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Editorial do Estadão: A falta de lideranças

Diagnóstico dessa deficiência é um alerta sobre a qualidade da sua democracia e da sua capacidade de fazer valer, na vida política, o interesse público

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h55 - Publicado em 6 Maio 2017, 21h27

A crise econômica, política, social e moral que o País vive desvela com grande nitidez e de forma sintomática um fenômeno que não é novo, mas que nos últimos tempos se manifesta dentro de contornos bastante dramáticos: a falta de lideranças públicas.

Não se trata de uma questão teórica. Basta tentar encontrar soluções para a crise que a constatação brota imediatamente: o cenário político nacional está devastado e não há lideranças capazes de construir saídas efetivas para a crise.

Encontram-se, deve-se reconhecer, nomes que, a seu tempo, contribuíram decisivamente para a construção do País. Agora, estão a gozar de merecida aposentadoria e seria injusto fazer recair sobre essas pessoas a responsabilidade pela resolução dos problemas atuais. Cada geração deve levar o seu bastão.

E é justamente isso o que parece faltar à geração atual – a capacidade de assumir o peso da condução da vida pública. Quando se olha o Congresso, por exemplo, veem-se alguns temperamentos fortes, algumas pessoas com um histórico de luta política, alguns empresários e profissionais de sucesso em sua área de atuação, mas nada além disso. Predomina o chamado baixo clero. Ou, como às vezes parece, existe apenas o baixo clero.

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A situação não é muito diferente quando se vai da política para a vida econômica, acadêmica ou social. Há, como não poderia deixar de ser, nomes de relevo, às vezes por seus feitos na vida empresarial, às vezes por um currículo acadêmico brilhante ou por uma irretocável trajetória internacional, mas – volta-se a repetir – não se veem destacadas lideranças nacionais.

A situação está à vista de todos: o mundo público nacional sofre uma grave carência de grandes e decisivos talentos. Por causas diversas, o País não tem conseguido prover a vida pública de pessoas com a formação e o talento necessários para serem líderes políticos em seu sentido mais amplo e genuíno.

Não raro se formulam críticas sobre a educação nacional. Abundam diagnósticos e avaliações a atestar que não estamos formando adequadamente as novas gerações para os desafios da vida contemporânea. Por deficiências da escola nacional, o Brasil estaria desperdiçando os talentos de sua juventude, que permanecem ocultos e incultos. A produtividade do brasileiro permanece estagnada ou até mesmo retrocede. Pois bem, a crítica de idêntico teor é plenamente cabível a respeito da formação de novas lideranças políticas. Estamos a desperdiçar talentos e, quando mais deles precisamos, não os temos.

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Quando se clama por lideranças não se prega a substituição da vontade da maioria pelo mando de alguns poucos iluminados. Muito menos se sustenta que a democracia falhou e deveria ser substituída por uma aristocracia disfarçada.

A democracia, em seu funcionamento mais pleno, necessita de lideranças fortes e esclarecidas, capazes de aglutinar sentimentos, representar vontades, promover consensos e levar adiante projetos que ultrapassem os interesses particulares. Na verdade, um dos primeiros sintomas da ausência de líderes é o esmaecimento da democracia, com o alheamento da população em relação à coisa pública.

Quando segmentos cada vez mais numerosos da população gritam que não estão representados no Congresso, não são apenas as instituições que apresentam trincas. É a própria Nação – a sociedade, como querem alguns – que não está sendo capaz de regenerar o tecido de seus órgãos vitais. Pois não são apenas as instituições nem tampouco os procedimentos abstratos que fazem a democracia. São as pessoas que constroem e viabilizam esse regime onde não há soberanos nem cidadãos de segunda categoria. Dessa igualdade fundamental de todos perante a lei não decorre, porém, um igualitarismo de funções, como se todos devessem ter idêntico papel na máquina social. A alguns, com talento e formação adequados, movidos por genuíno espírito público, cabe exercer funções de liderança.

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O País não pode fingir que não sofre dessa deficiência. Na verdade, o diagnóstico a respeito da falta de lideranças é um alerta sobre a qualidade da sua democracia e da sua capacidade de fazer valer, na vida política, o interesse público.

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