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O vilão escapou do xerife e amordaçou o perigo

“Estamos terminando o ano brilhantemente”, começou José Sarney a despedir-se do ano que vai terminar com um caso de polícia presidindo o Senado e um jornal algemado pela censura prévia. Caso se limitasse a escapar do xerife, já teria sido um ano e tanto: mesmo para os padrões do faroeste brasileiro, o ritmo e o volume de patifarias passou […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 16h12 - Publicado em 18 dez 2009, 01h42

“Estamos terminando o ano brilhantemente”, começou José Sarney a despedir-se do ano que vai terminar com um caso de polícia presidindo o Senado e um jornal algemado pela censura prévia. Caso se limitasse a escapar do xerife, já teria sido um ano e tanto: mesmo para os padrões do faroeste brasileiro, o ritmo e o volume de patifarias passou da conta. Pois no faroeste brasileiro o vilão espancou a lei, amordaçou o perigo e vive tentando roubar o papel do mocinho.

Há quase 150 dias, censurado por um desembargador amigo que atendeu ao pedido do primogênito Fernando, o Estadão está proibido de revelar as patifarias comprovadamente cometidas pelo bando liderado pelo velho pai-da-pátria. Como manteve a coluna na Folha, Sarney transformou-se no primeiro censor da história que, além de silenciar um grande jornal, publica artigos semanais no concorrente. Há dias, escreveu que está indignado com a corrupção. É o Brasil.

Nestes 12 meses, não faltaram sustos ou sobressaltos, nem pancadas doloridas, e em certos momentos assaltou-o a sensação de que o final infeliz se aproximava. Deve ter achado constrangedora a revelação de que os parceiros mais íntimos o chamam de Madre Superiora. Pareceu-lhe um despropósito tanto o cartão vermelho apresentado por Eduardo Suplicy quanto o discurso de Pedro Simon providencialmente inibido por aquele olhar de Fernando Collor. Mas tudo isso agora é pouco relevante. O triunfo reduz o tamanho das batalhas perdidas.

Merecem muito mais espaço na memória a volta da filha Roseana ao governo maranhense, ou as reverências com que o contemplaram os chefes dos outros poderes. O presidente da República promoveu-o a Homem Incomum e age como comparsa. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ao ratificar a censura imposta ao Estadão,  avisou que a privacidade e a honra do presidente de Sarney e dos seus valem mais que a imprensa livre e o direito à informação.

Graças à ajuda desses parceiros de grosso calibre, o maranhense imortal conseguiu a façanha memorável: o viveiro de bandidos impunes mantém enjaulada a liberdade de expressão.  O ano de Sarney ficou mais luminoso. O do Brasil ficou um pouco mais sombrio.

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