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Editorial do Estadão: A negligência da PM do Rio

De que adianta o investimento em um aparato de inteligência se as informações que eles produzem não ensejam ações minimamente controladas?

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h44 - Publicado em 20 set 2017, 17h09

Crivada por mais de uma centena de tiros de grosso calibre, a van branca jaz destruída como sucata abandonada em uma viela. Ao primeiro olhar, a imagem impressionante leva o observador a pensar que a fúria do ataque foi tal que seria impossível qualquer forma de vida no interior do veículo ter sobrevivido à tempestade de chumbo. Sem outra referência externa, poderia tratar-se de um veículo que transportava socorro médico ou profissionais de imprensa em algum país conflagrado.

A cena, no entanto, foi vista no Rio de Janeiro durante mais uma batalha da interminável guerra entre facções de traficantes de drogas.

Além dos sofridos efeitos da corrupção e da debacle econômica com os quais já tem de lidar, a população fluminense sente-se insegura e entregue à própria sorte diante da situação de absoluto desgoverno em que se encontra o Rio, o que faz daquele Estado um lugar onde não só os bandidos não temem as forças dissuasórias da lei, como ainda se sentem confortáveis para ousar escalar as afrontas ao Estado Democrático de Direito.

Na madrugada do último domingo, um bando de aproximadamente 50 traficantes ligados a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o “Nem”, ex-chefe do tráfico de drogas na Rocinha, hoje preso na Penitenciária Federal de Porto Velho, seguiu em direção à maior favela do País para retomar o controle da venda de drogas no local, hoje nas mãos de Rogério Avelino da Silva, o “Rogério 157”, antigo lugar-tenente de “Nem”.

A batalha a céu aberto, que, de acordo com informações oficiais, deixou um morto e três feridos, causou pânico em moradores, pedestres e motoristas que circulavam pela Gávea e por São Conrado, bairros divididos pela Rocinha, durante mais de seis horas. Ruas e túneis foram fechados.

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Ainda é difícil saber exatamente o que ocorreu na favela porque a Polícia Militar (PM) não foi capaz de agir como deveria, seja evitando um confronto sobre o qual já tinha informações prévias, seja ocupando o local para evitar uma carnificina ainda maior e restabelecer a segurança dos moradores. De acordo com relatos destes, diversos corpos de bandidos envolvidos no confronto eram incinerados por rivais no meio das ruas.

Os criminosos ignoraram completamente a presença da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) instalada na Rocinha há exatos cinco anos – em 20 de setembro de 2012 –, em mais um claro sinal de desafio dos bandidos ao poder do Estado e da falência da política de segurança pública concebida pelo ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso por corrupção.

Por mais inquietante que tenha sido a dimensão do mais recente confronto entre os traficantes do Rio – um tiroteio como há muito não se via em uma área urbana no País –, mais absurda foi a negligência da PM do Estado que, mesmo podendo, nada fez para evitar um conflito daquela magnitude, de consequências imprevisíveis para as vidas de centenas de cidadãos.

Questionado sobre a inação da PM, que não interveio mesmo tendo informações dando conta da iminência da invasão da Rocinha por um grupo de traficantes, o major Ivan Blaz, porta-voz da corporação, disse que a polícia não agiu com mais força (para acabar com o confronto) porque uma intervenção “poderia expor a população a risco ainda maior”.

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Ora, não se pode escamotear uma gravíssima inobservância do dever de ofício sob o pretexto de uma suposta cautela. Prudência, aliás, que a PM do Rio não demonstrou ter em diversas outras incursões recentes nos morros cariocas.

De que adianta o investimento em um aparato de inteligência para dotar as forças policiais do Estado de meios de combate à criminalidade que representem o mínimo risco para os cidadãos, se as informações que eles produzem não ensejam ações minimamente controladas?

A declaração do major Blaz é grave tanto pelo que diz como pelo que deixa implícito. Caso a PM decidisse agir, ao invés de proteger, representaria mais um fator de risco para a população. É para isso que ela existe?

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