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Por Coluna
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“Você pode trocar Lula por linhaça” e outras notas

O ex-presidente é a estrela de um festão provinciano que dá palanque a quem transforma funeral em comício e jamais se levantaria da tumba moral onde jaz

Por Valentina de Botas
Atualizado em 30 jul 2020, 20h35 - Publicado em 25 jan 2018, 07h12

Valentina de Botas

João Santana e Mônica Moura esclareceram à Polícia Federal o esquema ilegal do PT para pagar no exterior as campanhas eleitorais, inclusive as da companheirada estrangeira, mostrando o caminho para a punibilidade, extinção do PT e investigação de Dilma Rousseff, ainda presidente da Corruptolândia Brasilis, por obstrução da investigação porque avisou os marqueteiros que eles seriam presos. Informação obtida, no seio da Lava Jato, por José Eduardo Cardozo naqueles bons tempos de 2015, quando ninguém queria acabar-com-a-Lava-Jato, foi só depois do impeachment que esta onda começou ou, ao menos, é o que informa a ala blogueira do MPF que nada fazia porque não conhecia o Twitter e que, hoje, utiliza o limite de 280 caracteres para condenar os ataques de lulopetistas à Justiça e ainda sobram 280 caracteres.

O conjunto acachapante de detalhes documentados por Feira e Mônica teve seu sigilo retirado pelo ministro Edson Fachin em abril, desde então o processo está parado no STF porque os espertos Janot e MPF preferiram derrubar o mordomo reformista. Na pressa, esqueceram as leis e deformaram a lógica. Os brasileiros exaustos que, entre ser esbulhados por um bando ou por outro, preferimos a civilização, comemoramos o combate à roubalheira e acreditávamos que de um power-point para uma cela, Lula pavimentava uma trilha iluminada com passos firmes que levariam qualquer cidadão à cadeia. Mas a porção espertalhona da Lava Jato preferiu linhaça e, hoje, Lula é a estrela de um festão provinciano, com transmissão pela TV, que dá palanque e importância a quem transforma funeral em comício e jamais se levantaria da tumba moral onde jaz.

A imprensa cumpre seu dever de cobrir a efeméride cafona, mas foi apenas um recurso de um processo numa procissão de outros embora a grandiloquência injustificável do circo fazia parecer que é um estadista de 72 anos com tesão de 20 quem teria o recurso julgado, quando se trata de um farsante miserável cuja libido mafiosa foi revelada numa cornucópia de provas e testemunhos e realizada no aprofundamento de todas nossas velhas mazelas e na criação de novas.

Chego a uma constatação com a qual só consigo lidar usando a pena do sarcasmo e a tinta da melancolia: ao lado dos acertos da Lava Jato que nos levou a sonhar com o pilar da civilização que iguala a todos perante a lei, o dono da Corruptolândia resta mais igual do que os outros. Paradoxalmente, a contundência do 3 a 0 para o Brasil no TRF-4 também faz do perdedor na Justiça um vitorioso político porque o patrocinador da nossa ruína institucional, econômica e moral não teve sequer o passaporte apreendido. Vitorioso político, entenda-se, não eleitoral necessariamente. Ainda que Lula jamais tenha cogitado que seria sequer investigado, tampouco condenado, e que, portanto, no fundo talvez ele se perceba derrotado, o que nutre um farsante não são suas verdades íntimas, mas a farsa. Quando ouço Lula falar, sempre em campanha, me sinto suja de sua voz roufenha ainda pautando o noticiário e ultrajada por sua liberdade que sustentam a farsa.

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Longe de mim querer assombrar o infantilismo político de alguns, só lembro que Lula continuará solto e o PT impune; em fevereiro Luiz Fux, admirador de Janot e Joesley, vai presidir o TSE e organizar as eleições com a única preocupação em combater as tais notícias falsas (logo ele, que usa peruca!);  e que em agosto Fux será sucedido por Rosa Weber, a amiga de Dilma que confunde alínea com inciso e estará à frente do TSE na talvez mais delicada eleição do Brasil redemocratizado, com um novo formato de financiamento e submetida à judicialização aguda. A ministra é a mulher certa no lugar certo para dar porcaria. Neste ínterim, o chefe máximo da Corruptolândia poderá solicitar registro de sua candidatura neste TSE somente porque parte da Lava Jato, ao preferir linhaça, degenerou o combate aos crimes na política em combate à atividade política.

 

Assassinato diário de Montesquieu

Prerrogativa do presidente da república, separação dos poderes? Isso é para os fracos. Só faltou à ministra Cármen Lúcia, para requintar o novo assassinato de Montesquieu, usar uma frase demagogo-literária do direito achado em para-choques de caminhão nesta loucura institucional com método. Método de fechar o caixão da desvitalizada reforma da previdência. Ao se apropriar de uma prerrogativa do Executivo, impedindo a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) no Ministério do Trabalho, Cármen Lúcia causa dano maior do que a escolha equivocada de ministros porque a ruindade destes é até esperada nesta quadra histórica tristonha, o que não se espera é o baguncismo institucional de legisladores togados.

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Michel Temer quis implementar o tal Ministério de notáveis, mas poucos toparam. Ainda que haja atraído excelentes nomes (como Henrique Meirelles, Sérgio Sá Leitão e José Mendonça), o presidente se virou como pôde. O Ministério do Trabalho sem um chefe permanece tão dispensável quanto antes e a realidade se impõe por todos os lados – Cristiane é uma nulidade técnica como reais também são a legitimidade e a necessidade da indicação política no modelo esgotado do presidencialismo brasileiro. Assim, Roberto Jefferson decidiu que a filha é politicamente relevante para a reforma e o Judiciário, que não foi eleito para nada, ajudaria se obedecesse a limites constitucionais e não tentasse chefiar o Executivo. Ter de escrever isso atesta que somos um país errante. O berreiro contra-tudo-o-que-está-aí faz inaudível a voz da razão: o Brasil tem outra agenda além da policial, chama-se agenda política, não exclui a policial, deve ser implementada por políticos e é dramaticamente urgente; se não for cumprida, os ganhos com a agenda policial evaporam. A presidente do STF alinha o desequilíbrio institucional a um rascunho bananeiro de país e traduz o combate à atividade política no lugar do combate aos crimes na atividade política, ao mesmo tempo em que consolida indevidamente o Judiciário como ator político. Sim, Tom Jobim, o Brasil é muito longe; pobre nação, tão perto dos juízes e tão longe das leis.

 

O rio da aldeia de cada um

Sem pressa, há tempo para o espectador se intrigar com extraterrestres colhendo amostras de plantas antes da chegada de um grupo de crianças que os assusta e os faz fugir deixando para trás a criatura cativante de tão feinha e que só queria voltar para casa. São 8 minutos até que se estabeleça o primeiro diálogo do filme, aí se completam quase 2 horas de encantamento: há 35 anos, em 22 de janeiro de 1983, ET estreava. Revi pela primeira vez há uns 20 anos com afilhados; a segunda vez, há 10, com minha sobrinha; há 5 anos com minha filha. O conto de amizade, solidariedade, estranhamento e pertencimento me parece cada vez mais encantador.

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