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Editorial do Estadão: Bloqueios contra os pobres

Os pobres foram os mais prejudicados pelo efeito inflacionário da crise no transporte rodoviário. O bloqueio de estradas esfarelou o orçamento familiar

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h24 - Publicado em 7 jul 2018, 13h42

Os pobres foram os mais prejudicados — como se podia prever — pelo efeito inflacionário da crise no transporte rodoviário. O bloqueio de estradas no fim de maio dificultou a entrega de produtos essenciais, incluídos alimentos, reduzindo a oferta no varejo e esfarelando o orçamento familiar. Sem surpresa, o custo de comida e bebidas puxou a alta dos indicadores oficiais de inflação durante a paralisação dos caminhões e nas semanas seguintes. Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,26%, na maior variação para o mês desde a taxa de 2,26% em 1995. Esta apuração mostra o impacto na despesa típica das famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. O prejuízo imposto às famílias mais modestas, com renda de 1 a 5 salários mínimos, é mostrado pela evolução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), com elevação de 1,43%, a mais ampla para o mês também desde 1995 (2,18%).

A variação de preços dos alimentos foi multiplicada por mais de 6 de um mês para outro, pulando de 0,32% em maio para 2,03% em junho, no caso das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. O encarecimento de comida e bebida teve um impacto de 0,50 ponto porcentual na formação do índice e foi o principal fator da alta de 1,26% do IPCA. No caso do INPC, o aumento geral de 1,43% foi puxado pelo salto de 2,24% do custo da alimentação (0,29% no mês anterior). A evolução do item alimentos e bebidas teve impacto de 0,67 ponto porcentual na formação do INPC, quase metade da variação total de 1,43%.

A forte pressão iniciada em maio mudou abruptamente a trajetória dos dois indicadores de inflação calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso do IPCA, a alta acumulada em 12 meses passou de 2,86% em maio para 4,39% em junho. Durante 13 meses consecutivos, a partir de maio do ano passado, essa taxa havia ficado abaixo de 3%. Na maior parte desse período (11 meses), nem sequer havia batido em 3%.

Nesta fase, a inflação tomada como referência principal pelo governo e pelo Banco Central (BC) foi inferior ao limite mínimo de tolerância fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), 1,5% abaixo da meta anual de 4,5%.

No caso do INPC, a variação em 12 meses passou de 1,76% em maio para 3,53% em junho. Durante 12 meses, a partir de junho do ano passado, a alta acumulada havia sido inferior a 3% e com frequência inferior a 2%. As famílias mais pobres, com renda de até 5 salários mínimos, vinham tendo a rara e preciosa experiência de uma inflação menor que a das camadas médias baixas e médias.

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Embora outros fatores tenham contribuído para esse resultado, a inflação moderada para as famílias de rendimento mais modesto refletiu principalmente a evolução favorável dos preços da alimentação. Quem vive com orçamento tão limitado tem quase sempre algum motivo de queixa. Isso é facilmente compreensível. Mesmo com inflação baixa, a alta de preço de qualquer bem ou serviço desarranja os gastos. De toda forma, inflação moderada sempre torna a vida mais fácil, especialmente quando evoluem favoravelmente os preços da alimentação, um item com peso tanto maior quanto menor a renda.

O aumento de preços provocado pela paralisação do transporte pode ser passageiro, como afirmou o gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves. É mais difícil avaliar, neste momento, o impacto da alta do dólar, porque a instabilidade cambial poderá prolongar-se nos próximos meses.

A turbulência no câmbio dependerá de fatores externos, como o conflito comercial entre Estados Unidos e China e a alta dos juros americanos, e internos, associados principalmente à incerteza política.

Seja como for, a inflação ficará neste ano acima das projeções formuladas até há pouco e bem mais próxima da meta de 4,5%. Dirigentes do BC terão de avaliar esses e outros fatores para decidir, a partir de agosto, se os juros voltarão a subir. Mesmo sem juros maiores, a incerteza eleitoral já afeta o ritmo da economia e do emprego. De novo, os mais pobres são os mais prejudicados.

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