Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Marcos Troyjo: Vem aí uma ‘Guerra Fria econômica’ entre EUA e China?

Mundo só tem a perder com embate entre superpotências do mercado

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 21h07 - Publicado em 10 dez 2016, 23h57

Ao final de 2016, num contexto em que forças de desglobalização operam grandes inflexões (Brexit, Trump, ascensão de populismos), ganha força entre muitos analistas o argumento de que estamos adentrando uma nova Guerra Fria. Tal “Guerra Fria 2.0″ teria duas dimensões principais. A primeira é mera continuação, numa escala e abrangência geográfica menor, do embate EUA-URSS – agora, no entanto, tendo por antagonista de Washington a Rússia supostamente autocrática de Vladimir Putin.

A disputa se manifestaria na série de acusações mútuas de ciberespionagem. Nas manobras russas de enfraquecer União Europeia e Otan. Na liderança norte-americana em impor sanções a Moscou por manobras geopolíticas como a anexação da Crimeia. Essa versão “light” de Guerra Fria seria, no entanto, menos potencialmente danosa do que a confrontação no campo geoeconômico. E, aí, os grandes contendores são EUA e China.

O mundo teve um aperitivo de tal cenário nesta semana como resultado da conversa telefônica entre o presidente eleito Donald Trump e Tsai Ing-wen, presidente de Taiwan. Pequim se enervou com a conversa, pois há décadas tem na chamada “One China Policy”– a noção de que Taiwan deveria ser agregada política e territorialmente ao país de Xi Jinping – uma cláusula pétrea de sua política externa.

O curioso é que nessa eventual Guerra Fria econômica entre EUA e China a ocupação de espaços de influência (ou mesmo a costura de alinhados) parece menos importantes para a Washington de Trump. Isso desagrada muitos em seu partido. Derrotado por Obama nas eleições presidenciais de 2008, o senador republicano John McCain defendeu em artigo no Financial Times que o abandono, por parte da futura administração Trump, de mega-acordos comerciais apenas fará com que regiões produtivamente dinâmicas como a Ásia passem crescentemente a gravitar em torno da China.

Continua após a publicidade

Trump estaria mais disposto a engendrar sua estratégia perante a China por duas vias – a da negociação de acordos bilaterais com países da Ásia-Pacífico e a imposição de restrições a exportações chinesas aos EUA. Trata-se de uma aposta de elevado risco.

Mais de uma dezena de países a quem Trump promete lançar entendimentos bilaterais desperdiçaram tempo, energia e capital diplomático nos últimos anos na negociação minuciosa do Tratado da Parceria Transpacífico (TTP, na sigla em inglês). Algumas dessas nações detêm grande peso econômico relativo, como é o caso de Japão, Coreia do Sul e Austrália. Por que agora se predisporiam a jogar fora todo o esforço realizado, em nome de acordos bilaterais que, sendo o governo Trump malsucedido, voltariam todos à mesa de negociação para um acordo mais abrangente?

Caso os EUA endureçam para cima da China, Pequim tem muitas formas de buscar retaliação. Os chineses podem diminuir o volume de compras de soja que realizam dos EUA – exportações norte-americanas nesse setor que em 2016 devem ultrapassar US$ 10 bilhões. Ou então dizer “não” a aeronaves da Boeing – cujas vendas para a China em 2015 alcançaram a impressionante cifra de US$ 15 bilhões.

Continua após a publicidade

Para as empresas multinacionais norte-americanas – e os EUA têm mais companhias de atuação global do que qualquer outro país – isso significaria enormes abalos em seus balanços patrimoniais. Ademais, haveria um expressivo aumento de custos de produção, com muitas empresas norte-americanas forçadas a redesenhar completamente sua cadeia global de fornecedores.

Há ainda a possibilidade de a China responder à imposição unilateral de barreiras por parte dos EUA com desvalorizações seletivas de sua moeda, de modo a dotar suas exportações de mais competitividade — ou mesmo vender lotes dos títulos do Tesouro norte-americano nas mãos do governo de Pequim. Hoje os EUA devem à China cerca de US$ 1,2 trilhão, o que representa 30% de toda a dívida norte-americana junto a governos estrangeiros.

EUA e China (e o mundo) nada têm a ganhar com um “equilíbrio do terror” em versão geoeconômica. Tomara que esse potencial de desentendimento, hoje tão alentado, seja restringido pela imensa interdependência em comércio e investimentos que marca as duas maiores economias do planeta.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.