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O Itamaraty condecorou um prontuário

  Até a descoberta de que a Casa Civil foi reduzida a covil da família de Erenice Guerra, a concessão da Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco à mãe do próspero vigarista Israel foi apenas – e já não é pouco – mais uma torpeza produzida pelos áulicos profissionais do Itamaraty. Na Era da Mediocridade, […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h08 - Publicado em 24 set 2010, 20h08

 

Erenice Guerra, Ana Maria Amorim, Mariza Campos e Marisa Letícia

Até a descoberta de que a Casa Civil foi reduzida a covil da família de Erenice Guerra, a concessão da Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco à mãe do próspero vigarista Israel foi apenas – e já não é pouco – mais uma torpeza produzida pelos áulicos profissionais do Itamaraty. Na Era da Mediocridade, não basta agraciar a melhor amiga de uma possível presidente da República com rapapés, genuflexões, agrados subaternos, minuetos servis e discurseiras bajulatórias. É preciso também condecorá-la.

O desmoronamento da Casa Vil promoveu a coisa de celerado a vilania consumada em abril. Prestar reverências à matriarca de um clã unido no banditismo é vassalagem de comparsa. Quem homenageia publicamente um monumento à corrupção impune está moralmente corrompido até a medula. Até que alguém se responsabilize pelo ultraje, a paternidade da ideia pertence a Celso Amorim. Ao agraciar Erenice, ele se desonrou. Isso não tem importância. E desonrou a Grã-Cruz. Isso é imperdoável.

Enquanto a roubalheira descarada foi carinhosamente rebatizada de “denuncismo”ou “factoide” pelo presidente e pela primeira devota, os envolvidos na infâmia puderam olhar para os lados e fingir que não era com eles. O truque já perdeu a validade, avisa a confissão malandra feita pelo presidente Lula ao portal Terra: “Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, sabe, cai do cavalo. Porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, sabe, mas a pessoa não engana todo mundo todo tempo. E quando acontece, a pessoa perde. O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país”.

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Tradução: Erenice foi ávida demais e cautelosa de menos. Perdeu a chance de ser uma grande funcionária por estar exclusivamente interessada na chance de virar milionária. Segundo regras fixadas pelo Ministério das Relações Exteriores,  “as condecorações conferidas no Dia do Diplomata são oferecidas a pessoas que se destacam em suas áreas de atuação”. Os parentes devem saber o que fazem de especial as mulheres de Lula, de José Alencar e de Amorim. Talvez uma receita de pastel de antigamente, provavelmente um bordado no capricho, quem sabe um remédio caseiro que a avó ensinou.  As áreas de atuação em que Erenice se destacou são conhecidas. Estão todas capituladas no Código Penal.

Também de acordo com o Itamaraty, a “Ordem de Rio Branco é destinada a galardoar os que por qualquer motivo se tenham tornado merecedores do reconhecimento do Governo Brasileiro, servindo para estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção, bem como para distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas”. Conjugados, o palavrório do presidente e a sopa de letras em itamaratês permitem que até os cegos voluntários, os portadores de miopia cafajeste e os cretinos fundamentais vejam as coisas como as coisas são: para desfazer a ignomínia costurada a muitas mãos, Erenice Guerra deve ter a honraria imediatamente confiscada.

Um prontuário enfeitado com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco não faz sentido nem no Brasil de Lula.

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