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Por Coluna
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Autor do livro de cabeceira do PT também escreveu a letra de ‘Marli Meu Travesti’

PUBLICADO NO PORTAL IMPLICANTE Exclusivo: trazemos a todos vocês a obra de Amaury Ribeiro Jr. que foi censurada pela grande, pequena e até pela média mídia. Não é nenhum documento secreto escondido no armário, mas sim uma bela canção que consta do álbum “Precoce” (e “precoce” nesse sentido mesmo que você pensou…) de Amaury Ribeiro […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 09h46 - Publicado em 13 jan 2012, 15h04

PUBLICADO NO PORTAL IMPLICANTE

Exclusivo: trazemos a todos vocês a obra de Amaury Ribeiro Jr. que foi censurada pela grande, pequena e até pela média mídia.

Não é nenhum documento secreto escondido no armário, mas sim uma bela canção que consta do álbum “Precoce” (e “precoce” nesse sentido mesmo que você pensou…) de Amaury Ribeiro Jr. Infelizmente, a mídia não deu o destaque necessário a esse talento. Vale dizer que todas as músicas são muito bem escritas e executadas; então escolhemos a esmo a bela cantiga “MARLI, MINHA TRAVESTI”.

Ouçam clicando em “play” (conseguimos localizar a música na web, em mais uma prova de que a arte e a cultura devem ser compartilhadas), a letra está abaixo (foto do encarte, pois obviamente compramos disco tão belo). Depois disso tudo, nossa análise desse clássico.

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https://www.goear.com/files/external.swf?file=b95251a

Melodia muito parecida com “São Paulo, São Paulo”, do Premê. Com uma letra tão genial dessas, sejamos justos, não é lícito cobrar uma melodia 100% original. Vejam só que epopéia:

Alguns trechos PRECISAM ser comentados, pois são simplesmente excepcionais e mostram o talento inequívoco do compositor além da interpretação simplesmente perfeita e crível:

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E a meio outros pares
Marli, meu travesti
Cruzamos as pernas
Grudamos as pintas
Cresceu a sua mão

Cresceu a mão! Essa metáfora já mostra que o autor pertence às mais sofisticadas escolas da poesia moderna. O que poderia crescer? Ora, muita coisa! Ou apenas uma, enfim… Mas ele escolheu as mãos, logo após unir as “pintas”. A pinta de cada um? O autor e Marli tem cada qual sua pinta, e as uniram. Uma paulada lírica, definitivamente.

Em vez de “em meio a” sai um “a meio”. Ele está certo, ora! Poetas, vocês sabem, têm licença para cometer um ou outro pecadilho, mesmo se for pecado capital para a gramática. Mas o que gramáticos normativos entendem de amor? E de Marli? Pois é… O importante é prevalecer o lirismo. Assim, o leitor/ouvinte recebe uma verdadeira paulada poética.

Fazemos façanhas, inventamos mil transas
Nos damos sem pudor
Somos românticos, apaixonados
O maior dos casais
Adotamos uns filhos
Deixamos os tiros
Em nome do nosso amor

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É preciso parabenizar o autor por não estar filiado a escolas e sistemas retrógrados. Suas rimas não são como aquelas conservadoras, que possuem a tal “identidade fonética”. Ele prefere rimar “façanhas” com “transas”, “roupas” com “bocas”, “guardas” e “quebrava”, e a praticamente parnasiana “eróticos” com “simbiótico”.

Também fascina a parte do “deixamos os tiros” cuja motivação (de tê-los deixado) seria “em nome do amor”. Mas o que significam esses “tiros”? Que tipo de “tiro” alguém abandona em nome do amor? Pode ser bangue-bangue ou alguma outra carreira – as dúvidas ensejadas pela canção só a enriquecem.

Trocamos as roupas
Juntamos as bocas
Pra não se separar (…)
Que sonhos eróticos
Que amor simbiótico
Marli, não vivo sem ti

A parte “trocamos as roupas” pode levar a várias interpretações, afinal, quais as de Marli e quais da personagem da composição (que ninguém faz a menor idéia de quem seja)? E é trocar entre si ou cada qual substitui o que veste por outra peça de roupa, talvez mais confortável? Mais uma vez, portanto, o poeta apresenta questões existenciais intrigantes.

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O trecho “pra não se separar” é simplesmente uma poesia dentro do poema, pois, se são as pessoas, seria “separarmo-nos”, mas provavelmente diz respeito às bocas e o autor – sabiamente – optou por não flexionar o infinitivo. Ao mesmo tempo, transgrediu ao usar a próclise em vez da ênclise obrigatória. Cumpre uma regra da norma culta e transgride uma mais basilar. Isso é raro e só há uma explicação para isso: talento poético.

Por fim, o nome: “Meu Travesti”.

Os linguistas ainda debatem de forma árdua para consolidar uma determinação gramatical do gênero do substantivo. Por enquanto, vale tanto “a” quanto “o” travesti. Mas como usar uma ou outra forma? O que difere “a” de “o” travesti? O autor optou por “o”, deixando no título, de maneira talentosíssima, a principal dúvida acerca de Marli.

Conclusão
A música só não perdeu esse gênio para a literatura porque, como sabem os que têm polegares opositores e já se puseram a ler de fato o quanto escrito, ele não é exatamente um literato. Mas, no campo da canção popular, é imbatível.

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Merece um TRIVIAL, seguramente.

De mais a mais, pedimos ENCARECIDAMENTE que NINGUÉM seja preconceituoso ou agressivo nos comentários. Mesmo os leitores “da antiga” acabarão levando cortes (se bem que, nossos queridos leitores sabem fazer a coisa direito sem ensejar a facada censória).

Ah, sim! Já ia esquecendo… Amaury trabalha na RECORD, emissora do…

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=utRxkhgRecI?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&feature=player_embedded&w=425&h=344%5D

Pedimos clemência episcopal (sem cacófato) de Edir Macedo. A poesia acima de tudo, Edir! Contamos contigo: não exorcize a beleza dessa canção.

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