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Por Coluna
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Crianças

Felizes e em harmonia, não automatizadas pelas bugigangas eletrônicas destes tempos. Ainda falavam com entusiasmo de folguedos aprendidos por tradição

Por Heraldo Palmeira
Atualizado em 30 jul 2020, 20h28 - Publicado em 14 Maio 2018, 21h03

Heraldo Palmeira

Rever Pirenópolis é sempre um grande prazer. A cidade, voltada ao turismo e acostumada a receber gente do mundo inteiro aos borbotões, consegue manter aquele ar de cidade do interior que parou no tempo colonial e nos faz sentir em casa. Com o charme adicional do roteiro gastronômico obrigatório.

No restaurante do jantar da primeira noite havia uma sala de espera ao lado do balcão principal, com sofá de quatro lugares e duas poltronas diante de uma tevê. O programa jornalístico tratava de meio ambiente e mostrava o fechamento de um lixão.

Quatro crianças assistiam ao programa com surpreendente interesse. Eram todas de Belém e desfrutavam mais uma das costumeiras viagens de férias em família.

Duas estavam realmente cansadas. As outras, os irmãos Cauê e Raiana – peço desculpas à minha amiguinha se, por acaso, errei a grafia do seu nome –, de nove e onze anos, se mostraram adoráveis.

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Diante da imagem de uma criança magricela falando a respeito do que era viver no lixão, eu provoquei:

– Já pensou, uma criança vivendo assim?

– Não, eu nunca pensei – respondeu Cauê de pronto, explicado, inquieto.

Com o fim do programa, deixamos a tevê de lado e entramos em animada conversa. Raiana e eu falamos de muitas coisas, das viagens que ela já fez, das que pretende fazer, das aventuras escolares, do pai que já não é casado com a mãe, mas continua presente, e com quem já tinha planejado a primeira viagem internacional. Iriam à Turquia, ela sonhava voar naqueles balões coloridos da Capadócia.

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Pouco depois, alguns familiares se achegaram para conferir o bem-estar das crianças proseando com um estranho, e logo se entregaram simpáticos a mais um pouco de conversa. Saí daquele restaurante encantado e certo de que, com crianças como aquelas, há esperança no futuro.

Mesmo diante da quantidade de pequenas criaturas insuportáveis que infestam o mundo – quase sempre “formadas” à imagem e semelhança dos adultos que as cercam (que bem poderiam aproveitar alguma dica do livro Crianças francesas não fazem manha) –, encontrar por acaso aqueles dois meninos e duas meninas adoráveis ficou guardado como uma prova de que educar é uma arte que pode passar pelas melhores escolas, mas começa em casa, no comprometimento, no exemplo dos pais e demais responsáveis.

Aquelas crianças pareciam felizes, estavam em harmonia, não foram automatizadas, digitalizadas pelas bugigangas eletrônicas de ocasião, ainda falavam com entusiasmo de folguedos aprendidos por tradição, por ouvir dizer. Não eram escravas do grande senhor invisível, eram apenas crianças sendo crianças. E que, como que por magia, me contaram histórias deliciosas.

Talvez por que vivessem na soleira da grande floresta tropical, a natureza como companheira de infância e fonte de encantamento. Talvez por que tenham tido a sorte de uma boa vida familiar. Era mesmo uma dádiva encontrar crianças que não eram mimadas. Que não podiam tudo. Que eram apenas crianças.

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