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Meu nome é Moro, Sergio Moro

Não é o Batman brasileiro, que esconde seu equipamento moderno numa caverna em Curitiba. Seu nome é Bond, James Bond? Não: seu tipo de ação é outro

Por Carlos Brickmann
Atualizado em 30 jul 2020, 20h31 - Publicado em 29 mar 2018, 07h04

Carlos Brickmann, publicado no Portal Yes.News

Se alguém esperava assistir a uma enxurrada de críticas ao Supremo Tribunal Federal, ou queria ver esclarecidos alguns aspectos mais controvertidos da Operação Lava Jato, decepcionou-se: não era a hora, não era o local, não era o personagem.

Mas quem queria conhecer melhor o juiz mais famoso do Brasil estava no lugar certo: no centro da Roda Viva, Rede Cultura, o juiz Sergio Moro cercado por um grupo de jornalistas que ocupam postos de comando na grande imprensa brasileira. Moro, em sua primeira exposição pessoal ao público, deixou duas coisas bem claras: primeiro, longe da linha militante de alguns procuradores que trabalham na Lava Jato, não é um salvacionista, um cruzado à procura de infiéis para combater; segundo, não é o Batman brasileiro, que esconde seu equipamento de última geração numa caverna em Curitiba. Seu nome é Bond, James Bond? Não: seu tipo de ação é outro. Nem ele, nem seu terno amarfanhado, caberiam na pele do agente secreto de Sua Majestade.

… não se considera imune ao erro. Para corrigir esses  erros, disse mais de uma vez, há instâncias superiores encarregadas de aprovar ou não o que fez e com força suficiente para mudar o que for preciso. Se mudar, é possível que ele sinta que há injustiça; mas não é possível que queira insurgir-se, pois as coisas são como são.

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Sergio Moro, caros leitores, é um homem da lei de outro tipo: acredita que o trabalho de mapeamento do dinheiro, de análise de comportamento, de negociação com malfeitores (o nome politicamente incorreto da delação premiada) leva as investigações à frente; e que cada nova descoberta leva a novos enigmas que é preciso decifrar. Ponto final. Se fosse possível definir Sérgio Moro em poucas palavras, é um funcionário público que aplica as normas que considera corretas a cada caso. Um profissional meticuloso, que cumpre horários, que preenche os formulários, que aplica penas a indivíduos que, a seu ver, violaram a lei. Talvez preferisse que as leis fossem diferentes, mas este não é seu problema: seu problema é aplicar as leis como são.

Ficou claro, em sua entrevista, que não tem pena das pessoas que manda prender (afinal de contas, violaram a lei, e ele aplica a pena que a lei determina), e não se considera imune ao erro. Para corrigir esses erros, disse mais de uma vez, há instâncias superiores encarregadas de aprovar ou não o que fez e com força suficiente para mudar o que for preciso. Se mudar, é possível que ele sinta que há injustiça; mas não é possível que queira insurgir-se, pois as coisas são como são.

Em conversa pessoal, talvez seja diferente; na entrevista, é um chato, com voz monocórdica, aparentemente sem emoções, respondendo a todas as perguntas com as respostas-padrão de um bom funcionário público. Não se emocionou, não se ofendeu, pouco mudou de expressão. Às vezes, um raro sorriso; voz e expressão não se alteraram nem quando foi exposto pelos entrevistadores a questões difíceis, a respeito de opiniões aparentemente conflitantes em casos parecidos; nem quando se falou de algo que deve ser difícil de explicar, o auxílio-moradia dos magistrados (e teve a audácia de defender o penduricalho como uma compensação pela ausência de aumento aos juízes nos últimos três meses).

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De hoje em diante, todos os adversários do juiz Sergio Moro vão-se dedicar a provar que ele foi muito mal na entrevista, mesmo tendo sido entrevistado só por jornalistas que o apreciam. Falso: os jornalistas João Caminotto, Sérgio Dávila, Daniela Pinheiro, Fernando Mitre e Ricardo Setti têm carreiras longas, durante as quais ocuparam altos cargos em veículos distintos.

Quanto a Moro, mostrou-se como é, sem fingimentos, sem tentar se transformar em super herói.

Seu nome é Moro, Sergio Moro.

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