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O ministro que escapou da expulsão pelas patifarias no Segundo Tempo já prepara jogadas para a Copa do Mundo

No balanço dos oito anos de governo registrado em cartório pelo ex-presidente Lula, a procissão de deslumbramentos reserva aos andores do programa Segundo Tempo quatro das 2.200 páginas divididas em seis volumes. Lançado em 24 de novembro de 2003 pelo Ministério do Esporte, bate no peito o parágrafo de abertura,  “visa democratizar o acesso à […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h39 - Publicado em 2 mar 2011, 22h28

Em Teresina (PI), crianças tentam jogar futebol numa quadra do Programa Segundo Tempo (Foto: Dida Sampaio)

No balanço dos oito anos de governo registrado em cartório pelo ex-presidente Lula, a procissão de deslumbramentos reserva aos andores do programa Segundo Tempo quatro das 2.200 páginas divididas em seis volumes. Lançado em 24 de novembro de 2003 pelo Ministério do Esporte, bate no peito o parágrafo de abertura,  “visa democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral da criança, do adolescente e do jovem, como fator de formação da cidadania e de melhoria da qualidade de vida, prioritariamente daqueles que se encontram em áreas de vulnerabilidade social”.

Mesmo para o maior dos governantes desde Tomé de Souza, não é pouca coisa. Pois Lula conseguiu, garante a certidão de nascimento do Brasil Maravilha. Entre outras proezas, jura o palavrório que vai da página 345 à 349, “o Programa Segundo Tempo, desde a sua criação, permitiu 3.852.345 atendimentos de crianças, adolescentes e jovens”. Essas cifras de matar de inveja um dinamarquês não teriam sido alcançadas sem “a capacitação e qualificação de 9.246 profissionais entre coordenadores, professores, agentes formadores e gestores de esporte e lazer”.

Magnânimo, o fundador do país do cartório divide a façanha com alguns parceiros. “Foi por meio da celebração de convênios com governos estaduais, municipais e organizações não governamentais, e de parcerias com outros ministérios, que se alcançaram, a partir de 2005, mais de 1 milhão de atendimentos anuais, considerando-se os convênios anuais e plurianuais. Isso foi possível em função do crescimento exponencial do orçamento do Programa Segundo Tempo, que iniciou com R$ 24 milhões em 2003 e alcançou R$ 207.887 milhões em 2010”.

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Estelionato eleitoreiro é isso aí, provou o jornal O Estado de S. Paulo com uma série de reportagens sobre o programa nascido e criado para servir ao Partido Comunista do Brasil, que assumiu o Ministério do Esporte no início da Era Lula. Desde o apito inicial, só se movimentam em campo jogadores do PCdoB. Como não há adversários, nem juiz ou regras, os craques escalados primeiro pelo ministro Agnelo Queiroz e depois por Orlando Silva colecionam jogadas audaciosas. Todas ilegais.

Só em 2010, pelo menos R$ 69,4 milhões foram parar nos caixas de 42 ONGs e entidades de fachada controladas pelo PCdoB. Incumbida de administrar o Segundo Tempo em Santa Catarina, por exemplo, uma ONG explorada pela sigla resolveu importar merendas de Tanguá, no Rio de Janeiro. O Estadão descobriu que a empresa supostamente contemplada pela encomenda no valor de R$ 4,6 milhões tem um funcionário só, cujo nome o dono ignora, está localizada num galpão abandonado há quatro anos e jamais produziu uma única e mísera merenda.

No Distrito Federal, 3,2 mil crianças continuam à espera dos 32 núcleos prometidos pelo convênio entre o Ministério do Esporte e outra ONG companheira. Em Teresina, o que deveria ser uma quadra é um matagal onde os iludidos pelo Segundo Tempo tentam jogar futebol e vôlei improvisando traves e redes com tijolos, bambus e muita imaginação. A logomarca do programa num muro jura que aquilo é um núcleo esportivo. É só a prova de mais uma negociata que irrigou com R$ 4,2 milhões outra entidade a serviço do PCdoB.

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“Vamos apurar todas as denúncias”, recitou Orlando Silva quando explodiu o escândalo. Vai apurar coisa nenhuma. E não será punido, berra o prontuário que inclui, entre outros espantos sem castigo, a tapioca comprada com cartão administrativo, o recorde mundial de salto do orçamento registrado nos Jogos Panamericanos do Rio e as parcerias bilionárias com o Comitê Olímpico Brasileiro. Em qualquer país menos cafajeste, Orlando Silva seria expulso de campo depois de enquadrado em uma das duas opções possíveis: se não sabia de nada, é inepto; se sabia, é corrupto.

No Brasil da Era da Mediocridade, o culpado reagiu com o sossego dos condenados à impunidade. Se inépcia resultasse em demissão, não sobraria ninguém no Ministério. Se corrupção desse cadeia, a população carcerária não caberia numa Bolívia. E as boladas que sumiram no Segundo Tempo são dinheiro de troco perto dos R$ 4 bilhões enterrados no Pan-2007. Menos de 15 dias depois de descobertas, as patifarias reveladas pelo Estadão vão saindo de cena. É um escândalo atrás do outro. A fila precisa andar.

Mantido no cargo por Dilma Rousseff, Orlando Silva está no terceiro mês da prorrogação. Dois dias depois da primeira reportagem do Estadão, apareceu em São Paulo para discorrer sobre obras em aeroportos e estádios em construção. O craque prepara as jogadas para a Copa do Mundo de 2014. No Brasil em adiantado estado de decomposição moral, os crimes já são anunciados com alguns anos de antecedência.

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