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Oliver: A casa do cretino

VLADY OLIVER Vamos esclarecer que sou um profissional digital. Não preciso usar as Marginais paulistanas, cuja velocidade será reduzida a partir de amanhã. Meu trajeto do trabalho para casa cobre, no máximo, uma ida do quarto ao escritório. Não tenho interesses diretos a serem contrariados com a medida. Podia muito bem ficar quieto e não […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 00h54 - Publicado em 19 jul 2015, 18h52

VLADY OLIVER

Vamos esclarecer que sou um profissional digital. Não preciso usar as Marginais paulistanas, cuja velocidade será reduzida a partir de amanhã. Meu trajeto do trabalho para casa cobre, no máximo, uma ida do quarto ao escritório. Não tenho interesses diretos a serem contrariados com a medida. Podia muito bem ficar quieto e não opinar sobre o que supostamente não entendo. O fato é que todo político pode arrumar uma solução simples – e errada – para os problemas de sua cidade.

Da asfalto regurgitado às salsichas superfaturadas, passando pelos Controlares desativados, as tabuletas derrubadas e o saco estourado, a procissão de indecências que os últimos prefeitos fizeram o paulistano engolir ultrapassa sim, e muito, todos os limites da paciência urbana. Acompanho o desenvolvimento das políticas municipais infelizmente a uma distância pouco segura para não ser atingido pelas faixas de bicicletas mancas, pela pródiga indústria de lombadas sem o menor estudo de viabilidade e por outras aberrações que nossos administradores se acostumaram a pendurar no lombo do pobre munícipe, como aqueles ganchos de pendurar linguiças em cantinas.

Tudo cabe no bolso do contribuinte. Existe uma tendência mundial por carros mais seguros e confiáveis, estradas amplas e desimpedidas, cruzamentos exemplarmente monitorados, sistemas eletrônicos de aviso de rotas – tudo contribuindo para aumentar a velocidade final numa malha viária. Aqui não. Aqui o imbecil diminui a velocidade da malha viária e todo mundo aplaude o sofá solenemente jogado no Rio Pinheiros.

Corrigir os medonhos defeitos de traçado, os pilares baixos e multiplicados por toda a via, o asfalto irregular que quase joga os carros dentro do rio, nem pensar. Um projeto para revitalizar a via? Nem pensar. Pensar? Nem pensar. Já pensou como deve ser a casa desse cretino? As portas não abrem ou são escoradas por calços, os lençóis têm marcas de pneus de bicicleta e a comida é servida em quentinhas roubadas dos restaurantes de um real espalhados pela cidade.

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É claro que um imbecil que não tem competência nem para administrar parquinho infantil não saberia administrar a maior cidade do país. Mas isso é um detalhe, diluído numa hecatombe muito maior, que é a absoluta falta de planejamento urbano nesta e em outras 5 mil cidades espalhadas pelo país. Só temos mesmo um projeto de poder marreta, que inaugurará faixas para carroças em breve, na mesma Paulista que celebra a pista para bicicletas mancas e outros seres de duas rodas com igual teor de “politicamente correto” nas pedaladas vigaristas.

É a marcha a ré na evolução dos bípedes que pensam. Faço aqui um desafio a qualquer cavalo que tente me convencer que a redução da velocidade não é pura e simplesmente uma ideia de uma cabeça baldia, tentando provocar ainda mais o cidadão que não tem alternativas na vida que não chacoalhar três horas por dia nas marginais desse bando de prefeitos marginais. Amanhã e nos próximos dias, o número de acidentes será reduzido.

Depois, tudo voltará como era antes, por um princípio básico; os motoristas paulistanos continuarão com a mesmíssima educação para o trânsito, os carros continuarão com a mesma potência aterradora para os biltres de terceiro mundo e a malha viária continuará a deteriorar-se, abandonada pelo cérebro de um pedalador contumaz como este zumbi que assumiu o arco de futuro em nosso lombo combalido.

Vamos fazer uma aposta? Se o número de acidentes não baixar em dois anos, vocês aumentam a velocidade de novo? Não precisa. Até lá o prefeito já terá sido atropelado pela charrete que deve ter comprado com suas sobras de campanha. Pedala, meu querido.

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