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Deonísio da Silva: Rá-tim-bum: É hora, é hora, é hora

A expressão surgiu na década de 1930, em restaurantes e botecos frequentados por estudantes de Direito da USP

Por Augusto Nunes Atualizado em 25 abr 2017, 21h14 - Publicado em 23 abr 2017, 12h29
(Reprodução/Reprodução)

Não foi só o sanduíche bauru que foi criado por um estudante de Direito da USP. Também esta frase, tão cantada em ocasiões festivas, nasceu nas Arcadas, famosas por ali terem estudado jovens que se tornaram referências não só no mundo jurídico, mas também na Literatura e na Política. Ra-tim-bum, às vezes antecedida de “é hora, é hora, é hora!”, ou ainda da variação “é pique, é pique, é pique! “, dita também “é big, é big, é big”, surgiu na década de 30 do século XX, em restaurantes e botecos frequentados por alunos do Largo de São Francisco, no coração de São Paulo.

Doutor pela Universidade de Roma I: La Sapienza, Eduardo César Silveira Vita Marchi, professor e ex-diretor da Faculdade de Direito da USP, conta que antes das modernas geladeiras os estudantes precisavam aguardar que as cervejas fossem resfriadas em barras de gelo, pois não havia como resfriar tantas simultaneamente. Quando os garçons traziam à mesa a nova remessa, pela qual os jovens haviam esperado, era hora de beber e celebrar com vivas a este ou àquele tema, a esta ou à aquela personalidade pública.

Reza a lenda universitária que por aqueles anos um rajá indiano visitou a Faculdade. Era muito simpático e bonachão e seu nome soava como “rajá timbum”. Rajá designa rei ou príncipe, em sânscrito. Timbum deveria ser o nome pelo qual era conhecido. E com o tempo a sílaba “já” foi sorvida junto com a cerveja bem gelada e a expressão virou ra-tim-bum.

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Já a variante “é pique, é pique, é pique” era homenagem a um estudante chamado Ubirajara Martins. Ele usava uma tesourinha para aparar a barba e o bigode pontiagudo que o caracterizavam. O ruído do objeto soava como “pic, pic, pic”.

Estes refrões, cantados preferencialmente no restaurante Ponto Chic, berço do bauru e referência da culinária paulistana por muitas décadas, ganharam o gosto do público porque os estudantes eram convidados para animar festas de aniversários, ocasião para divulgarem suas canções habituais.

Em 1938, a expressão, já alterada, como ocorre em criações coletivas, foi parar na marchinha Touradas em Madrí, de Alberto Ribeiro e João de Barros: “Eu fui a uma tourada em Madrí/ Parará-tim-bum, bum/ E quase não volto mais aqui.”

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A seguir, colocam Catalunha na história só para rimar com unha, e “amola” e “carambola”, eufemismo para palavra de baixo calão, cujo fim era apenas fazer a rima apropriada: “Eu conheci uma espanhola/ Natural da Catalunha/ Queria que eu tocasse castanhola/ E pegasse um touro à unha/ Caramba! Carambola!/ Eu sou do samba/ Não me amola/ E pro Brasil eu vou fugir”.

E assim os bordões ganharam a vida nacional. Nascidos na elite intelectual do país, desceram aos estádios para obter a consagração popular, que esta independe de diplomas e títulos.
Ps. Este texto deve muito a um artigo de Fabrício Marques, publicado na Revista da Fapesp, edição 102, agosto de 2004, e à revista Superinteressante, setembro de 2015.

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