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José Casado: ‘O mapa da propina’

Publicado no Globo JOSÉ CASADO O colarinho branco realçava o tom borgonha da gravata, sob barba e cabelos grisalhos aparados com esmero. Paulo Roberto Costa nem parecia um ex-diretor da Petrobras com algema eletrônica no tornozelo. Escoltado por um agente federal de colete à prova de balas e armado com fuzil, falou por horas na […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 01h43 - Publicado em 31 mar 2015, 17h40

Publicado no Globo

JOSÉ CASADO

O colarinho branco realçava o tom borgonha da gravata, sob barba e cabelos grisalhos aparados com esmero. Paulo Roberto Costa nem parecia um ex-diretor da Petrobras com algema eletrônica no tornozelo.

Escoltado por um agente federal de colete à prova de balas e armado com fuzil, falou por horas na Procuradoria da República, no Centro do Rio. A rua abaixo fervilhava no calor da quarta-feira pré-carnaval, 11 de fevereiro.

— Vocês obviamente têm um papel aqui, mas não se limitem à Petrobras — incitou os procuradores. — Não se limitem, não. O que acontece na Petrobras, acontece no Brasil.

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Prosseguiu:

— Essas empresas do cartel não trabalham só para a Petrobras. Trabalham para portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Então, o interesse deles é tudo, não é só na Petrobras. Eu falei no primeiro dia, lá na força-tarefa, antes de assinar o acordo de delação, que a minha área era só a ponta do iceberg. Agora teve lá uma declaração do Ricardo Pessoa (acionista da UTC/Constran), e ele confirma. Falei também, com clareza, lá na CPMI (no Congresso): “Não pensem que esse assunto se restringe à Petrobras, porque não é!”

Exemplificou recordando seus encontros em Brasília para tratar da harmonia de interesses político-empresariais:

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— Normalmente, o Aníbal Gomes (deputado federal do PMDB) pedia a reunião. Era uma por mês, com o Romero Jucá e o Renan Calheiros (senadores do PMDB). Eu ia lá na casa do Renan e falava das perspectivas, de projetos. Qual era o interesse desses políticos? É que as empresas do cartel ganhassem, porque se elas ganhassem revertia uma parte pra eles.

Nas últimas duas semanas, o juiz Sérgio Moro indicou no processo o acúmulo de evidências de que “o esquema criminoso vai muito além da Petrobras”. Repetiu-se nos autos: “A mesma cartelização das grandes empreiteiras, com a manipulação de licitações, ocorreria no país inteiro”. Insistiu, ao autorizar a prisão — com uso de algemas — de um acionista da Galvão Engenharia: “Há indícios veementes de que os crimes transcendem a prática de cartel, corrupção e lavagem em obras da Petrobras.”

Num despacho da semana passada, o juiz mostrou-se inquieto com os dados já obtidos sobre o fluxo de propinas no circuito fora da Petrobras. Essa nova etapa da investigação partiu de “uma tabela” de “comissões” montada pelo operador financeiro do Partido Progressista, Alberto Youssef, sobre 750 empreendimentos de empresas estatais e órgãos governamentais. Esse mapa da propina “é perturbador”, qualificou Moro.

A tendência, indicou, é a exposição pública de uma sequência de crimes político-empresariais em “dimensão ainda muito superior aos danos já provocados à Petrobras”. Multiplicam-se “registros documentais”, exemplificou, “como os depósitos bancários apreendidos no escritório de Youssef em favor de um senador”. Assim como há “prova documental do repasse de parte da ‘propina’ em doações eleitorais ao Partido dos Trabalhadores”.

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O juiz Sérgio Moro e o réu confesso Paulo Roberto Costa coincidem na essência: não existe propina grátis. A conta desses subornos é paga pelos cofres públicos, com dinheiro subtraído do bolso de cada brasileiro.

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