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O boné de Bolsonaro filho e a conspiração do G-20

O presidente Donald Trump teria ficado menos solitário em Buenos Aires se lá estivesse Jair Bolsonaro

Por Rolf Kuntz
Atualizado em 30 jul 2020, 20h06 - Publicado em 10 dez 2018, 07h08

Rolf Kuntz (publicado no Estadão)

Papai Noel de roupa vermelha ainda parecerá um tanto suspeito, mas americanos e brasileiros poderão festejar o Natal com alguma tranquilidade. Alguma, é claro, porque nunca se deve descuidar da conspiração contra o Ocidente, realimentada há poucos dias, em Buenos Aires, com declarações a favor do Acordo de Paris e da ordem multilateral. Mas há grandes notícias positivas. Graças a isso, os partidários dos valores ocidentais poderão relaxar um pouco nas festas de fim de ano. Uma das novidades animadoras foi anunciada por um brasileiro. O Brasil nunca mais será um país socialista, garantiu nos Estados Unidos o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e defensor da reeleição de Donald Trump. Dando nova dimensão a suas funções como parlamentar brasileiro, ele posou para foto usando um boné com a inscrição “Trump 2020”. Com isso deu uma lição a milhões de cidadãos locais, ainda pouco envolvidos na campanha de 2020. Foi uma viagem profícua. Além de proclamar apoio a seu candidato, esperança do Ocidente e inspiração de seu pai, ele ainda levou uma boa-nova aos patriotas americanos.

O jovem Bolsonaro foi a Washington, segundo afirmou ao canal Fox News, para resgatar a credibilidade brasileira. Ao cumprir essa tarefa, anunciou a libertação de seu país e o abandono da perversão rubra. “Estamos muito otimistas”, explicou, “porque o Brasil está mudando de uma gestão extremamente socialista para uma economia muito mais liberal”. Detalhe relevante: a entrevista foi dada à emissora Fox, um canal dedicado ao bem do país, ao contrário da CNN, apontada como inimiga do povo pelo presidente Trump. Em defesa do povo, a Casa Branca chegou a cassar a credencial de um repórter da CNN depois de um bate-boca entre o presidente e o jornalista, mas desistiu e assim evitou um conflito judicial.

Milhões de brasileiros deveriam ficar igualmente gratos ao jovem Bolsonaro pelo esclarecimento levado a Washington, capital do Ocidente, e de lá distribuído para todo o mundo. As mais graves ameaças nem sempre são ostensivas e é sempre bom ser alertado por uma inteligência clara e vigilante — de um cidadão atento e bem informado, de um profeta ou, talvez, de um anjo.

No Brasil, poucos devem ter percebido os sinais de uma “gestão extremamente socialista” no governo chefiado pelo — agora se sabe, vermelhíssimo — presidente Michel Temer. Enquanto era desmascarado nos Estados Unidos, ele insistia, no entanto, na prática danosa ao País e ao mundo. Confirmando a denúncia do deputado Eduardo Bolsonaro, o chefe do governo socialista brasileiro participou da reunião de cúpula do Grupo dos 20 (G-20) em Buenos Aires. O anfitrião do encontro foi o presidente Mauricio Macri, atual ocupante da Casa Rosada — sim, Rosada, como se um vermelho esmaecido enganasse um cidadão atento.

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Em Buenos Aires, o presidente brasileiro esbaldou-se em atividades antiocidentais, em vez de seguir a diplomacia redentora já anunciada por seu sucessor. Sem apoio de outros chefes de governo, o presidente Donald Trump cuidou sozinho da defesa do Ocidente.

Foi tão eficiente quanto poderia ser, naquele ambiente dominado pela combinação, segundo a classificação bolsonariana, dos grupos socialistas do Oriente, da Europa, da África e das Américas.

Graças ao presidente Trump, a declaração final a favor do Acordo de Paris foi menos que unânime. O governo dos Estados Unidos manteve-se à parte, fiel à decisão de abandonar o pacto multilateral de defesa do clima. Prometeu cuidar da proteção do ambiente em seu país, mas segundo, é claro, seus critérios.

Também graças ao presidente americano a declaração final da reunião foi redigida sem menção explícita ao multilateralismo e sem referência ao surto recente de protecionismo comercial, liderado pela Casa Branca. O documento valorizou, no entanto, com forte apoio do presidente Trump, uma proposta de reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC).

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Se a orientação da Casa Branca prevalecer, a OMC poderá tornar-se menos multilateral e com isso perderá uma das características mais valorizadas pelos defensores — socialistas, provavelmente — de uma ordem global vinculada a regras aprovadas por todos e aplicáveis a todos, mesmo com as imperfeições bem conhecidas.

Apesar da interferência do presidente Trump, a conferência do G-20 poderá ser lembrada por várias manifestações a favor do multilateralismo. Esse foi o grande tema das declarações dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e de dirigentes de entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, ressaltou em dois momentos as virtudes de uma ordem diferente da defendida pelo presidente Trump, sem citá-lo, é claro. Como dirigente do Fundo, conclamou os governos a enfrentar juntos as novas ameaças à economia global. O texto acentua os perigos do protecionismo e das tensões comerciais.

Ainda em Buenos Aires, a diretora Lagarde publicou nota sobre a morte do ex-presidente George H. W. Bush. “A obra de sua vida”, afirmou, “é um poderoso e oportuno lembrete do que se pode alcançar quando as nações trabalham juntas”. A cooperação internacional é citada também no começo da nota. O adjetivo “oportuno” (timely) é evidente referência à política atual da Casa Branca. Também Lagarde contra o Ocidente?

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O presidente Donald Trump teria ficado menos solitário em Buenos Aires se lá estivesse Jair Bolsonaro, também crítico do Acordo de Paris e seguidor do americano como esperança para o Ocidente. O futuro presidente brasileiro foi muito além do político e militar Juracy Magalhães, lembrado pela frase “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Não está claro se Juracy qualificaria Trump como bom para os Estados Unidos.

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