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A detetive do Planalto compara Evo a um lobo, jura que o Brasil não é cordeiro e culpa a Bolívia pela grande cheia do Rio Madeira

Neste 15 de março, depois de sobrevoar as áreas castigadas pela grande cheia do Rio Madeira, Dilma Rousseff concedeu em Rio Branco uma das piores entrevistas coletivas concedidas por um governante desde o Descobrimento. Num trecho do palavrório transcrito sem retoques nem correções pelo Blog do Planalto, a presidente caprichou na pose de detetive e […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 04h14 - Publicado em 17 mar 2014, 21h18

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Neste 15 de março, depois de sobrevoar as áreas castigadas pela grande cheia do Rio Madeira, Dilma Rousseff concedeu em Rio Branco uma das piores entrevistas coletivas concedidas por um governante desde o Descobrimento. Num trecho do palavrório transcrito sem retoques nem correções pelo Blog do Planalto, a presidente caprichou na pose de detetive e identificou a responsável pela catástrofe: é a Bolívia. Desta vez, deixou Nelson Rodrigues em paz. Sobrou para Esopo, autor da fábula reescrita pela torturadora de textos alheios para transformar Evo Morales em lobo e garantir que o Brasil não é cordeiro. Seguem-se quatro dos piores momentos do palavrório em dilmês amazônico:

1. Se a gente não souber direitinho porque o desastre ocorreu, a gente não sabe enfrentar. Então, eu quero dizer para vocês que, do ponto de visto do governo federal e das informações que nós temos, que integram todo o combate, enfrentamento e monitoramento de desastres naturais no Brasil, integra o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE. O INPE monitora o clima no Brasil, o INPE, nos melhores padrões internacionais, com contatos com todos os órgãos internacionais. A avaliação nossa é que houve, de dezembro a fevereiro, um fenômeno em cima da Bolívia, entre a parte sul, se eu não me engano, centro e a parte norte ou sul – a centro eu tenho certeza, a sul eu esqueci, se é sul ou se é norte. Bom, mas o que ocorreu ali? Ocorreu uma imensa concentração de chuvas. Nós temos dados de 30 anos, de 30 anos. Nesses 30 anos, não houve nenhum momento, nenhuma situação tão grave quanto essa, em termos de precipitação pluviométrica num só lugar. Portanto, é um absurdo atribuir às duas hidrelétricas do Madeira a quantidade de água que veio pelo rio.

2. E aí eu até disse aqui uma fábula, que vocês conhecem a fábula do lobo e do cordeiro. O lobo, na parte de cima do rio, olhou para o cordeiro e disse: “Você está sujando a minha água”. O cordeiro respondeu: “Não estou, não, eu estou abaixo de você, no rio”. A mesma coisa é a Bolívia em relação ao Brasil. A Bolívia está acima do Brasil, em relação à água. Nós não temos essa quantidade de água devido a nós, mas devido ao fato que os rios que formam o Madeira se formam nos Andes, ou em regiões altas, se eu não me engano, o Madre de Dios e o Beni, em regiões… em região eu acho que de altiplano um pouco mais baixo, o Mamoré. Então, não é possível que seja devido à Usina de Santo Antônio e a de Jirau a quantidade de água que tem no rio. A não ser que nós nos tomemos por cordeiro e nós não somos cordeiros. Ou seja, ninguém pode dizer para nós, que estamos embaixo, que a culpa da quantidade de água que está embaixo não é de quem está em cima, onde a água passa primeiro. É isso que eu estou dizendo.

3. Este país é um imenso país, não é? Vocês vejam só, eu fiquei olhando o rio Madeira, fiquei olhando… estive lá no Nordeste, o Nordeste está também na pior seca, tem gente que diz que é dos últimos 50, e tem lugares que dizem que é dos últimos 100 anos. Nós temos tido fenômenos naturais bem sérios no Brasil. O fenômeno natural, a gente tem sempre de lembrar, é possível conviver com ele, não é combater ele, nós não queremos combater chuva, nós queremos conviver com a chuva. Então, vamos discutir, sim, porque além disso aqui, nos reservatórios aqui, do Madeira, é tudo a fio d’água. O que significa a fio d’água? Significa que a água passa, a água passa, ela não armazena. Todos os reservatórios do Brasil que não são a fio d’água, que eram os grandes reservatórios do Brasil, onde está a chamada “caixa d’água” do Brasil, são grandes reservatórios de água, grandes, imensos, como é o reservatório de Itaipu, o de Furnas, o de Sobradinho, o de Três Marias, enfim, nesses reservatórios, você regulariza duas coisas. É a tecnologia que nós adotamos para a hidrelétrica, é a seguinte: a gente reserva a água, quando você reserva a água, você está reservando energia.

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4. Como aqui é rio de planície, aqui, nessa região, é rio de planície, o rio de planície tem pouco desnível, e você só gera muita energia em reservatório quando tem desnível. Nada impede que em algum lugar ou outro, em rio de planície, você faça um reservatório. Mas você só consegue fazer gerar energia em rio que tem desnível. Estava me dizendo o Ministro da Integração, para a gente ter uma ideia: rio São Francisco, de Sobradinho até o mar, vocês sabem quantos metros tem? Tem 300 metros de desnível. Do rio Madeira – eles fizeram um cálculo, foi um cálculo… é aproximado, viu, gente? Depois ninguém vai me perguntar assim: “Presidente, é trezentos e tanto?” Por favor, é aproximado, em torno de 300 metros. E do Madeira, daqui de Porto Velho, até o mar, o mar, é 60 metros. É essa a diferença. Então, eu quero explicar o seguinte: não é possível olhar para essas duas usinas e acharem que elas são responsáveis pela quantidade de água que entra no Madeira, a não ser a que a gente acredite na fábula, na história do lobo e na fábula do lobo e do cordeiro.

Grogues, os jornalistas tentavam decifrar pelo menos cinco ou seis linhas quando Dilma encerrou o furioso ataque contra a língua portuguesa, a lógica e o bom senso:

Muito obrigada a todos vocês e um beijo.

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