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Marcos Troyjo: Brasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização

O êxito ou fracasso desses modelos e seu impacto na renda estará associado à adaptação ante um verdadeiro "eclipse"da economia global

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 21h49 - Publicado em 18 set 2016, 00h38

Brasil e China encontram-se na encruzilhada da Globalização. O Brasil busca mudar o seu padrão de crescimento com menor dependência no consumo interno e maior ênfase em investimentos. A China está crescendo menos, mas talvez melhor. Tem se reorientado para a produção de bens de maior valor agregado, mais incentivos ao mercado interno e portanto menor dependência nas exportações.

A julgar pelas taxas de crescimento de Brasil e China, podemos dizer que a renda per capita desses países deve ser a mesma em 2020. A China tem adotado desde 1978 um modelo de industrialização voltado a exportações. O Brasil tem praticado diferentes variantes da estratégia de substituição de importações.

Os chineses buscaram acordos comerciais (inicialmente na forma de tratamento de sua economia como “nação mais favorecida”. Implementaram desde os anos 80 PPPs (parcerias público-privadas) voltadas à infraestrutura para o comércio exterior e administraram para baixo o câmbio e a remuneração dos fatores (o valor pago pela mão de obra, por exemplo). Já o Brasil recorreu frequentemente ao protecionismo, alento ao mercado interno e incentivo em compras governamentais ao conteúdo local.

O êxito ou fracasso desses modelos e seu impacto na renda estará associado à adaptação ante um verdadeiro “eclipse”da economia global. Como o cenário global mudou, esses dois países também têm de “reinventar” suas estratégias econômicas.

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A China tem acelerado sua adaptação criativa e, mediante exuberantes superávits comerciais e sucessivos excedentes orientados estrategicamente à pesquisa, desenvolvimento e inovação, está aproximando-se do centro denso em tecnologias. Já lidera o mundo em energia solar, por exemplo. Em 2020, chegará à marca de 2,5% de seu PIB voltados à inovação, superior portanto à media de 2,1% dos países da OCDE. O Brasil continua no patamar de apenas 1% de seu PIB em pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Já foi possível sentir isso nos últimos 15 anos. Este renovado sistema internacional em que há uma centralidade da China fez reemergir, para países como o Brasil, lógica semelhante ao padrão Norte-Sul das vantagens comparativas do século 19. A tonelada chinesa exportada ao Brasil vale US$ 3 mil, enquanto a tonelada brasileira à China menos de US$ 170. Esta relação leva a uma sensação efêmera de potencial prosperidade, pois os benefícios do comércio em commodities não têm se traduzido em investimentos nas áreas de ponta deste cenário global de acirradas rivalidades tecnológicas.

Daí o Brasil ter grandes dificuldades em promover ganhos sustentados de renda ao longo do tempo, pois sua produtividade permanece muito baixa. De 1992 e 2007, período de “globalização profunda”, a Produtividade Total dos Fatores (PTF) no Brasil cresceu apenas 11.3%. No mesmo período, a PTF cresceu a uma média anual de 4% na China. Estes parâmetros reforçam a noção de que os momentos de elevado crescimento da economia brasileira associam-se (I) à vigorosa demanda global por commodities em que o Brasil apresenta vantagens comparativas ou (II) a períodos de proteção do mercado via substituição de importações, forte papel do Estado na composição da demanda e consumo interno voraz.

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Pode-se perguntar, o Brasil ganha ou perde com a mudança do perfil da economia chinesa em direção a uma maior participação do mercado interno? Em geral a reconversão do modelo econômico chinês diminui as oportunidades relativas para o Brasil. Os grandes beneficiários da mudança são os países que podem atrair empresas que hoje produzem na China e cujas matrizes encontram-se descontentes com os custos de produção em alta naquele país, caso da mão-de-obra e do preço dos imóveis. São países como o México, que tem acordo de livre comércio com os Estados Unidos, e os do entorno geográfico chinês, como Tailândia, Indonésia e Vietnã.

Um dos mais impactantes fenômenos da economia global nos próximos dez anos será a migração de postos de trabalho da China para outros países. Cerca de 10 milhões de empregos sairão da potência asiática, que deixará cada vez mais de ser apenas uma plataforma de produção de itens de baixo valor agregado e se concentrará em produtos que exigem conhecimento intensivo. Mesmo quando, daqui a uma dezena de anos, a China tornar-se maior economia do mundo em termos de PIB nominal, ela ainda assim será uma economia comparativamente pobre, com renda per capita próxima a US$ 12 mil por ano, semelhante à do Brasil contemporâneo.

Caso o Brasil não promova reformas estruturantes, sacrifícios em direção à competitividade e reforma de sua inserção global, essa “China 2.0″ vai imobilizar ainda mais o Brasil na chamada “Armadilha da Renda Média”. O Brasil continua muito caro para concorrer com os mais pobres. E muito ineficiente para competir com os mais avançados e dinâmico.

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