Quem acha que FHC vai candidatar-se a algum cargo também acredita que o Papa quer ser deputado na Argentina
Presidente da República por oito anos, Fernando Henrique Cardoso vai participar ativamente da campanha do senador Aécio Neves. Mas não será candidato a nada, como acaba de informar ao meu irmão Ricardo Setti. Aos 82 anos, depois de ter vencido Lula duas vezes no primeiro turno, ele já figura entre os raríssimos estadistas nascidos num […]
Presidente da República por oito anos, Fernando Henrique Cardoso vai participar ativamente da campanha do senador Aécio Neves. Mas não será candidato a nada, como acaba de informar ao meu irmão Ricardo Setti. Aos 82 anos, depois de ter vencido Lula duas vezes no primeiro turno, ele já figura entre os raríssimos estadistas nascidos num deserto de bons governantes. Só embarcam numa invencionice desse porte jornalistas que não conhecem FHC ou vigaristas ainda em liberdade. Logo algum ruifalcão estará jurando que o PSDB se recusou a incluir na chapa liderada por Aécio o homem que está para Lula como a kriptonita verde para o Super-Homem.
Entre os ex-presidentes da República, Fernando Henrique é o único que sabe comportar-se como tal. Sem renunciar ao dever de interferir positivamente nos destinos do país, FHC lê (e pensa) muito, escreve livros e artigos, acompanha atentamente os problemas do Brasil e do mundo, monitora a agenda de um instituto exemplar, participa da direção de entidades internacionais que buscam soluções para pendências seculares, é um dos mais valorizados palestrantes do planeta ─ e ainda consegue tempo para simplesmente viver. Lula, José Sarney e Fernando Collor não sabem o que é isso. Consomem as 25 horas do dia em miudezas eleitoreiras, missas negras, negociatas políticas e manobras ignóbeis.
Não há semelhanças entre FHC e essa trinca. Achar que aceitaria candidatar-se a qualquer cargo eletivo faz tanto sentido quanto acreditar que o sonho do papa Francisco é virar deputado na Argentina.