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Para sepultar o sonho presidencial de Serra, Lula ressuscitou a oposição

“Eu gostaria de uma eleição plebiscitária, ou seja: nós contra eles, pão pão, queijo queijo”, desafiou em outubro de 2009 o mais presunçoso dos presidentes, em êxtase com taxas de popularidade anabolizadas por comerciantes de porcentagens. Bastaria ensinar ao país que Dilma Rousseff era o codinome com que disputaria a própria sucessão para que o […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 13h45 - Publicado em 1 nov 2010, 22h25

“Eu gostaria de uma eleição plebiscitária, ou seja: nós contra eles, pão pão, queijo queijo”, desafiou em outubro de 2009 o mais presunçoso dos presidentes, em êxtase com taxas de popularidade anabolizadas por comerciantes de porcentagens. Bastaria ensinar ao país que Dilma Rousseff era o codinome com que disputaria a própria sucessão para que o jogo começasse com o placar já assinalando 80% a 4%. Um oceano de brasileiros felizes contra a poça de insatisfeitos profissionais, imaginou o campeão da bazófia. A goleada estava garantida.

“A maior obra de um governo é eleger o sucessor”, avisou Lula em fevereiro passado, quando abandonou o emprego para virar animador de palanque fora-da-lei. Nos oito meses seguintes, o chefe de Estado reduzido a chefe de facção atropelou a Constituição, debochou da Justiça Eleitoral, afrontou o Ministério Público, zombou dos adversários, fez o que pôde e tudo o que não podia para impor ao país a vontade do monarca.

Para transformar em herdeira uma formidável nulidade, o presidente de todos os brasileiros açulou a radicalização maniqueísta, abençoou a beligerância das milícias, colocou a administração federal a serviço de uma candidatura, protegeu os estupradores de sigilo fiscal, aplaudiu a produtividade da usina de dossiês e redimiu previamente todos os pecadores para conseguir o que queria. Ganhou a eleição. Mas o Lula que vai deixando o governo é ainda menor do que o que entrou. E não foi pouco o que perdeu.

O país redesenhado pelas urnas do dia 31 informa que a estratégia do “nós contra eles” foi uma má ideia. Disfarçado de Dilma Rousseff, Lula sepultou os sonhos presidenciais de José Serra. Mas ressuscitou, com dimensões especialmente impressionantes, a oposição que não houve em seus oito anos de reinado. No mundo dos ibopes e sensus, os que não se ajoelham no altar do Primeiro Companheiro nunca ultrapassaram a fronteira dos 5%. Sabe-se agora que, nas urnas, 5% são 45%. Disseram não a Lula 43.711.388 brasileiros. Somados os que se abstiveram, anularam o voto ou o deixaram em branco, 80.050.565 ignoraram a determinação do reizinho.

Popularidade não rima com voto, reiterou a paisagem eleitoral. No Brasil das pesquisas, Lula vai beirando os 100% de aprovação (ou 103%, se a margem de erro for camarada). Na vida como ela é, a unanimidade foi rebaixada a 56% dos votos válidos. Dilma venceu na metade superior do mapa (veja ilustração acima). Foi derrotada na outra. Em lugarejos perdidos nos grotões, ganhou muito bem. Perdeu feio em regiões especialmente desenvolvidas.

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Os candidatos do PSDB foram vitoriosos no Paraná, em São Paulo, em Minas Gerais, no Tocantins, no Pará, em Alagoas, em Roraima e em Goiás. Como o DEM venceu em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte, a oposição vai governar 53% do eleitorado e a maioria da população brasileira. O Brasil insatisfeito é infinitamente maior que Serra, muito mais combativo que o PSDB. E está disposto a resistir energicamente ao prolongamento da Era da Mediocridade.

Se o PSDB não assimilar a partitura composta pela resistência democrática, que destaca enfaticamente valores éticos e morais, vai perder o bonde da história. Os eleitores que não compraram a dupla Lula-Dilma também rejeitam partidos que só agem ─ e com desabonadora timidez ─ quando começa a temporada de caça ao voto. Se os líderes tucanos não aprenderem a opor-se o tempo todo, não terão ninguém a liderar.

Os brasileiros inconformados descobriram que podem viver sem eles. E sabem o que querem. Não há esperança de salvação para políticos que se declaram adversários do governo mas não sabem, ou não querem, interpretar o pensamento e as aspirações da grande frente oposicionista.

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