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Imagens em Movimento: Ruth Guimarães Botelho, uma mestra na arte de contar histórias

SYLVIO DO AMARAL ROCHA Em noites de tempestade, daquelas bem barulhentas, é que nasce o Sacy. Ele é chocado por sete anos dentro dos gomos do taquaruçu e fica setenta e sete anos no mundo. O Sacy não morre, vira orelha de pau, aquele fungo que cresce nos troncos das árvores. No dia 21 de […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 03h47 - Publicado em 25 Maio 2014, 15h41
Foto: Rita Elisa Seda

Foto: Rita Elisa Seda

SYLVIO DO AMARAL ROCHA

Em noites de tempestade, daquelas bem barulhentas, é que nasce o Sacy. Ele é chocado por sete anos dentro dos gomos do taquaruçu e fica setenta e sete anos no mundo. O Sacy não morre, vira orelha de pau, aquele fungo que cresce nos troncos das árvores.

No dia 21 de maio de 2014 as madeiras do vale do Paraíba se encheram de orelhas de pau. Ruth Guimarães Botelho morreu — ou se encantou, como costumava dizer.

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Professora, tradutora, escritora, pesquisadora e contadora de causos, Ruth — ou melhor, dona Ruth — ensinou para muitos a arte de contar histórias. Falava com propriedade, fazia pausas em momentos perfeitos e compunha a narrativa com seu corpo inteiro. Depois de escrever Água Funda, Filhos do Medo e tantos outros livros, chegou a vez Calidoscópio – A Saga de Pedro Malazarte, no qual estão 130 histórias do anti-herói pesquisadas durante 10 anos.

Tinha uma receita infalível de como colher bons causos. “Não chegue pedindo para que te contem uma história”, dizia. “Conte uma primeiro. Os que pensarem que você é louco, irão embora. Os que têm histórias para contar, vão se aproximar e dividi-las com você”.

Formada em letras clássicas pela USP nos anos 40, conviveu com Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Antonio Candido, Silveira Bueno e José Paulo Paes. Teve Roger Bastide como orientador e, em 2008, passou a ocupar a cadeira número 22 da Academia Paulista de Letras.

Muito conhecida no Vale do Paraíba, são poucos os que a “descobriram” na capital. Uma pena. Alguém como ela tem a capacidade de melhorar os que estão ao seu redor. Com uma generosidade ímpar, doava seu conhecimento e seu tempo para compartilhar e difundir a cultura nacional.

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No Brasil, professor é maltratado e, caipira, tido como bobo. Dona Ruth se apresentava como professora e caipira — e assim pedia para ser tratada. Tinha orgulho dos dois.

São raros os documentos em vídeo nos quais dona Ruth aparece. Uma entrevista ao Programa Todo Seu, de Ronnie Von, em 2011, alguns pequenos vídeos disponíveis no YouTube e o documentário Somos Todos Sacys, de 2005, que dirigi com Rudá K. de Andrade.

No filme, o depoimento de dona Ruth é o guia condutor, responsável por dar graça e profundidade ao mito. Vale a pena ver esta grande mulher fazendo o que sabia de melhor: contar histórias. Dona Ruth vai fazer muita falta.

[vimeo 11609651 w=480 h=295]

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