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Ligações perigosas

As novas multinacionais brasileiras do crime florescem no controle das rotas de tráfico em direção ao Atlântico

Por José Casado
Atualizado em 30 jul 2020, 20h36 - Publicado em 17 jan 2018, 11h28

Publicado no Globo

Chegaram em silêncio. Na virada do ano, os Estados Unidos aumentaram o número de agentes especializados em tráfico de drogas e terrorismo nas maiores cidades das fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia, que somam 4,7 mil quilômetros. Investigam suspeitas de conexão de um grupo criminoso paulista, o PCC, com uma ala paramilitar da organização política libanesa Hezbollah.

De raiz fundamentalista islâmica xiita, o Hezbollah é visto com simpatia em parte do mundo árabe. Porém, uma de suas milícias, a Organização de Segurança Externa, é classificada como terrorista por EUA, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, União Europeia, Argentina e Israel.

O Brasil tem 15 mil quilômetros de fronteira com dez países. Quatro deles (Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai) são os maiores produtores de cocaína e maconha. As novas multinacionais brasileiras do crime florescem no controle das rotas de tráfico desses países na direção do Atlântico.

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Em Brasília, sobram evidências da expansão de alianças financeiras e logísticas entre bandos transnacionais para cadeias de produção, transporte, distribuição e exportação à Europa, África e ao Oriente Médio, sobretudo via Rio e São Paulo.

São os laços tecidos nesses “corredores” que viabilizam o contrabando. Exemplo: parte do armamento usado como moeda de troca nos comboios de drogas para o Brasil tem origem em arsenais da guerrilha colombiana Farc, recém-desmobilizada. Núcleos das Farc (como as Frentes 1, 17 e 16) rejeitaram a dissolução e lideram o tráfico na fronteira Brasil-Peru.

Na região Oeste, dois dos maiores grupos criminosos brasileiros, o paulista PCC e o carioca CV, disputam a hegemonia no comércio de drogas em cidades da fronteira com o Paraguai e Bolívia. Ao Norte, na fronteira com Peru e Colômbia, paulistas e cariocas lutam com a amazonense FDN pelas rotas fluviais. É nesse ambiente que agências americanas (DEA, FBI e antiterrorismo) tentam confirmar elos da máfia paulista com a ala paramilitar do Hezbollah.

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A repressão não atinge 3% do movimento estimado num mercado onde o lucro é exponencial. Pela cotação da semana passada, um quilo da folha de coca custa em média US$ 0,50 (ou R$ 1,65) em plantações do Peru. Metade da produção desse país é enviada à Bolívia como pasta base para refino. Exportado do Brasil, o quilo de cocaína é vendido a US$ 70 mil (R$ 231 mil) no varejo americano ou europeu.

O crescimento das exportações, via Brasil, é atestado pelos sucessivos recordes no confisco — ano passado foram 44,7 toneladas de cocaína e 313 de maconha. Na esteira disso há uma injeção de capital nas regiões de trânsito. E como os serviços auxiliares na rota são remunerados com droga, outro efeito é a expansão do tráfico doméstico. A consequência está no aumento da taxa urbana homicídios (23% na última década). O que acontece na fronteira se reflete nas cidades.

Esse processo de internacionalização de grupos criminosos brasileiros ocorre numa etapa de debilidade institucional, agravada pela crise fiscal e por incompetência demonstrada do Executivo, Legislativo e Judiciário. Há excesso de diagnósticos e discursos baratos. E há, também, uma clara tendência de aumento do patrocínio do narcotráfico na campanha eleitoral que se inicia. Até porque, como dizia o poeta Ferreira Gullar, “a vida só consome o que a alimenta”.

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