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Carga de alto risco

Máfias domésticas como o PCC, CV e FDN, principalmente, estão ascendendo ao clube das transnacionais do crime na América do Sul

Por José Casado
Atualizado em 30 jul 2020, 20h32 - Publicado em 6 mar 2018, 16h46

José Casado, publicado no Globo

Semana passada no Porto do Rio, Estado sob intervenção militar, no intervalo de 12 horas foram confiscados 1.300 quilos de cocaína com mais de 70% de pureza. Estavam dentro de dois contêineres (TCLU2094075 e MSCU5657761), com lacres clonados, escondidos entre produtos de construção civil. Chegaram de Santos e seguiriam para a Bélgica a bordo do navio MS Arica.

No governo considerou-se fato típico da paisagem criminal carioca. Mas a vida real mostra outra coisa. Como demonstram sucessivos relatórios policiais, é outra nova notícia sobre a mudança de patamar do Brasil na economia global do narcotráfico.

O país agora é a principal plataforma de exportação de cocaína da Bolívia, Peru e Colômbia para rotas protegidas na África e na Europa. O fluxo ocorre a partir dos portos de Rio, Santos, Vitória, Ilhéus, Salvador, Paranaguá, Itajaí, Rio Grande, Santarém, Manaus e Fortaleza. Nas últimas oito semanas, por exemplo, foram apreendidos 902 quilos no porto de Santos.

Essa mudança de posição brasileira no mapa-múndi do tráfico começou a ser percebida em 2016, quando as apreensões de cocaína nos portos somaram 15 toneladas — sete vezes mais que o volume confiscado nos aeroportos. O embargo cresceu 30% no ano passado, na estimativa preliminar dos órgãos de segurança.

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Um dos efeitos é o aumento do risco financeiro e patrimonial para empresas exportadoras com negócios lícitos. Suas vendas ao exterior se tornam passíveis de sobrepreço, como consequência da fiscalização mais lenta e minuciosa sobre as cargas procedentes do Brasil.

Máfias domésticas (PCC, CV e FDN, principalmente) estão ascendendo ao clube das transnacionais do crime na América do Sul. De forma visível, ampliam laços com bandos do México, Colômbia, Peru, Bolívia e Paraguai nas cadeias de produção, transporte, distribuição e exportação de drogas à Europa, África e ao Oriente Médio, sobretudo via Rio e São Paulo.

Na organização doméstica, os brasileiros se dividem, basicamente, em três núcleos: os “banqueiros” financiam; os “transportadores” protegem e conduzem a carga; e, os “despachantes”, que identificam navios, rotas, contêineres, falsificam lacres e embarcam a droga.

A internacionalização de grupos criminosos brasileiros ocorre numa etapa de aumento da produção de coca na Colômbia (+ 40%), no Peru (+8%) e na Bolívia (+14%), em quatro safras anuais. Os produtos da Colômbia e da Bolívia são disputados pela pureza e rentabilidade — a desvalorização do peso colombiano aumentou os lucros em 40%, desde 2016.

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Compra-se o quilo de pasta-base a US$ 800 em Guaviare (Colômbia) e em Santa Cruz (Bolívia). Vende-se o quilo de cocaína por US$ 83 mil em Genebra, Suíça. A valorização é de 10.275%, sem paralelo na economia legal.

Essas transnacionais brasileiras florescem numa etapa de debilidade institucional, agravada pela crise fiscal e incompetência demonstrada pelo Executivo, Legislativo e Judiciário, prisioneiros de discursos baratos.

Pobres são meros peões no tráfico. A mais recente “lavanderia” de lucros, descoberta em Foz do Iguaçu, fronteira com o Paraguai, operava com 1.382 contas bancárias, pelas quais transitaram cem mil CPFs. Movimentou R$ 5,7 bilhões entre 2012 e 2016. Principalmente, em operações de comércio exterior.

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