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Por Coluna
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Os quiproquós do Brasil atual

No Brasil falamos e escrevemos em terreno minado. Toda questão vira luta ideológica

Por Deonísio da Silva
Atualizado em 14 abr 2019, 11h24 - Publicado em 14 abr 2019, 11h24

Deonísio da Silva

O ministro da Justiça tropeçou em duas palavras, pronunciando “conje”, em vez de cônjuge, e “ruga”, em vez de rusga.

Os mais intolerantes nas reprovações foram aqueles que jamais viram erro algum no português de Lula ou de Dilma, notórios transgressores da norma culta da língua portuguesa, na fala e na escrita.

Sergio Moro tropeçou na fala apenas, uma vez que ele jamais cometeria tais erros por escrito, isto é, não designaria “conje” o cônjuge nem ruga a rusga, cujo significado é pequeno desentendimento numa relação, algo como uma ruga no rosto, sem comprometer a beleza.

Quem designa cônjuge o marido ou a mulher, também substitui viúvo ou viúva por supérstite, evitando marido e mulher.

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Ocorre, porém, que a palavra cônjuge contém uma armadilha, uma vez que é um substantivo masculino, mesmo que se refira à esposa. No português coloquial, não são frequentes as palavras cônjuge ou supérstite. Diz-se marido, mulher, viúvo, viúva.

Há outras palavras misteriosas nesse mundo do matrimônio. Marido traído é designado corno, mas da mulher traída não se diz que é corno ou “corna”. “Corna” soa tão estranho quanto comborço, como é designado o amante da esposa em Dom Casmurro, de Machado de Assis, quando o marido corno constata que o filho bastardo é a cara do amigo do casal: “Era o próprio, o exato, o verdadeiro Escobar. Era o meu comborço; era o filho de seu pai”.

Sendo palavras de uso raro no coloquial, por que a celeuma, então? Por que o rigor excessivo? Porque no Brasil falamos e escrevemos em terreno minado. Não se trata de cultivar o vernáculo ou reclamar maior cuidado com o português. Toda questão vira luta ideológica.

Esta foi a principal razão do quiproquó, cuja origem é a expressão em latim quid pro quo, “isso em vez daquilo”, nascida nas boticas medievais, as antigas farmácias. Não tendo a substância exata prescrita pelo médico, no tempo em que as receitas eram ali aviadas, o boticário substituía uma por outra, desde que semelhantes na fórmula.

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Outras fontes dão conta de que, reinando a teologia como disciplina absoluta, quando os calouros confundiam conceitos de outras disciplinas com teologia, dava-se um quiproquó, isto é, uma confusão.

É o que está acontecendo no Brasil de hoje. Tudo está virando um quiproquó, quando a questão fundamental não é nenhuma das levantadas, é o desemprego. E as formas de acabar com ele, recuperando os empregos, isto é, retomando a economia e, para isso, começando por gastar menos e reformando a previdência.

*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

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