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Em fevereiro, os 376 deputados que aprovaram o reajuste já gastaram 454 salários mínimos só com combustível

Branca Nunes e Bruno Abbud O senador Itamar Franco (PPS-MG) conseguiu deixar constrangido o líder do governo, Romero Jucá, ao lembrar a resposta famosa do então presidente João Figueiredo a um jornalista que lhe perguntou o que faria se ganhasse salário mínimo: “Daria um tiro na cabeça”. Em seguida, Itamar quis saber como devem ser […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 12h43 - Publicado em 25 fev 2011, 21h49

Branca Nunes e Bruno Abbud

O senador Itamar Franco (PPS-MG) conseguiu deixar constrangido o líder do governo, Romero Jucá, ao lembrar a resposta famosa do então presidente João Figueiredo a um jornalista que lhe perguntou o que faria se ganhasse salário mínimo: “Daria um tiro na cabeça”. Em seguida, Itamar quis saber como devem ser gastos os R$ 545 mensais aprovados pelo Congresso. Jucá não soube o que dizer, como tampouco saberiam os 376 deputados federais que, na semana anterior, haviam aprovado o reajuste proposto pelo governo. Um salário mínimo é a conta dos combustíveis e lubrificantes que consomem a cada 30 dias.

Neste fevereiro ─ mês em que o novo salário mínimo foi definido, discutido e aprovado –, os 376 aliados gastaram, em conjunto, R$ 247.792,75 (454 salários mínimos) em gasolina e álcool, uma média de 659 reais por deputado. A cifra pode ser muito maior, já que os congressistas têm 90 dias para apresentar a nota fiscal.

Todos os meses, cada deputado tem direito a R$ 4.500 (mais de oito salários mínimos) para consumir em gasolina. O valor é acumulativo. Seria o suficiente para cobrir em linha reta a distância que separa o Brasil do Japão. Enquanto alguns limitam-se a gastar 100 ou 200 reais por mês, outros fazem questão de não deixar poupar um só centavo. É o caso de Aníbal Gomes (PMDB-CE), Assis do Couto (PT-PR), Átila Lins (PMDB-AM), Filipe Pereira (PSC-RJ), Gonzaga Patriota (PSB-PE), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Jhonatan de Jesus (PRB-RR), José Airton (PT-CE), Lázaro Botelho (PP-TO), Marcos Medrado (PDT-BA), Nelson Meurer (PP-PR), Neri Geller (PP-MT), Roberto Britto (PP-BA), Rosinha da Adefal (PTdoB-AL) e Zequinha Marinho (PSC-PA). Todos gastaram 100% da verba para combustíveis em fevereiro.

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Muitos deputados fazem questão de abastecer o carro oficial da Câmara sempre no mesmo posto. Gilmar Machado (PT-MG), por exemplo, gastou R$ 2.420,12 (quatro salários mínimos) num posto em Uberlândia, interior de Minas. Num estabelecimento em Francisco Beltrão, interior do Paraná, Assis do Couto (PT-PR) gastou toda a verba a que tem direito. E o deputado Vicentinho (PT-SP) comprou R$ 1034,08 (dois salários mínimos) em gasolina num posto em São Bernardo do Campo.

Os parlamentares da Câmara também desembolsam muitos salários mínimos em restaurantes, contas telefônicas, hospedagens em hotéis, passagens aéreas, aluguéis de jatinhos e ─ mesmo com carros oficiais disponíveis ─ locação de veículos.  O deputado Marllos Sampaio (PMDB-PI) apresentou quatro notas fiscais de R$ 219 gastos numa churrascaria em Brasília. Ou esteve no local quatro vezes ou dividiu a conta de R$ 876 (mais de um salário mínimo) em quatro parcelas. O site da Câmara não fornece tal informação.

Gonzaga Patriota (PSB-PE) usou a verba pública para quitar a conta de 1.493 (quase três salários mínimos) num restaurante em Petrolina que vende bode assado. Igualmente dispendiosa, a conta telefônica de Elcione Barbalho (PMDB-PA), ex-mulher de Jader Barbalho, somou R$ 2.599,27 (cinco salários mínimos) em fevereiro. A de João Magalhães (PMDB-MG), R$ 2.687,60 (cinco salários mínimos). E, para um único hotel, Odair Cunha (PT-MG) concedeu R$ 2.620,80 (cinco salários mínimos) de sua cota parlamentar.

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Com passagens aéreas as despesas aumentam. O deputado Sérgio Britto (PSC-BA) gastou R$ 14.000 (mais de 25 salários mínimos). O recorde foi batido neste mês por Neri Geller (PP-MT), que depositou R$ 19.900 (mais de 36 salários mínimos) só na conta da empresa Ararauna Turismo Ecológico, sediada em Cuiabá.

Mesmo com carro oficial disponível, Damião Feliciano (PDT-PB) pagou R$ 6.814,80 (12 salários mínimos e meio) para uma locadora de automóveis em Campina Grande. O deputado Evandro Milhomen (PCdoB-AP), por sua vez, deu R$ 6.000 (11 salários mínimos) da sua cota para “locação de veículos automotores ou fretamento de embarcações” para uma cooperativa de proprietários de empresas de transporte em Macapá.

Todos os deputados citados acham que 47 milhões de brasileiros devem decidir como sobreviver com 545 reais por mês.

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