Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Merval Pereira: O ano das dúvidas

O momento de decadência moral e crise econômica que vivemos é propício a candidatos populistas e radicais

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h37 - Publicado em 3 jan 2018, 13h27

Publicado no Globo

A diferença técnica entre a eleição deste ano e a de 1989 é que a de agora será “casada”, isto é, estarão em jogo, além da presidência da República, todos os governos estaduais, 2/3 do Senado, e a totalidade da Câmara. Em 1989, disputava-se apenas a presidência da República, numa eleição “solteira”, o que dava mais força às individualidades dos candidatos do que ao esquema partidário que os apoiava.

Há ainda uma diferença fundamental, como destacou o cientista político Bolivar Lamounier em entrevista à edição brasileira do El País: a mediocridade dos candidatos à vista. Na eleição que acabou elegendo Collor à presidência, praticamente todas as grandes lideranças políticas do país estavam na disputa.

Collor acabou derrotando todos eles, numa disputa entre o populismo de direita que representava e o populismo de esquerda com Brizola e Lula, que acabou indo para o segundo turno. Hoje, pelas pesquisas de opinião, continuam polarizando a disputa presidencial os populismo de esquerda, na figura do ex-presidente Lula, e o de direita com o deputado federal Jair Bolsonaro.

O momento de decadência moral e crise econômica que vivemos é propício a candidatos populistas e radicais, e, além de não termos material humano, é por isso que está difícil surgir um candidato centrista que empolgue o eleitorado. O último exemplo que tivemos de um presidente eleito sem ser populista e derrotando um populista foi Fernando Henrique Cardoso, que venceu Lula duas vezes no primeiro turno.

Mas o que o transformou em um candidato vencedor não foi seu estilo de fazer política, mas o Plano Real, que acabou com a hiperinflação e deu ao eleitor brasileiro de todas as classes o alívio no bolso e o orgulho de ser brasileiro diante do fato de que o Real passou a valer mais do que o dólar. Nada mais popular do que permitir ao povo ter uma melhoria imediata de vida e uma moeda valorizada. Não foi à toa que o povo abanava cédulas de Real nos comícios, festejando aquele identificado como seu criador.

Continua após a publicidade

Uma melhoria de vida tão imediata geralmente acontece com medidas populistas, como o Bolsa Família que alavancou o lulismo. Também o Plano Cruzado permitiu que o então grupo político do presidente Sarney vencesse as eleições em 1986 na maioria dos Estados brasileiros, quando o PMDB elegeu quase todos os governadores, a maioria dos senadores e 260 deputados (53,3% da Câmara na época).

Ao contrário do Plano Real, que cuidou também do equilíbrio fiscal, tanto que criou a Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000, o Cruzado explodiu logo depois da vitória na eleição, pois o governo Sarney não quis fazer os ajustes necessários, mas impopulares.

Há um comentário registrado na história de que, num país tão desigual quanto o Brasil, Getúlio sempre vencerá o Brigadeiro, referência às duas derrotas que Eduardo Gomes sofreu, uma para Dutra, candidato de Getúlio, e outra para o próprio Getúlio.

Um dos desafios do presidente Michel Temer será chegar à eleição deste ano sem ser o grande alvo de todos os candidatos, como aconteceu com Sarney em 1989. Ele joga tudo na melhora da economia, com as pessoas sentindo o efeito no bolso, o desemprego menor, para ter um candidato que defenda o governo.

Alguns dizem até que ele mesmo pode ser o candidato, o que é muito mais difícil. Nada indica que a melhoria da economia, prevista pelos analistas, seja tão forte que transforme o governo impopular de Temer num ativo eleitoral capaz de neutralizar a ânsia da população por um presidente “salvador da pátria”, que Lula e Bolsonaro hoje representam, por razões distintas.

Continua após a publicidade

O ex-presidente promete a volta dos bons tempos de prosperidade, que nem foram tão prósperos assim, mas diante do crescimento medíocre dos governos anteriores do PSDB e da catástrofe que foi o governo Dilma, parecem uma miragem. Mas, como toda miragem, esta promessa de “volta para o futuro” é apenas uma retórica populista.

Já Bolsonaro, populista de direita, promete resolver a questão da segurança pública, uma praga de nossos tempos, se apresenta como um raro político não envolvido na Lava Jato. E alimenta a volta dos militares ao poder, desta vez através do voto popular, como se essa fosse a solução para nossos males.

O mais grave de tudo é que, a essa altura, não se sabe quem será mesmo candidato à presidência. Dia 24 começa a se definir a situação de Lula, o PT provavelmente, depois de uma batalha jurídica, terá que indicar outro candidato ou, menos provável, apoiar alguém já lançado, como Ciro Gomes do PDT. As pesquisas mostram que, com a saída de Lula, quem ganha mais é Marina Silva e o próprio Bolsonaro.

Geraldo Alckmin terá que mostrar força nas pesquisas, com o risco de ser superado dentro do próprio partido por incapacidade eleitoral. Não é à toa que Luciano Huck parece querer voltar ao páreo. Até abril o cenário pode mudar, com a entrada de nomes como o do ministro do Supremo aposentado Joaquim Barbosa ou outro qualquer.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.