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Valentina de Botas: “Caetanear” e outras notas

A política não é lugar de puros ou santos – felizmente –, mas de princípios ancorados no estado de direito democrático

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h44 - Publicado em 29 set 2017, 19h02

Tão bonitinha a ignorância assim vestidinha de indignação

Pena que ignorância continue sendo. Frases lacradoras ancoradas em manchetes que, por sua vez, são produzidas pelo jornalismo preguiçoso na melhor das hipóteses, têm substituído a reflexão. No caso da reserva mineral (des)conhecida como RENCA, o governo foi acusado de não saber se comunicar, de não esclarecer a sociedade e tal. De fato, o governo Temer não se destaca pela clareza na comunicação, mas nem a melhor assessoria de comunicação do mundo resiste à má fé de manchetes que omitem o esclarecedor “mineral”: uma reserva na Amazônia foi extinta, fogo na floresta! Mariana Schreiber, repórter da BBC Brasil, resistiu à sedução da ignorância voluntária e conversou com pesquisadores conhecedores da área. A matéria está neste link para quem tenta colocar os cornos pra fora e acima da manada foratemerista. Que artistas-e-modelos manifestem sua opinião sobre o que não entendem e falem de uma imaginária Amazônia intocada até Temer assumir, tudo bem, o problema é serem levados a sério, e revogar o decreto não foi apenas um erro estratégico quanto à exploração mineral em si, mas também um dos erros políticos de um presidente enfraquecido pelas tentativas incessantes de o enfraquecer: nem apaziguará os críticos – sejam os honestos, sejam os conspiradores, sejam os ignorantes indignados – e frustra os 3,4% que o aprovam (continuo nesta conta, só lembrando). O Brasil, começo a pensar, é sim para amadores.

 

Caetanear

Há alguns dias, Deltan Dallagnol foi a um sarau na casa de Caetano Veloso em que foi sabatinado e, ufa!, aprovado por Paulinha. Não sei se caetanear estava na agenda do blogueiro do MPF, mas, de tanto fazer politicagem para combater políticos em vez de cumprir a lei para combater bandidos, acabou parecido com o que combateu: um político, e não dos melhores. Ainda há quem insista na adoração a esses políticos disfarçados de agentes da lei no vale-tudo pelo “fora, Temer” e fazem deles intocáveis como os lulistas fazem com Lula ou bolsonaristas fazem com Bolsonaro. Em artigo brilhante desta segunda-feira, Guilherme Fiúza aborda o fenômeno com a lucidez sarcástica habitual e resume: igreja é igreja. Temer é santo? Claro que não e a única igreja reservada a ele é a assembleia permanente do reino global do foratemerismo (expurgando também os apoiadores oficiais do governo e os 3,4% que o aprovam). Ora, a política não é lugar de puros ou santos – felizmente –, mas de princípios ancorados no estado de direito democrático. Porém, o mais puro analfabetismo político e a santa ignorância quanto à democracia e ao estado de direito reinantes hoje aplaudem o desrespeito às leis pretextando cumpri-las e a desinstitucionalização pretextando fortalecer as instituições. Caetanear, o que há de bom?

 

Primitivismo, obra contínua

A devastação que o petismo e congêneres trouxeram à institucionalidade e ao decoro, à eficiência e à honestidade do exercício das funções públicas frutificará por muito tempo. A Constituição proíbe que um presidente seja processado por atos anteriores ao exercício do mandato. Baseado nisso, Janot não denunciou Dilma Rousseff pela compra criminosa de Pasadena efetuada anteriormente ao mandato; baseado nisso, Janot apresentou a segunda denúncia – ainda mais miseravelmente inepta do que a primeira – contra Temer por crimes efetuados anteriormente ao mandato. Foi o único modo de o ex-procurador associar o presidente ao tal quadrilhão do PMDB que congrega patriotas do tipo Geddel Vieira Lima, aquele dos R$51 milhões inquilinos de um apartamento. A denúncia baseada na delação de Lúcio Funaro – o doleiro que conta tudo o que não viu, mas jura que ouviu Eduardo Cunha dizer que viu – coloca a grana como uma das estrelas da coisa e, ruim de doer, sequer cita Gustavo Ferraz, um advogado que está preso acusado de transportar a grana toda. A precariedade da segunda denúncia talvez salve o mandato de Temer, mas alcança o propósito de o debilitar, inviabilizando as reformas que a elite do funcionalismo público detesta e mantendo a atmosfera tóxica que favorece opções radicais em 2018 para que o primitivismo, essa obra contínua, aclame o inexistente salvador-da-pátria que o perpetuará.

 

STF fora da casinha

Afastar um senador do mandato é prerrogativa exclusiva do Senado segundo a Constituição (art. 53), seja Aécio Neves o bandido que for. Se o STF não se pautar pela lei, pauta-se por politicagem, uma realidade sinistra. Foi o que fez o trio dilmista – Rosa Weber que continua sem saber a diferença entre alínea e caput; Barroso, o militante do PSOL cheio do constitucionalismo-do-Leblon; e Fux (o voto mais repulsivo e repugnante), o queridinho do MST. Não há o que comemorar só por ter sido contra “um-político-ladrão”: se vale desrespeitar a lei contra ele, vale para contra qualquer cidadão e em qualquer caso, de brigas de trânsito ou de vizinhos a decisões que envolvam contratos e negócios. Está aberta a porta para a instabilidade jurídica, com a qual um país sóbrio não deve flertar. No caso de Aécio Neves, o Senado pode e deve reverter a decisão injustificável  – não, não será impunidade, ao contrário do que gritará o berrante que toca a manada –, mas em outros, não. O país conta com as autoridades para cumprir a lei, pois, para afrontá-la estamos até-aqui-ó de meliantes e a cretinice histérica, que comemora outra rasteira na Constituição porque o STF estaria limpando a política, precisa saber que, na democracia, isso é prerrogativa exclusiva do eleitor. Ademais, um STF, com 11 integrantes engajados em embates ideológicos que rebaixam a corte em vez de proteger a Constituição, clama, ele mesmo, por limpeza. Moralismo acima da lei é imoral, autoritária perversão manipuladora que cedo ou tarde vitima quem o acolheu.

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Marmelada de banana, bananada de marmelo: Plano Collor de FHC, Plano Real de Sarney

O serviço porco da defesa milionária de Lula ao apresentar recibos implausíveis comprova que os melhores defensores da súcia floresceram em outro solo: na imprensa, na intelectualidade fora e dentro da academia, na oposição maricas, na maioria parte da classe artística, nos empresários cooptados e nos que queriam sê-lo. Fomos governados 13 anos por uma gente incompetente até para defender a própria pele e os protetores dela ainda conseguem sustentar a metafísica vigarista de que o Brasil está pior agora do que sob Dilma. Os números da economia melhoram, mas, para vender notícia, especular no mercado financeiro, satisfazer apetites políticos derrubando ilegalmente o governo ou simplesmente não soar dissonante do coro, nega-se o mérito de Temer. Sem enrubescer, alguns afirmam que a política se descola da economia, como se esta se desse no vácuo e como se não apontariam em Temer o culpado fossem os números ruins. Economia não se dá ou se recupera no vazio, mas num desenho político que a favoreça, traçado sobretudo pelo presidente. Não é por outra razão que Sarney é sinônimo do fracassado Plano Cruzado, Collor é ligado ao Plano de mesmo nome de triste memória, Itamar Franco e FHC são indissociáveis da pausa lúcida e revolucionária que significou o Plano Real, Lula atrelou sua imagem aos frutos tardios do Plano Real, Dilma desgraçou o país e é o presidente Michel Temer quem está tentando trazê-lo à superfície para, ao menos, respirar.

 

Carta de Palocci

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O PT merece a extinção por absoluta incompatibilidade com a democracia e o estado de direito.

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