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Ficou braba

ARTIGO PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA Celso Ming Há quatro jeitos escapistas de encarar (ou de não encarar) esse aumento do custo de vida de janeiro, de 0,83%, que atira a inflação do período de 12 meses corridos para 5,99%. A primeira é afirmar, como ontem afirmou o ministro Guido Mantega, que “já era esperada […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h53 - Publicado em 9 fev 2011, 12h59

ARTIGO PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA

Celso Ming

Há quatro jeitos escapistas de encarar (ou de não encarar) esse aumento do custo de vida de janeiro, de 0,83%, que atira a inflação do período de 12 meses corridos para 5,99%.

A primeira é afirmar, como ontem afirmou o ministro Guido Mantega, que “já era esperada e é normal”. E o argumento dele é o de que em todos os janeiros há aumento das mensalidades escolares e reajuste da condução. No entanto, este foi o janeiro de inflação mais alta desde 2005 e nem tivemos alta dos combustíveis para empurrar os custos dos transportes para cima.

Essas altas fazem parte da estocada geral dos preços dos serviços. A disparada reflete-se, também, na difusão dos aumentos, que atingiram nada menos que 69,3% dos preços que integram o cestão do custo de vida (IPCA).

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Outro jeito escapista de tratar essa inflação é afirmar que ela tem em grande parte a ver com a alta das commodities, um fenômeno global e não apenas brasileiro, dando a impressão de que não há nada a fazer. Não é verdade. Os Estados Unidos e a Europa também enfrentam esse problema e, no entanto, seu impacto na inflação local hoje é irrelevante.

Um terceiro jeito escapista de qualificar essa inflação é afirmar que se trata de uma “pressão sazonal e passageira”. Também é uma forma de negar o fenômeno interno e de não fazer nada, de deixar que sare sozinho.

Pode-se identificar ainda uma quarta posição. A de alguns empresários que insistem em que “é melhor essa inflação aí do que aguentar os juros escorchantes”. O problema é que a sociedade, por meio dos canais escolhidos para isso, definiu que a meta de inflação deste ano é de 4,5%. E, no entanto, como a coisa está, cresce o risco de ultrapassagem da meta já incluída aí a faixa de tolerância de 2 pontos.

Essa inflação é o produto de três causas que se conjugaram: despesas excessivas do governo federal; disparada também excessiva do crédito; e atraso do Banco Central em começar a agir. É o resultado de uma demanda que avançou muito mais rapidamente do que a capacidade de oferta da economia e que não encontrou nenhum obstáculo no caminho.

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Mostra, também, que, dado o baixo índice de poupança do brasileiro, de apenas 17% do PIB, e esse nível de investimento, de 20% do PIB, não dá para crescer entre 7% e 8% ao ano. O motor está queimando óleo e ameaça fundir.

Também fica claro que, uma vez ultrapassado o que os especialistas chamam de “taxa neutra de emprego”, que é o crescimento dos postos de trabalho e dos salários acima do aumento da produtividade, fica ainda mais difícil evitar a inflação. A situação é de pleno emprego (índice de desemprego de apenas 5,3%) numa paisagem de desaceleração da atividade industrial que já dura dez meses.

O corretivo é conhecido: contenção das despesas públicas para que criem menos renda e consumo; redução da velocidade do crescimento do crédito; e é, lamentável repetir, aumento dos juros. A eficácia da terapêutica é uma questão de dosagem. Quanto mais vacilar o governo em reduzir suas despesas, maior terá de ser a dosagem dos juros. Se, em vez de fazer o jogo do contente; se, em vez de seguir afirmando que essa inflação não é preocupante e tal; e se o ministro Mantega reconhecesse que a inflação é o que é (sem ter de exagerar) e que vai atacá-la com rigor, ganharia em credibilidade e em capacidade de controlar as expectativas dos agentes econômicos.

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