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Delação de ex-governador de MT começa a estremecer o Brasil

Emanuel Pinheiro, prefeito de Cuiabá, e outros parlamentares são flagrados recebendo maços de dinheiro

Por Branca Nunes 25 ago 2017, 21h23

Em novembro de 2009, ao ser flagrado embolsando maços de dinheiro, José Roberto Arruda, ex-governador de Brasília, justificou a bolada dizendo que a grana seria usada para comprar panetones para os pobres da capital federal. Não conseguindo convencer nem a mãe, acabou preso pouco depois. Emanuel Pinheiro, prefeito de Cuiabá, não precisou chegar a tanto para ter a prévia absolvição dos companheiros.

Nesta quinta-feira, o Brasil assistiu pelo Jornal Nacional Pinheiro enfiando nos bolsos do paletó e recolhendo do chão maços de notas entregues por Sílvio César Augusto Corrêa, na época chefe de gabinete de Silval Barbosa, ex-governador de Mato Grosso que assinou há pouco um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. “Recebo com surpresa e indignação a notícia veiculada a minha imagem, totalmente deturpada pela noticiada delação premiada do ex governador (sic) do estado de Mato Grosso”, escreveu Pinheiro no Facebook. “Por tratar-se de processo judicial com caráter sigiloso o qual (sic) ainda não tive acesso e, por recomendação dos meus advogados, não vou me estender a esta acusação”.

A explicação colou, revelou o site O Livre ao contar que a Câmara de Cuiabá não deve adotar qualquer iniciativa contra o prefeito. “A situação é extremamente delicada”, ponderou o vereador Justino Malheiros (PV), presidente da Mesa Diretora. “Mas ainda não há informações sobre a origem do vídeo nem do dinheiro que o prefeito recebeu”.

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O vídeo, sabe muito bem Malheiros, é uma das provas entregues por Silval Barbosa para embasar sua delação, classificada como “monstruosa” pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, que acaba de autorizar a abertura de inquérito para investigar as denúncias. Além de Pinheiro, outros ex-deputados estaduais aparecem nas gravações recebendo dinheiro. Entre eles está Luciane Bezerra (PSB).

Atual prefeita de Juara, município localizado a 730 quilômetros de Cuiabá, Luciane resolveu trocar o silêncio por uma explicação que lembrou a de José Roberto Arruda. “Ela estava recebendo parte de uma dívida contraída pelo próprio ex-governador de Mato Grosso”, jurou o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), marido de Luciane. “O dinheiro não se trata de propina alguma”.

Os argumentos foram derrubados por um outro vídeo divulgado pelo Livre, no qual a prefeita faz piadas enquanto guarda o dinheiro na bolsa. “Faz o seguinte, tira o que é do Riva que ele não precisa de dinheiro e me dá”, diz, referindo-se a José Riva, ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, condenado a 21 anos e oito meses de prisão por lavagem de dinheiro e peculato. “Eu vim com a bolsa muito cheia”, observa, enquanto tenta encontrar espaço para acomodar os maços.

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No início de agosto, a existência de vídeos em que deputados apareciam recebendo uma espécie de mensalinho já havia sido divulgada pela Folha. Na reportagem, Silval acusava Blairo Maggi (PP), atual ministro da Agricultura, de articular um esquema para liberar dinheiro de precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais) estaduais em troca do apoio na Assembleia Legislativa. O valor da mesada seria de R$ 80 mil. Maggi negou as acusações.

Nesta quinta, o nome do ministro voltou ao noticiário político-policial numa reportagem do Jornal da Globo. De acordo com o depoimento de Silval, Maggi teria articulado para anular a Operação Ararath, espécie de Lava Jato mato-grossense. O ex-governador disse ainda que o apoio do ministro à sua candidatura foi condicionado à manutenção de um esquema ilegal para o pagamento de uma dívida milionária com o empresário do ramo de factorings Valdir Piran. Em nota, Maggi qualificou as afirmações como “mentirosas e levianas”.

Velho conhecido do ministro Gilmar Mendes, Silval Barbosa governou Mato Grosso de 2010 a 2014. Preso em 2015 pela Operação Sodoma, que investiga crimes de fraudes na concessão de incentivos fiscais, conquistou o direito à prisão domiciliar em junho deste ano. No acordo de delação premiada firmada com a Procuradoria Geral da República (PGR) e homologado pelo STF, ele se comprometeu a devolver R$ 70,087 milhões aos cofres públicos.

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Ao que tudo indica, o “conteúdo monstruoso” do depoimento de Silval Barbosa está apenas começando a estremecer o país.

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