagens

Para a proteção dos agentes, o superintendente cita uma ferramenta que já existe: um botão de pânico instalado no celular, que pode ser acionado caso se sintam ameaçados. Müller também diz que instruções de defesa pessoal e gerenciamento de stress são realizadas para ajudar o profissional a lidar com conflitos. O desejo é intensificá-las. Ele ainda anuncia para “breve” o início da etapa-piloto de um projeto de instalação de câmeras presas ao corpo dos agentes. O equipamento filmará o trabalho em tempo integral e as imagens serão armazenadas no fim do dia.

“Um objetivo é proteger a integridade física dos agentes, até porque as pessoas se sentem inibidas quando estão sendo filmadas”, diz Müller. Outra finalidade seria “legitimar” a própria fiscalização do agente, deixando tudo sempre registrado. Tanto Müller quanto Camilo concordam que uma ação primordial, talvez a que tenha maior potencial para acalmar ânimos exaltados, é a adoção de estratégias para melhorar a imagem dos agentes.

“As pessoas precisam lembrar que ali está um pai de família trabalhando”, diz o superintendente da Transalvador. O presidente da Astram conclui a defesa: “Além de fiscalizar e multar, trazemos benefícios para a população, como atuar em porta de escola ou remover um veículo que está empatando a passagem na calçada”. A julgar pelo atual clima tenso, pode demorar a surtir efeito.

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