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Especial VEJA: José Serra — “Encerra, Serra. Encerra”

Publicado na edição impressa de VEJA Seis meses antes do golpe, o presidente da União Nacional dos Estudantes, um jovem chamado José Serra, reuniu-se com o presidente João Goulart no Rio de Janeiro. Em nome da Frente de Mobilização Popular, união de grupos de esquerda que apoiava o governo, exigiu que Jango desistisse do projeto […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h03 - Publicado em 13 abr 2014, 08h24

Publicado na edição impressa de VEJA

serra1964

Seis meses antes do golpe, o presidente da União Nacional dos Estudantes, um jovem chamado José Serra, reuniu-se com o presidente João Goulart no Rio de Janeiro. Em nome da Frente de Mobilização Popular, união de grupos de esquerda que apoiava o governo, exigiu que Jango desistisse do projeto que instituía o estado de sítio, uma das muitas de suas fracassadas artimanhas. Ouviu uma resposta surpreendente: “Olha, jovem, tu não precisas te preocupar porque já tomei providências para retirar. Não deixem essa notícia circular, pois vou anunciar depois de amanhã. Mas o estado de sítio não era para agredir vocês, não era contra o povo. Agora, vou lhe dizer uma coisa: eu não vou terminar este mandato, não. Não chegarei até o fim”.  O líder estudantil pressentiu o fim. “Fiquei assombrado ao ouvir do presidente, conformado, uma convincente previsão pessimista sobre o destino do seu mandato. Em nenhum momento mais, essa ideia me abandonou”, conta Serra.

Nem por isso ele mudou a postura radical, típica da época. Em 23 de agosto, já tinha discursado no comício da Cinelândia em memória do suicídio de Getúlio Vargas. Subiu ao palanque de novo em 13 de março de 1964, na Central do Brasil, quando foi o mais jovem e um dos mais impetuosos a discursar. Jango anteviu o tom extremado e mandou Hércules Corrêa, líder sindical comunista que atuava como mestre de cerimônias, limitar o tempo do presidente da UNE ao microfone: “Vou te anunciar, você dá boa-noite, recebe as palmas e encerra, Serra. Encerra”.

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Ele, naturalmente, não seguiu as instruções e cuspiu fogo. Chegou a chamar o general Amaury Kruel, à época aliado de Jango, de “traidor incestuoso”. Em 30 de março, na iminência do golpe, instalou-se na sede dos Correios no Rio, transformada em central de informações dos janguistas, sob o comando do coronel Dagoberto Rodrigues. No fim do dia, os tanques que protegiam o local começaram a virar seus canhões para o prédio. Serra fugiu por uma porta lateral e se escondeu na casa do deputado Tenório Cavalcanti, em Duque de Caxias.

Deitado em um sofá, ouviu pelo rádio a notícia do incêndio da sede da UNE, na Praia do Flamengo, por paramilitares de Carlos Lacerda. Foi para a Embaixada da Bolívia. Tinha 22 anos. É um dos sete personagens mostrados nestas páginas que podem dar um depoimento direto. Os outros seis são Maria Thereza Goulart, Ieda Maria Vargas, Brigitte Bardot, Cabo Anselmo, Clodesmidt Riani e Carlos Heitor Cony.

Colaboradores: André Petry, Augusto Nunes, Carlos Graieb, Diogo Schelp, Duda Teixeira, Eurípedes Alcântara, Fábio Altman, Giuliano Guandalini, Jerônimo Teixeira, Juliana Linhares, Leslie Lestão, Otávio Cabral, Pedro Dias, Rinaldo Gama, Thaís Oyama e Vilma Gryzinski.

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