Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Editorial do Estadão: Adiamento injustificável

É hora de o Estado do Rio de Janeiro assumir o que lhe compete – realizar um sério ajuste fiscal

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 19h37 - Publicado em 29 jun 2019, 15h39

É inaceitável o pedido do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, para adiar por mais dois anos o reinício do pagamento do serviço da dívida com a União, previsto originalmente para 2021. Depois da ampla renegociação das dívidas realizada em 2017, o mínimo que o Estado do Rio de Janeiro deve fazer é cumprir o que foi previsto no Regime de Recuperação Fiscal, sem buscar novos adiamentos. Não se pode postergar indefinidamente, à custa do cofre da União, a implantação de uma política estadual de responsabilidade fiscal.

Mas se é acintoso o pedido de Wilson Witzel por novas regras, ainda mais descabido é o modo como o governador do Rio de Janeiro vem lidando com a questão. A rigor, ele não fez um pedido, mas uma ameaça ao governo federal. Antes da reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, Wilson Witzel afirmou, sem meias-palavras, que haveria, na bancada do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados, de 30 a 35 votos favoráveis à proposta da reforma da Previdência. O recado era claro: diante da necessidade de aprovar a reforma previdenciária, seria muito arriscado, neste momento, que a União se atrevesse a não cumprir as demandas do Estado do Rio de Janeiro.

Em primeiro lugar, não cabe ao Executivo aceitar ou rejeitar a proposta do governador do Rio de Janeiro. As obrigações financeiras do Estado do Rio Janeiro, relativas à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, foram estabelecidas pelo Congresso, por meio da Lei Complementar 159/2017. Colocar sobre os ombros da União essa responsabilidade, além de ser uma manobra populista, significa desconhecer a origem de suas obrigações financeiras.

A Lei Complementar 159/2017 veio atender precisamente a um pedido do Estado do Rio de Janeiro, que queria contar com condições mais benéficas para conseguir pagar suas dívidas. Atualmente, o Estado do Rio de Janeiro deve à União cerca de R$ 150 bilhões. É um montante significativo, que exige uma séria política de austeridade fiscal. Em vez disso, a administração estadual prefere o caminho fácil de recorrer novamente à União. Vale lembrar que o Rio de Janeiro é até agora o único Estado beneficiado pelo Regime de Recuperação Fiscal, com a suspensão do pagamento da dívida com a União por quatro anos. E mesmo assim o governador Wilson Witzel quer mais dois anos de prazo?

Continua após a publicidade

Na negociação com o governo federal em 2017, o Estado do Rio de Janeiro deu em garantia a um empréstimo de R$ 2,9 bilhões a Cedae, a estatal estadual de saneamento. Na ocasião, a Assembleia Estadual do Rio de Janeiro autorizou a venda da empresa. “Fica o Poder Executivo autorizado a alienar a totalidade das ações representativas do capital social da Cedae, inclusive quando importar transferência de controle”, dispôs o art. 1.º da Lei 7.529/2017. No entanto, a Cedae ainda não foi privatizada e não se tem notícia precisa sobre o andamento do processo. Recentemente, o governador Wilson Witzel renovou a promessa. “A venda da Cedae vai ser realizada”, disse, alegando que não podia dar mais detalhes da privatização pois estavam trabalhando com “dados confidenciais”.

Certamente, é ainda muito confidencial – de conhecimento especialmente restrito – a política de ajuste fiscal do Estado do Rio de Janeiro. O próprio secretário do Tesouro, Mansueto de Almeida, manifestou surpresa com o pedido do Rio de Janeiro. Ele lembrou que o Rio de Janeiro é um “Estado rico”, que vem apresentando alta de arrecadação e aumento das receitas de royalties. “Tem que ver por que o Rio está com dificuldade de seguir um plano que ele próprio desenhou”, disse ao jornal Valor Mansueto de Almeida, referindo-se ao Regime de Recuperação Fiscal.

Em vez de um novo adiamento, que o Congresso não tem por que conceder, é hora de o Estado do Rio de Janeiro assumir o que lhe compete – realizar um sério ajuste fiscal. Caso contrário, pagar em 2023 será tão impossível quanto pagar em 2021. A solução, não há outra, é a responsabilidade.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.