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Ricardo Noblat: ‘Anão diplomático – O Brasil de Dilma e Lula’

Publicado no Blog do Noblat RICARDO NOBLAT Que alma corajosa se oferece para aconselhar a presidente Dilma a renovar seu vocabulário, começando por descartar lugares comuns do tipo “Não ficará pedra sobre pedra” e “Doa em quem doer”? Lugares comuns arranham os ouvidos. E com frequência se voltam contra os que gostam de usá-los. Um […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 02h04 - Publicado em 23 fev 2015, 14h36

Publicado no Blog do Noblat

RICARDO NOBLAT

Que alma corajosa se oferece para aconselhar a presidente Dilma a renovar seu vocabulário, começando por descartar lugares comuns do tipo “Não ficará pedra sobre pedra” e “Doa em quem doer”? Lugares comuns arranham os ouvidos. E com frequência se voltam contra os que gostam de usá-los. Um exemplo? “Não ficará pedra sobre pedra” da política externa brasileira depois da passagem de Dilma pelo poder.

Forcei a barra? Tentarei ser mais justo: não ficará pedra sobre pedra da política externa brasileira depois da passagem de Lula e Dilma pelo poder. Melhor assim? Este gigante econômico e cultural, chamado de “anão diplomático” em julho do ano passado pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, sempre contou com uma das diplomacias mais respeitadas e bem-sucedidas do mundo.

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Há farto conhecimento adquirido com aplicação e afinco. Relativa grandeza. E coerência política secular. Tamanho patrimônio, infelizmente, repousa, hoje, quase esquecido nos subterrâneos do Itamaraty. O retrato de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira, ainda enfeita paredes de gabinetes acarpetados. Mas como dói observá-lo.

Na semana passada, com muitos quilos a menos, mas sem ter perdido um grama de arrogância, Dilma emergiu do carnaval disposta a ocupar por todos os meios o espaço que a mídia costuma lhe oferecer com generosidade. E assim foi. Sem pejo, remeteu ao governo Fernando Henrique Cardoso a origem da roubalheira na Petrobras, que só se tornou sistêmica a partir de 2003.

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E como se não bastasse tal agressão à verdade, resolveu brigar com um país situado do outro lado do mundo – a República da Indonésia, um arquipélago com mais de 17 mil ilhas. No momento, a Indonésia deveria ser o último país com quem o Brasil almejasse a arranjar briga. Ali, em 17 de janeiro último, o brasileiro Marcos Archer, um traficante de drogas, foi executado a tiros.

Archer havia sido preso há 10 anos, julgado e condenado à morte. A legislação da Indonésia contra a droga é uma mais rígidas do mundo. Dilma empenhou-se em salvar a vida de Archer. Reagiu à sua morte chamando de volta o embaixador do Brasil por lá. Era tudo o que não deveria ter feito – afinal, há outro brasileiro na Indonésia condenado à morte por tráfico de droga.

Se havia uma tênue esperança de que à diplomacia fosse possível evitar um segundo fuzilamento, ela se dissipou com outra decisão desastrosa tomada por Dilma na última sexta-feira. Novos embaixadores de outros países estavam reunidos no Palácio do Planalto para apresentar suas credenciais a Dilma. Pela ordem, o primeiro deles seria o embaixador da Indonésia.

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Uma vez cumprido o rito, o embaixador desceria a majestosa rampa do palácio, entraria no seu carro e iria embora. Não foi o que aconteceu. No último minuto, o ministro das Relações Exteriores do Brasil chamou o embaixador para uma conversa a sós. Comunicou que Dilma não receberia mais suas credenciais. O embaixador saiu humilhado pela lateral do palácio. A Indonésia foi humilhada na figura dele. E para quê? Para quê? Para Dilma parecer forte e aguerrida aos olhos dos seus governados? Pareceu estabanada, como sempre. Imprudente. Adepta de jogadas vagabundas de marketing.

Saca o Estado Islâmico – aqueles loucos que degolam e incineram pessoas? Pois é: Dilma já recomendou que se dialogasse com eles. A Venezuela deixou de ser uma democracia há muito tempo. Para fazer parte do Mercosul, um pais tem que ser democrático. Dilma faz de conta que ainda existe uma democracia na Venezuela, onde o governo prende e arrebenta a oposição e libera o Exército para que reprima manifestações à bala. Na guerra entre judeus e palestinos, Dilma tomou partido dos últimos. E para que não restem dúvidas sobre isso, no ano passado chamou de volta o embaixador do Brasil em Israel.

O Congresso do Paraguai depôs em junto de 2012 o presidente da República Fernando Lugo. Aí o Brasil juntou-se à Argentina e à Venezuela para suspender o Paraguai do Mercosul. Seis anos antes, na Bolívia, o presidente Evo Morales usou o exército para ocupar as instalações da Petrobras no país depois de ter nacionalizado a exploração de petróleo e gás. Mais tarde, dobrou o preço do gás vendido ao Brasil. O então presidente Lula nada fez. “Queriam que eu invadisse a Bolívia?”, debochou como de hábito.

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Na Era PT, definitivamente os interesses superiores do país deixaram de orientar nossa política externa. Cederam a vez à ideologia pessoal do governante da ocasião. Pobre barão do Rio Branco. Pobres de nós.

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