Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Cristovam Buarque: O Congresso se divorciou da população

Entre outros assuntos, o entrevistado tratou da crise política que tem no Congresso um dos protagonistas

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h49 - Publicado em 11 jul 2017, 16h12

O convidado do Roda Viva desta segunda-feira foi o senador Cristovam Buarque. Nascido na capital de Pernambuco, ele cursou engenharia mecânica na Escola de Engenharia do Recife e tornou-se doutor em Economia na Sorbonne, em Paris, para onde se mudara  depois da decretação do AI-5. Governador do Distrito Federal de 1995 a 1999, foi ministro da Educação do primeiro governo Lula durante pouco mais de um ano. Eleito senador pela primeira vez em 2003, exerce atualmente o segundo mandato e é uma das mais importantes figuras da oposição ao governo federal. Confira trechos da entrevista:

“Há vários políticos honestos e honrados no Congresso, mas hoje aparecem muito mais aqueles que estão envolvidos em escândalos de corrupção. O que faltam são bandeiras, porque são elas que justificam fazer politica. Não vale apenas a luta pela moralidade. Isso é pré-condição, não bandeira. Se fosse só para defender a moralidade, bastariam a Justiça e a polícia”.

“Sou a favor das reformas. As leis trabalhistas são de uma época em que não havia elevador elétrico. Alguns argumentam o que o trabalhador não sabe dizer se é melhor para ele ter meia hora de almoço e ganhar meia hora no fim do dia. É uma visão escravocrata. O brasileiro tem sim condições de negociar com o patrão”.

“Quero que a escola do filho do pobre tenha a mesma qualidade que a do filho do rico. Isso é um pensamento de esquerda. Não quero que seja igual, porque é preciso haver liberdade, mas tem que ter a mesma qualidade. A questão não é mais lutar pela igualdade de renda, mas pela qualidade igual para todos”.

“Nunca houve por parte do governo Lula um investimento na educação de base. O que dá voto é a universidade e foi nisso que eles investiram”.

“As pessoas só vão para rua quando, além de serem contra alguma coisa, são a favor de outra. A política mudou. Hoje, se faz política também pela internet e ela está muito mobilizada. A ágora hoje é a internet. Mas tenho a impressão que se surgir uma ideia nova, esse povo que está nas ruas virtuais com certeza vai para as ruas físicas”.

“Quem me chama de golpista é ex-esquerda. São aqueles que não viram que o mundo mudou. Estão discutindo entre táxi e uber quando já existe carro sem motoristas. Estão discutindo uma hora de almoço quando as pessoas trabalham em casa. Meu voto é pelo golpe contra a corrupção, pela modernização do Estado e do conhecimento. Estou dando um golpe sim, mas no acomodamento, na falta de vigor transformador”.

Continua após a publicidade

“Manteria o voto pelo impeachment de Dilma Rousseff, até porque ele teve uma razão técnica. O que me arrependo é que o ele não foi completo, porque deveríamos ter tirado também o Temer”.

“Temos que ir em frente aconteça o que acontecer, blindando a economia e levando para frente as reformas. A economia tem que funcionar bem qualquer que seja o presidente. Não podemos ter medo das consequências da Lava Jato”.

“Do ponto de vista do preparo intelectual, o José Serra é o mais preparado da minha geração, Mas acho que, além de ter um pensamento um pouco atrasado, foi contaminado pelas delações, pela Lava Jato. Quanto ao Aécio, ele e o Senado cometeram um erro ao não seguir adiante com a investigação na Comissão de Ética. Não posso julgar, mas convenhamos que pedir R$ 2 milhões emprestados a um açougueiro é meio estranho. A gente pede dinheiro emprestado, quando tem que pedir, a um banqueiro – e publicamente”.

“O que me preocupa são os políticos jovens. Não quero que eles se salvem só da Lava Jato, quero que eles se salvem sintonizados com o futuro. Com aquilo que se chamava ‘o espírito do tempo’, para onde vai a história, como desamarrar o Brasil. Onde queremos chegar? Nós nos acostumamos a dizer que o Brasil precisa crescer. Não é mais crescer, é evoluir. Não é mais ser rico, é ser civilizado. Não é mais ter muitos bilionários, é não ter nenhum pobre. Não é mais ter cota para entrar na universidade, é todos disputarem igualmente uma vaga independentemente da renda do pai e do endereço onde mora”.

“Não existe hoje um arcabouço ideológico que nos une. Os partidos, que deveriam ser a casa das ideias, são meras siglas. Os políticos não convivem mais. A transmissão ao vivo pela TV Senado acabou com o diálogo. Falamos para o público. Não existem mais caciques, cardeais, que eram os políticos que uniam respeitabilidade e influência. Hoje há apenas aqueles que têm influência”.

“Se o partido decidir pelo meu nome estou disposto a ser candidato à Presidência em 2018”.

Continua após a publicidade

“Houve um divórcio entre o Congresso e a população. Aumentar o fundo partidário, por exemplo, é um crime. Defendo que o dinheiro do fundo seja usado inteiramente para a educação. Não tem sentido as campanhas brasileiras serem as mais caras do mundo. Elas devem ser financiada por quem simpatiza com o candidato. O Brasil pode fazer muita coisa gastando menos. Um bom prefeito não é aquele que gasta muito em educação, é o que diminui a taxa de analfabetismo”.

“Se houver uma eleição indireta, defendo que o eleito não seja de dentro do Congresso”.

“O Lula e o Bolsonaro aparecerem como líderes nas pesquisas de intenção de voto é a prova de que o Brasil tem vocação para o passado. É o populismo e o autoritarismo. Temos que olhar o futuro e enxergar o passado como história, não com apego”.

A bancada de entrevistadores reuniu os jornalistas Jefferson Del Rios, Débora Bergamasco (IstoÉ), Pedro Venceslau (Estadão), Thais Bilenky (Folha) e Thiago Uberreich (Jovem Pan). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido ao vivo pela TV Cultura.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.