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A Lava Jato juntou de novo o pecuarista que planta navio-sonda, o senador que lidera uma gaiola e o comerciante de letras

Em abril de 2009, a revista Dinheiro Rural informou em primeira mão que José Carlos Bumlai atingira um status bem superior ao de mero amigo do peito de Lula. Ele também se tornara O CONSELHEIRO RURAL DO PRESIDENTE, foi avisando já no título a reportagem concebida para festejar os triunfos da sumidade sul-matogrossense que hospedou o candidato […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 23h49 - Publicado em 17 dez 2015, 20h35

Em abril de 2009, a revista Dinheiro Rural informou em primeira mão que José Carlos Bumlai atingira um status bem superior ao de mero amigo do peito de Lula. Ele também se tornara O CONSELHEIRO RURAL DO PRESIDENTE, foi avisando já no título a reportagem concebida para festejar os triunfos da sumidade sul-matogrossense que hospedou o candidato do PT na campanha de 2002.

Na fotomontagem que ilustrou a página de abertura, Bumlai sorria para a posteridade à frente de parte do seu vasto rebanho. A suspeita de que se leria um texto escrito de joelhos vira certeza quando se topa com o nome do autor: Leonardo Attuch. Ele mesmo. O ex-jornalista que virou comerciante de letras.

DINHEIRO RURAL 1 - cortado - traçado

Amigo do presidente Lula, José Carlos Bumlai é um grande confinador de gado e um dos responsáveis pelo sucesso dos biocombustíveis, garantiu no subtítulo o negociante de vogais e consoantes que, homiziado num certo Brasil 247 (pode chamar de 171 que ele atende), enriquece louvando delinquentes e difamando gente honrada que se opõe ao lulopetismo, Confira alguns momentos da aula de como ganhar pixulecos com poucos parágrafos. Volto depois das pérolas de jornalismo dependente.

1. Na campanha presidencial, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi apresentado a um dos maiores pecuaristas do Brasil. Era José Carlos Bumlai, um engenheiro nascido em Corumbá, no Pantanal, que trabalhou durante 30 anos na construção pesada e que, em paralelo, desenvolveu uma atividade rural modelo em Mato Grosso do Sul: a Agropecuária JB. A empatia entre o candidato e o fazendeiro foi imediata. Lula passou quatro dias na fazenda e gravou ali, nas proximidades de Campo Grande, os programas sobre agronegócio que foram usados na campanha.

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2. “Foi um marco histórico”, recorda Bumlai. “Todos os dias nós ficávamos conversando até as três, quatro da manhã”, diz Bumlai. E o que mais impressionou o fazendeiro foi a visão apurada que Lula já tinha em relação ao tema agroenergia. “No futuro, assim como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek serão lembrados pela Petrobras e por Brasília, Lula terá como marca os biocombustíveis”, prevê o fazendeiro.

3. Enquanto estiveram juntos nas fazendas próximas a Campo Grande, Lula e Bumlai jogaram conversa fora, assaram churrascos, pescaram e se tornaram amigos de infância. A tal ponto que, segundo diz a lenda, Bumlai teria sido convidado para ser o primeiro ministro da Agricultura do governo petista – o que ele nega. “Eu sempre tive noção dos meus limites”, diz o fazendeiro. “Entendo um pouco de pecuária, entendo de cana, de pasto, mas não entendo, por exemplo, de café.”

4. Bumlai não assumiu um cargo na Esplanada dos Ministérios, mas tem sido um dos mais ativos conselheiros do presidente e colaborador do governo quando o tema é agronegócio. Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social desde sua criação, em 2003, ele participa dos grupos de trabalho de bioenergia, pecuária, infraestrutura, reforma tributária e reforma previdenciária.

5. Nas suas propriedades em Mato Grosso do Sul, como a Fazenda Cristo, na cidade de Miranda, ele criou os confinamentos mais produtivos do País. Utilizando pivôs irrigados e a técnica de integração lavoura-pecuária, ele produz várias safras de milho, que garantem a silagem do gado para a fase final de engorda e acabamento. Embora não revele o número de animais, estima- se algo ao redor de 100 mil bois. Ou, quem sabe, 99.999. Supersticioso, Bumlai tem fascínio pelo número nove. Representa, segundo ele, “a perfeição”. Seu número de celular tem vários noves e um único oito – este, o símbolo do dinheiro. E seu padrão de produção é admirado por vários produtores.

6. Outra marca de Bumlai é a religiosidade. Ele carrega sempre na lapela do paletó uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. 7. Outro bom amigo é o senador pantaneiro Delcídio Amaral (PT-MS). “O Bumlai é um craque da pecuária”, disse o parlamentar à DINHEIRO RURAL. E como seu grande amigo, o presidente Lula, já pensa em criar um instituto depois de 2010 voltado para estudos relacionados ao combate à fome no mundo, com foco em regiões áridas, como a África, a parceria de Bumlai com os suíços tem tudo para ser bem-sucedida. “A biotecnologia, a serviço do homem, é capaz de gerar uma nova revolução verde no planeta”, diz ele.

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Quase sete anos depois da conversa de comadres sem decoro, a Operação Lava Jato juntou a trinca de novo. Bumlai e Delcídio entraram no elenco do Petrolão depois de Attuch, que estreou em outubro de 2014, quando um post aqui publicado revelou as ligações mais que promíscuas que o amarram ao doleiro Alberto Youssef. Em agosto de 2015, uma reportagem do site de VEJA resumiu no título a reincidência do meliante sem cura: MORO: BRASIL 247 RECEBEU DINHEIRO DO PETROLÃO A PEDIDO DO PT. O intermediário da gatunagem foi o companheiro João Vaccari Neto.

O camburão escalado para recolher o conselheiro rural especializado em plantação de navio-sonda só chegou em novembro. No dia seguinte foi a vez do primeiro senador engaiolado no exercício do mandato. Ambos deverão curtir uma longa temporada na cadeia. Attuch continua em liberdade. Mas tem tudo para chegar lá. Tanto assim que achou prudente fingir que só conhece Delcídio de vista e só soube da existência de Bumlai pelo noticiário sobre o Petrolão.

O site 171 não fez uma única e escassa menção à reportagem de 2009. E continua a esconder dos leitores que o dono da gazua virtual foi o descobridos do Conselheiro Rural do Presidente. Num depoimento à Polícia Federal, Bumlai confessou que andou repassando ao PT milhões de reais desviados da Petrobras e que é mesmo amigo de Lula, com quem se encontrava nos fins de semana.

“Mas possuíam uma regra de que não se permitiam discutir assuntos econômicos ou políticos em tais ocasiões”, mentiu o depoente. O que Attuch escreveu desmonta a conversa fiada: era sobre política e economia que egócio, era só sobre isso que o conselheiro e o aconselhado conversavam.

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Para refrescar a memória de Bumlai, basta que a Polícia Federal convoque o autor do texto publicado pela Dinheiro Rural para depor em Curitiba. Attuch talvez até goste da ideia de conhecer melhor, e de graça, a cidade onde pode acabar hospedado a contragosto.

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