Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Coluna
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Celso Arnaldo: uma das mais estarrecedoras entrevistas da curta e assombrosa história política de Dilma sobre a face da Terra (1)

Ainda bem que fui alertado com algumas horas de antecedência: “Acredite, é uma das mais estarrecedoras entrevistas da curta e assombrosa história política de Dilma sobre a face da Terra”, avisou-me Celso Arnaldo ontem à noite. Claro que acreditei. Nem por isso escapei dos sobressaltos. A coisa é tão perturbadora que, para permitir ao leitor […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h24 - Publicado em 29 ago 2010, 13h56

Ainda bem que fui alertado com algumas horas de antecedência: “Acredite, é uma das mais estarrecedoras entrevistas da curta e assombrosa história política de Dilma sobre a face da Terra”, avisou-me Celso Arnaldo ontem à noite. Claro que acreditei. Nem por isso escapei dos sobressaltos. A coisa é tão perturbadora que, para permitir ao leitor recuperar o fôlego e recuperar-se do assombro, a coluna decidiu publicá-la em dois capítulos. A parte final entra no ar às quatro da tarde. Apertem os cintos, amigos. Estamos entrando no túnel do espanto:

Faltam 35 dias para as eleições e, a menos que seja asfixiada por um colar de anacolutos no discurso de posse, a mulher completamente desarticulada que aparece neste vídeo não é mais a candidata tosca e folclórica à Presidência, uma sátira à la Zorra Total, mas a mulher que vai receber, de mão beijada pelo bafo de Lula, um mandato pelo qual os brasileiros a autorizam a exercitar na prática o conjunto de suas sapiências, suas expertises, nas diferentes áreas da administração federal.

O assunto que Dilma Rousseff escolheu para esta “conversa” com a imprensa é a “assistência integral” à criança. A iniciativa de discorrer sobre o tema foi portanto dela, o que elimina qualquer atenuante para o assombroso teor desta entrevista. É crime doloso, é o infanticídio de um governo natimorto.

Ela chega toda animada, já com ares de presidente e aquele sorriso falso que põe um dente na calçada e logo se recolhe. E aparentemente entusiasmada com o que vira na véspera:

– Até porque, eu tive (sic) ontem na Bahia…

Da Bahia trouxe mais um subsídio para incluir no projeto que promete revolucionar a assistência à criança no Brasil, da barriga da mãe até o “ensino fundamental, mé….fundamental e médio, ensino básico”, como ela explicará mais tarde.

“Salta aos olhos uma coisa, né? Porque um país do tamanho do nosso, com a população de crianças e jovens que nós temos, é um pais que vai tê de sê medido pela capacidade que tivé de fazê uma política que inclua as crianças”.

Continua após a publicidade

Seja lá o que for isso, soa como um mea culpa: nos oito anos do governo Lula, os 60 milhões de crianças brasileiras de 0 a 14 anos formaram um coral de Macaulays Culkins: “Esqueceram de nós, esqueceram de nós!!!”

Mas como a presidente Dilma pretende “incluir” as crianças em seu governo?

“De uma forma especial. Que construa o cuidado com as crianças desde o momento da gestação da mãe, passano obviamente pelo parto e chegando até ao atendimento à criança nos seus primeiros anos de vida, que é um momento muito especial”.

A presidente Dilma deve ter aprendido esse “construa” com a ex-companheira Marina, mas aprendeu também que as crianças nascem — aliás depois da gestação da mãe, e não do pai, como às vezes acontecia no governo da oposição — e precisam de cuidados desde o momento em que vêm ao mundo. Ninguém ainda havia pensado nisso.

E o que a presidente Dilma vai fazer, ou já fez, para inventar no Brasil a assistência materno-infantil, que nem Lula pensou em criar? Ela explica com autoridade:

Continua após a publicidade

“Nós, pra isso, pra essa, pra esse cuidado, construímos a Rede Cegonha”

Olha ela aí gente!! Novidade: a Rede Cegonha já foi “construída” pela presidente Dilma. Para levar o Brasil no bico.

“A Rede Cegonha é um….primeiro, ela tá baseada num ponto de prevenção, que é o tratamento da mulher quando grávida. O acompanhamento da gravidez, todos os exames de praxe e também a avaliação do feto e todo o acompanhamento que isso requer. Será feito através de Clínicas da Mulher”

Não deu para entender muito bem. Dilma pretende criar isso? O que ela descreve como “meta de governo”, embora com outro nome, é o beabá da assistência materno-infantil, disponível em todo o Brasil. Melhorar é outra história. São Paulo, aliás, tem um programa da mulher quase modelar, em nível municipal e estadual.

“Depois tem a questão fundamental do parto. Ter maternidade de baixo risco e alto risco. E, na sequência, no tratamento dos primeiros dias, meses da criança, é a estrutura de UTIs neonatais, com hospitais de referência da criança”.

Continua após a publicidade

A presidente Dilma acaba de criar, por decreto, a Obstetrícia e a Pediatria Neonatal no Brasil. Começa bem. Mas o que será oferecido nesses hospitais de “referência”?

“Cê tem basicamente um atendimento que eles chamam, né, já mais sofisticado, né, com maior nível de complexidade. Então lá se trata de problemas que vão desde a questão do coração, né, por exemplo, crianças que nascem com problemas de coração, passando por todas as doenças que podem levá a risco de vida do bebê”

Nos hospitais criados por Dilma, doenças serão tratadas, bem como doenças afetivas, a tal “questão do coração”.

Mas, depois de dona Cegonha, é hora de introduzir outra pérola que a deslumbra: o SAMU, o já consagrado serviço de resgate federal.

Traduzindo: é o serviço, aliás eficientíssimo e valoroso, que vem até você quando se disca 192. A presidente quer reinventar o SAMU -– lembram do debate da Band, “aquele serviço que transporta crianças”?

Continua após a publicidade

“Junto a isso, nós temos o SAMU. Porque o SAMU tem desempenhado no Brasil um papel fundamental, que é juntá toda a rede e olhá onde que tem disponibilidade e onde que a criança, ou o adulto, no caso, deve ser levado”

A presidente Dilma descobriu recentemente que os motoristas e atendentes do SAMU só levam seus passageiros a prontos-socorros e hospitais onde eles possam ser atendidos prontamente, depois da óbvia checagem pelo rádio, no caminho -– é isso que ela chama de “juntá toda a rede e olhá onde tem”.

Mas estava na hora de juntar SAMU com cegonha, não? Lógico:

“Para as crianças criamos o SAMU Cegonha”.

Ah, já criou? Posso chamar? A presidente Dilma aciona a sirene:

Continua após a publicidade

“O SAMU Cegonha é basicamente para o atendimento da mulher no momento da gravidez”

Ou seja: engravidou, já chama o SAMU Cegonha para lhe dar os parabéns. Mas espere:

“E o SAMU Cegonha da fase já do bebê é o atendimento pra levá a criança, justamente ou pruma, prum tratamento na UTI neonatal ou prum hospital de referência de alta complexidade”

Ou seja: o SAMU Cegonha fará exatamente o que já fazem as ambulâncias. Mas parece claro que, no governo Dilma, a “fase já do bebê” será coisa de gente grande.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=1ur6m98vKws?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&feature=player_embedded#at=566&w=425&h=344%5D

(A segunda e última parte do grande texto de Celso Arnaldo será publicada às quatro da tarde)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.