Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Editorial do Estadão: O assassínio da vereadora

Para os que exploram a morte de Marielle, o trabalho da polícia é desnecessário, pois já conhecem as motivações e os autores intelectuais do crime

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h31 - Publicado em 17 mar 2018, 21h28

O assassínio da vereadora Marielle Franco (PSOL) no Rio de Janeiro demanda rápida reação das autoridades a cargo da segurança pública daquela cidade, ora sob intervenção federal. É preciso celeridade para encontrar e punir os responsáveis por esse crime que chocou o País. Até lá, contudo, também é preciso que haja, em igual medida, serenidade. Em nada contribui para a solução do caso e muito menos para a pacificação do Rio de Janeiro a utilização do assassinato de Marielle para objetivos políticos.

Até que o inquérito seja concluído, qualquer sugestão de que o crime tenha caráter político isto é, que a vereadora tenha sido assassinada em razão de seu trabalho na Câmara do Rio de Janeiro em defesa dos direitos de moradores de favelas e comunidades carentes é precipitada e se presta a ornar discursos com finalidades oportunistas.

Não à toa, o PT tratou logo de explorar o caso. Em resolução aprovada a toque de caixa, o partido fez a proeza de vincular o caso de Marielle ao de Lula da Silva, um corrupto condenado. Segundo o texto, “o cerco ao companheiro Lula ocorre em meio a uma escalada de autoritarismo no país”, na qual se insere, diz o partido, a intervenção federal no Rio, chamada na resolução de “militarização de esferas de competência do poder civil”. Daí que “a mais recente e trágica consequência dessa escalada foi o assassinato da companheira Marielle Franco”.

A presidente cassada Dilma Rousseff também deu sua contribuição para essa versão, ao dizer que o assassínio da vereadora “faz parte” do “golpe”, que é como os petistas qualificam o impeachment constitucional que apeou a indigitada senhora da Presidência. “E por que eu digo que faz parte? Porque o golpe não é um ato, o golpe é um processo”, explicou Dilma, para em seguida dizer que a intervenção no Rio “faz parte do crescente do golpe”, que “começa a matar e a reprimir”. Com igual irresponsabilidade, a deputada Erika Kokay (PT-DF) subiu à tribuna da Câmara para dizer que Marielle foi assassinada por “uma bala azeitada pelo golpe que este parlamento deu à democracia deste país”.

Como se observa, para esses personagens o trabalho da polícia é desnecessário, pois já conhecem as motivações e os autores intelectuais do crime. Um grupo de acadêmicos formado no Rio para acompanhar a intervenção federal emitiu nota em que afirma que, “independentemente da motivação dos autores da execução, o que houve foi um assassinato político”. E dizem isso de cara lavada, mesmo não sabendo quem são os homicidas. Ou sabem? Também não faltaram aqueles que viram semelhanças entre o caso de Marielle e assassínios de dissidentes do regime militar, considerando clara a participação de agentes do Estado no episódio e insinuando que o País se encontra à beira do estado de exceção.

Continua após a publicidade

Tudo isso se presta a alimentar o clima de animosidade que favorece apenas os inimigos da democracia. Nada tem a ver com o crime em si, muito menos com a própria Marielle, personagem que até seu trágico assassínio era desconhecida da maior parte do País. Na disputa que esses inconformados travam contra as instituições nacionais, Marielle é mero pretexto.

É justamente para desarmar os que exploram a desgraça alheia com propósitos políticos que as investigações precisam muito rapidamente entregar resultados. Do mesmo modo, é necessário que as autoridades não contribuam para dar ao caso os contornos de uma guerra, como fez o secretário nacional de Segurança Pública, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ao dizer que a reação das Forças Armadas e da polícia do Rio terá de ser “enérgica e arrasadora”.

É claro que não se pode pretender, ante a comoção nacional, que o assassínio de Marielle seja tratado como um crime qualquer. Por outro lado, seu caso não pode ser considerado mais importante do que, por exemplo, o assassínio do policial militar Jean Felipe de Abreu Carvalho, de 29 anos, cometido poucas horas depois, na zona oeste do Rio. Jean Felipe estava de folga e foi baleado por assaltantes. Com isso, chegaram a 27 os PMs mortos no Estado do Rio somente neste ano no ano passado, foram mais de 130 – e nenhum deles teve a notoriedade post mortem da vereadora Marielle.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.