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Bruxarias de sexta-feira e do número 13

Há muito o que celebrar nesta e nas futuras semanas, depois de tantas apreensões

Por Deonísio da Silva
Atualizado em 15 abr 2018, 11h13 - Publicado em 15 abr 2018, 11h13

Deonísio da Silva

Sexta-feira passada foi dia treze, número de azar, evitado há quase quarenta séculos, ainda mais quando combinado com a sexta-feira. Mas por quê?

O número 13 é tão temido que o Código de Hamurábi, de cláusulas e artigos pétreos literalmente, promulgado em diorito, rocha que tem na designação o Grego diorizo, separar, distinguir, salta do 12 para o 14, evitando o artigo 13.

Há outras referências. Pedro Álvares Cabral voltou a Portugal com apenas sete das treze naus de sua frota ou esquadra enviada para o Achamento do Brasil, dito também Descobrimento.

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E assim o rei Dom Manuel I viu-se obrigado a autorizar o primeiro superfaturamento de nossa História, deixando que o audaz navegante vendesse a carga de trinta toneladas de pimenta e outras especiarias, com preço tão alto quanto fosse suficiente para cobrir os custos da viagem de tantas perdas. (O jornalista Eduardo Bueno, o Peninha, é autor de divertidos livros sobre este e outros temas).

Mas, quinze séculos antes de Cabral, Jesus fez sua Última Ceia na companhia de doze apóstolos, um dos quais o traiu, ainda que o tenha chamado de amigo quando Judas, seu tesoureiro e caixa de campanha, veio identificá-lo na noite escura para os soldados romanos: “Amigo, a que vieste?”.

O dia seguinte foi sexta-feira e Jesus estava lá dependurado na cruz, morrendo crucificado, depois de traído pelo amigo.

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Bem antes de todos estes eventos, teria havido o Dilúvio, ocorrido também numa sexta-feira, quando Matusalém, o homem mais velho do mundo, morreu afogado, uma vez que não foi embarcado na Arca de Noé.

Recuando um pouco mais na História, nos mitos e em outras narrativas lendárias, os egípcios consideravam doze estágios na vida humana, seguida, então, do de número treze, a morte, ainda que, sendo destino de todo homem, não poderia ser em si mesma azar.

A deusa Friga, um dos nomes do planeta Vênus para os nórdicos, planeta este homenageado na designação de sexta-feira em tantas línguas, era uma bruxa e se reunia com outras colegas de ofício nas noites de sexta-feira para planejar malefícios para a humanidade.

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Aliás, com exceção do Português, todas as línguas homenageiam deuses pagãos nos dias da semana. O Português lembra o comércio na designação dos dias da semana de segunda a sexta-feira. Mudam os nomes apenas para sábado e domingo.

Nas outras línguas são homenageados a estrela Sol, o satélite Lua, os planetas Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno. Para designar o sábado, em algumas línguas, Saturno cede a vez ao Hebraico Xabbat, repouso. As evidências destes deuses são de fácil comprovação nos nomes dos dias da semana em outras línguas.

Segunda-feira homenageia a Lua: Lunes, no Espanhol; Lundi, no Francês; Lunedì, no Italiano e Monday, no Inglês; Montag, no Alemão. Terça, o planeta Marte em Martes, Mardi, Martedì, Tuesday e Dienstag, na sequência Espanhol, Francês, Italiano, Inglês e Alemão, só para mais exemplos.

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Na sexta-feira temos a deusa Vênus ou sua equivalente como deusa do amor em Viernes, Vendredi, Venerdì, Friday e Freitag. Os deuses aparecem com os nomes adaptados em todos os outros dias, mas o Alemão faz uma exceção na quarta-feira, substituindo a palavra equivalente ao deus Mercúrio por Mittwoch, meio da semana.

E, diferentemente do Inglês, domingo é marcado pelo étimo de dominus, senhor, na expressão dies dominicus, forma adjetivada de dia do senhor, equivalente a senhorial ou senhoril no Português, pois se fosse pelo substantivo seria dies domini, dia do senhor.

Dies dominicus, que virou domingo em Português, originalmente grafado dominga, tornou-se designação universal adaptada a outras línguas por obra do Latim, cuja variante eclesiástica passou a ter larga influência a partir do século IV, depois de dois decretos decisivos: um, do imperador Constantino I, com o Edito de Milão, no ano de 313, que garantia a liberdade de culto aos cristãos, e outro do imperador Teodósio I, em 380, com o Edito de Tessalônica,  que tornou o cristianismo a religião oficial do poderoso império romano.

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A variante eclesiástica recebeu inúmeras contribuições de outras línguas, sobretudo do Grego, de larga influência nas designações científicas, filosóficas, teológicas etc.

Da prevalência do Grego sobre as designações científicas um bom exemplo é o étimo de phármakon (medicamento, remédio), pharmakeía (farmácia) e pharmakeutikós (farmacêutico), antigamente escritos com as iniciais ph, depois substituídas por f. Mas, em prédios antigos ainda encontramos em relevo a palavra pharmacia, em vez de farmácia.

Embora no Inglês persistam Sunday, dia do Sol, para domingo, e Saturday, dia de Saturno, outras línguas, não apenas as neolatinas, acolheram o Hebraico Xabbat, repouso, ainda que depois de escalas no Grego e no Latim, como é o caso do Alemão Samstag e do Francês samedi.

Todavia o cristianismo deslocou o dia de descanso de sábado para domingo, dia em que esta coluna vai semanalmente ao ar na VEJA on-line, no blogue de Augusto Nunes, depois de originalmente publicada no portal do Instituto da Palavra, como informado abaixo.

Uma boa semana a todos! Afinal há muito o que celebrar nesta e nas futuras semanas, depois de tantas apreensões.

*Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor
Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
https://portal.estacio.br/instituto-da-palavra

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