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J.R. Guzzo: Meio século depois

O STF decide que Paulo Maluf deve ir para a cadeia – depois de passar a vida inteira livre e solto

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h38 - Publicado em 21 dez 2017, 15h18

Publicado no Blog Fatos

O deputado Paulo Maluf, uma das maiores celebridades políticas de sua geração, está encrencado com a Justiça brasileira há pelo menos 48 anos seguidos – desde que deu de presente para os jogadores da seleção brasileira de futebol que ganhou a Copa de 1970 no México 25 automóveis, comprados com dinheiro da Prefeitura de São Paulo. Deve ser algum recorde mundial. Quem conseguiria, no restante do planeta, passar 48 anos fugindo do Código Penal — e, ao mesmíssimo tempo, construir toda uma carreira de primeiro plano na vida pública nacional? Não é um período. É uma existência inteira. Dos processos de 1970, e até agora, Maluf passou por problemas que cobriram vastas e variadas áreas do território criminal. Corrupção passiva, superfaturamento de obras públicas, lavagem de dinheiro, delitos fiscais, contas não-declaradas no exterior (e de existência provada pela justiça internacional) e por aí se vai. Chegou a ficar preso por 40 dias, em 2005, numa cela da Polícia Federal de São Paulo. Em 2010 entrou na lista de “procurados” pela Interpol. Só podia viver livre num país do mundo: o Brasil. Enfim, como ele próprio gostava de dizer, o homem “estourou a boca do balão”.

Paulo Maluf, com tudo isso, sempre desfrutou de grande prosperidade política em nosso Brasil Brasileiro. Além de prefeito, foi governador do Estado de São Paulo, deputado federal com quatro mandatos, eleito com milhões de votos e chefe de cinco partidos políticos diferentes. Sua influência levou o ex-presidente Lula a ir até a sua casa, submeter-se a um dos mais embaraçosos atos de contrição já feitos por um político brasileiro: depois de passar anos a fio dirigindo os piores insultos a Maluf, Lula foi lhe prestar reverência em troca de apoio para o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. Nessa longa caminhada, Maluf pode aproveitar plenamente as maravilhas do “direito de defesa” à brasileira, com seu incomparável estoque de garantias para os acusados de crimes. Salvo seus 40 dias de xadrez em 2005, um ponto claramente “fora da curva”, ele jamais foi incomodado a sério pelo sistema judiciário do Brasil e, muito menos, por qualquer ��rgão político encarregado de questões éticas.

Agora, após quase meio século de acusações sem punição, quando já está com 86 anos de idade, problemas de saúde sérios e não manda nem influi em mais nada, Maluf enfim foi preso para cumprir pena. Um corajosíssimo ministro do Supremo Tribunal Federal, com a heroica valentia de quem espera a batalha acabar para vir fuzilar os feridos, mandou o cacique hoje inofensivo para a cadeia. Não foram ouvidas muitas palmas. O que ficou claro, acima de qualquer outra coisa, é a garantia de impunidade que nossos tribunais, leis, OAB, institutos de apoio ao “direito de defesa”, etc. oferecem a todo delinquente que tenha dinheiro sobrando para pagar advogados caríssimos e especializados em obter a negação de justiça para os seus clientes. Conseguiram segurar Maluf solto por quase cinquenta anos; são mesmo uns craques. É claro que não admitem que se mude um milímetro nas leis que permitem essa aberração. É claro que o ex-presidente Lula e o PT, diante de uma história dessas e indignados com a “rapidez” da justiça no seu caso, exigem tratamento igual.

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