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Maduro exige dois terços da Guiana para aplicar o golpe do patriota de galinheiro

Em setembro de 2009, num post com o título “O sósia de Patton e o bolivar de hospício”, registrei que Hugo Chávez vivia à espreita de um pretexto para invadir a província de Essequibo, pertencente à Guiana desde o fim do século XIX e reivindicada pela Venezuela desde 1966. A descoberta de uma grande reserva […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 00h57 - Publicado em 12 jul 2015, 20h06

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Em setembro de 2009, num post com o título “O sósia de Patton e o bolivar de hospício”, registrei que Hugo Chávez vivia à espreita de um pretexto para invadir a província de Essequibo, pertencente à Guiana desde o fim do século XIX e reivindicada pela Venezuela desde 1966. A descoberta de uma grande reserva de petróleo na região contestada animou  Nicolás Maduro a exumar a aventura que o bolívar de hospício não conseguiu empreender.

Nada como uma guerra para tentar distrair a atenção do povo indignado. Nesta sexta-feira, depois de ter ordenado atrevidas movimentações militares na fronteira e no mar, o chefe de governo de um país devastado economicamente suspendeu a compra de arroz da Guiana e a venda de petróleo venezuelano à nação vizinha. “Estou convocando uma grande união nacional para o resgate do Essequibo em paz, com base no direito internacional, para dissipar as provocações feitas contra a Venezuela”, mentiu o patriota de galinheiro.

Maduro sonha com um ataque armado que lhe permita apossar-se do território que, com 159.000 km², ocupa dois terços do mapa da Guiana. Leiam o texto abaixo. Não há nada a acrescentar. Basta trocar o nome de Hugo Chávez pelo do sucessor que conversa com passarinhos.

Guayana_Esequiba_2Sempre com a saúde debilitada, Nelson Rodrigues sentiu-se tão mal naquele dia que imaginou que iria morrer. Quais seriam suas últimas palavras?, quis saber um amigo na redação. “Você promete que publica?”, primeiro tratou de assegurar-se. Ao ouvir que sim, eternizou outra frase: “Que besta quadrada era o Carlos Marx”.

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Ele se acharia pouco superlativo caso vivesse para ver o que virou a galharia sul-americana da árvore genealógica plantada por Marx. A árvore já foi bastante frondosa. Depois do desabamento da União Soviética, as ramificações que se estendiam pelo mundo civilizado secaram. Os galhos da América do Sul continuam viçosos e dando frutos. O mais recente tem a cara do venezuelano Hugo Chávez.

Ninguém sabe direito o que é o socialismo revolucionário bolivariano. Nem Chávez. O que está claro é que o chefe da seita é um bisneto degenerado de Karl Marx. Saiu ao bisavô, diria Nelson Rodrigues se conhecesse a besta quadrada que, há 11 anos no poder, colocou em frangalhos a democracia venezuela e não para de armar confusões no subcontinente.

“É um farsante perigoso”, resume um general destacado para a Amazônia que conviveu dois anos com o coronel cucaracha. Ele acha apenas ridículas as recorrentes ameaças de invadir a Colômbia. “Mesmo com os acordos que celebrou com a Rússia e o Irã, a Venezuela não teria a menor chance num confronto armado com o vizinho”, explica. “Muito menos arriscado é financiar as FARC, como Chávez tem feito”.

O perigo mora do outro lado, sabe o Exército e fingem ignorar o Planalto e o Itamaraty. Com pouco barulho, mas inquietante frequência, Chávez vem reivindicando a posse da província de Essequibo, que representa dois terços da Guiana e roça a fronteira norte do Brasil. Em 13 de março de 2006, por ordem do aprendiz de tirano, a bandeira da Venezuela juntou mais uma estrela às sete já existentes. A oitava antecipa a incorporação de Essequibo.

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No mapa oficial da Venezuela, a província aparece assinalada com traços diagonais, que identificam territórios contestados. Chávez prometeu mais de uma vez remover a bala esses traços ─ que há dois anos desapareceram dos mapas militares produzidos pelas Forças Armadas. Em tese, a Guiana é uma presa fácil: dispõe de 1600 soldados, 3 lanchas de patrulha e nenhum avião de combate. Mas é improvável que o mundo inteiro encare a agressão absurda com a indulgência malandra dispensada pelo governo brasileiro ao companheiro delinquente.

Em 2 de abril de 1982, acuado pela crise política, o ditador argentino Leopoldo Galtieri exagerou no uísque e resolveu invadir as ilhas que chamava de Malvinas e os ingleses, donos do lugar, chamam de Falklands. Galtieri achava-se parecido com o general americano George Patton. Descobriu tarde demais que tinha alguma semelhança com o ator George C. Scott, que interpretou Patton no cinema mas não era parecido com o personagem.

Quase 30 anos depois, a Venezuela é governada por uma figura que se acha uma reencarnação de Simon Bolivar. Nem precisa de alguns tragos a mais para atacar a Guiana. Basta uma crise política. Se partir para a conquista de Essequibo, saberá que é mais prudente incorporar heróis de outros séculos num terreiro de macumba. Melhor detê-lo antes que venha a guerra.

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