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Especial VEJA: Lincoln Gordon ─ Ele só torceu ou torceu o pepino?

Publicado na edição impressa de VEJA Tomaram duas doses de uísque White Horse cada um. No cardápio, supremo de frango à kiev e medalhão de filé acebolado regados, como se dizia, a champanhe rosé. Lincoln Gordon (que tomou Ginger Ale da Antarctica) serviu-se do supremo e cutucou o anfitrião. “Tinha de ser à kiev?” Juscelino […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h05 - Publicado em 8 abr 2014, 08h32

Publicado na edição impressa de VEJA

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General Castello Branco e Lincoln Gordon

Tomaram duas doses de uísque White Horse cada um. No cardápio, supremo de frango à kiev e medalhão de filé acebolado regados, como se dizia, a champanhe rosé. Lincoln Gordon (que tomou Ginger Ale da Antarctica) serviu-se do supremo e cutucou o anfitrião. “Tinha de ser à kiev?” Juscelino Kubitschek rebateu: “Podemos fazer à cubana se o senhor preferir”. Foi um raro momento de leveza na noite de 30 de março de 1964 no triplex de JK no Leblon. “O presidente estava nervoso. Ouvia duas rádios ao mesmo tempo. Uma estação de São Paulo e a outra de Belo Horizonte. Praguejava contra o general Amaury Kruel. Dizia: ‘Meu Deus, o Amaury não se mexe’.” A lembrança de JK ansioso pela adesão de Kruel, comandante do II Exército, ficou na memória do embaixador americano no Brasil da véspera do movimento que derrubou João Goulart.

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Enquanto o embaixador jantava com JK, o chefe da CIA no consulado americano em Belo Horizonte mandava um telegrama urgente para a Casa Branca, em Washington ─ com cópia para Gordon. O presidente Lyndon Johnson leu-o imediatamente. A cópia do embaixador foi para a pilha de informes. “Quando cheguei à embaixada no dia seguinte, estavam todos eufóricos com a notícia de que as tropas de Minas Gerais estavam sublevadas contra Goulart. Os relatos eram tão quentes que nem me interessei em ler os informes do dia anterior.”

Abraham Lincoln Gordon foi uma daquelas cabeças brilhantes da Universidade Harvard atraídas para o serviço público. Ajudou no Plano Marshall, em que “por um punhado de dólares impedimos que a Europa caísse na órbita do império comunista”. Até a morte tranquila, em 2009, Gordon tentou convencer amigos e inimigos de que:

1 ─ Os Estados Unidos não lideraram nem apoiaram os militares em 64. Só torceram pelo sucesso deles. (“Os generais brasileiros fizeram tudo sozinhos, com imenso apoio popular e da maioria da classe política.”)

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2 ─ Não havia plano de intervenção militar imediata. (“No dia 31 nossa frota estava a dez dias de viagem do Brasil. Os navios não traziam forças de ataque. Eles seriam usados para evacuar cidadãos americanos em caso de guerra civil. Eles voltaram para suas bases antes de chegar ao Canal do Panamá.”)

3 ─ Os americanos agiriam só no caso de os comunistas tomarem o poder. (“Qualquer ação militar no Brasil, um país-continente, oferece desafios operacionais incomensuráveis. Não tínhamos nada preparado. Mas é certo que analisaríamos a hipótese.”)

4 ─ Dormia o sono dos justos. (“Jango daria o autogolpe, seria traído e no lugar dele colocariam um títere fiel a Cuba. Como tantos democratas, apoiei o Castello, e não os 21 anos de ditadura que, ninguém entre nós imaginava, se seguiriam.”)

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