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Inteligência aumentada chega ao comércio global

O que se viu na OMC é que a tecnologia, em vez de excluir, pode impactar muito positivamente as diferentes tratativas

Por Marcos Troyjo
Atualizado em 30 jul 2020, 20h16 - Publicado em 6 out 2018, 23h11

Marcos Troyjo

A inteligência artificial (IA) — ou inteligência aumentada, termo que prefiro — está aterrissando na conflagrada terra do comércio global.

Nesta semana, durante o Fórum Público da OMC (Organização Mundial do Comércio) os representantes dos mais de 160 países associados à entidade puderam tomar conhecimento do CTA (sigla em inglês de Conselheiro Cognitivo de Comércio).

Trata-se de uma ferramenta intensiva em IA que resulta do trabalho da Iniciativa Inteligente de Tecnologia e Comércio (ITTI), fundada pelo empresário brasileiro Daniel Feffer.

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Apaixonado pela temática da inovação, Feffer preside a sucursal brasileira da Câmara de Comércio Internacional (a ICC, que em 2019 completa 100 anos de existência).

A ICC surgiu no rescaldo da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) como uma aliança entre líderes empresariais convencidos de que o comércio e a interdependência poderiam evitar novos conflitos de grandes proporções.

Hoje, o desafio é evitar a propagação das tensões comerciais, bem como promover a inclusão de países de menor desenvolvimento relativo nos fluxos de importação e exportação.

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Num primeiro exame, a tendência da IA é transpor para o campo cognitivo as já abissais distâncias entre as capacidades digitais de diferentes países — o famoso digital divide.

Neste Fórum Público da OMC, no entanto, restou demonstrado que nada há de automático ou inevitável quando o assunto é a utilização da tecnologia para fomentar transações comerciais.

A ferramenta CTA utiliza a compreensão de linguagem natural (a forma como usualmente falamos e escrevemos) de modo a oferecer soluções cognitivas que podem aprimorar enormemente a maneira com que os negociadores se preparam para rodadas de conversações.

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Desenvolvida a partir de uma parceria entre a ITTI e a IBM, o Conselheiro Cognitivo de Comércio (CTA) é uma plataforma tecnológica capaz de ler, esmiuçar, classificar e interpretar milhares de dispositivos complexos encontrados nos acordos comerciais e em seus ajustes complementares.

O CTA, que se vale da tecnologia de IA Watson concebida pela IBM, faz tudo isso em menos de um segundo — tarefa que geralmente consome meses e exige grande número de pessoas com conhecimento técnico em direito comercial.

Com esse aplicativo, os negociadores economizam tempo e esforço nas atividades de pesquisa e compilação de resultados — e portanto melhora a qualidade do trabalho preparatório que os delegados têm de devotar às negociações.

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O resultado disso tudo é que negociadores comerciais de diferentes países experimentarão um pronunciado aumento de produtividade. Menos tempo será gasto na análise de documentos digitalizados ou em papel, ou ainda no exame de dados não estruturados.

Isso dará às partes envolvidas numa negociação mais tempo para engajar-se nas variáveis de economia política — onde tipicamente se gasta mais tempo e energia do processo negociador.

A ferramenta, se bem utilizada, torna menos desigual o campo do jogo negociador para países de menor desenvolvimento relativo.

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Embora o CTA ainda se encontre em fase de protótipo, o aplicativo foi estruturado tendo por base negociações comerciais de verdade, que se desenrolam neste exato momento, a saber: as tratativas entre o Mercosul e o Canadá.

Em sua primeira versão, o CTA está focado na complexa questão das chamadas “Regras de Origem” — o conjunto de critérios estabelecidos para que se determine de que país vem este ou aquele produto.

As regras de origem são de enorme importância para as negociações comerciais. Em inúmeros casos, tarifas ou restrições são impostas com base na origem das importações.

O CTA emprega um pacote de tecnologias que combina IA, análise de dados (analytics) e computação em nuvem para compreender e estruturar diferentes famílias de Regras de Origem. Oferece, assim, insumos rápidos e inteligentes para a tomada de decisão por parte dos negociadores.

Além disso, mediante essa inovação os negociadores comerciais poderão entender melhor as estratégias adotadas por diferentes parceiros. Isso é possível graças à análise automatizada de acordos comerciais já concluídos pela parte com que se está negociando. Os usuários estarão aptos a identificar padrões de regras aplicadas a um certo setor da economia ao amparo de acordos de comércio.

O CTA também disponibiliza um assistente cognitivo chamado “Adam” — ou seja, um interlocutor especialista em comércio capaz de compreender a linguagem humana e daí responder questões relativas a acordos comerciais, como “qual é a regra de origem aplicada a um determinado produto no âmbito do acordo entre União Europeia e Canadá?”. O “Adam” torna-se, assim, o primeiro assistente cognitivo a serviço das negociações comerciais.

O que se viu aqui na OMC nesta semana, apesar de todas as preocupações com o sistema multilateral do comércio, é que a tecnologia, em vez de excluir, pode impactar muito positivamente as diferentes tratativas. Com o uso expandido da IA, as negociações comerciais nunca mais serão as mesmas.

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