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As corajosas declarações de Maitê Proença no Roda Viva

A atriz falou, entre outros assuntos, sobre a demissão da Rede Globo, o assassinato da mãe e o papel da mulher nos dias de hoje

Por Branca Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h41 - Publicado em 15 nov 2017, 17h40

A entrevistada do Roda Viva desta segunda-feira foi a atriz Maitê Proença. Com papeis marcantes no cinema e no teatro, ela se tornou uma celebridade nacional com os personagens que protagonizou em novelas como Guerra dos sexos, Sassaricando, O Salvador de Pátria e Dona Beja. Atualmente, percorre o país com o espetáculo A Mulher de Bath e integra o elenco da séria “Me Chama de Bruna”, exibida no canal Fox Premium. Em 2018, voltará ao cinema com o filme Bio, de Carlos Gerbase. Confira trechos da entrevista:

“Minha personagem em A mulher de Bath é católica fervorosa e, como não quer pecar, reza sem parar para os maridos morrerem, para que ela possa variar o cardápio. É uma peça muito atual. O casamento ainda é uma instituição que favorece o mundo masculino. Quando uma mulher trai num casamento ela é a galinha, a vaca. O homem é o garanhão”.

“A personagem conta como são os truques e as artimanhas da mulher para driblar essas circunstâncias e diz coisas horrorosas dos homens. O sagrado e o profano convivem intimamente naquela mulher. O que ela diz e como ela diz poderia estar na boca de qualquer neo-feminista de hoje”.

“Uso as redes sociais para divulgar meu trabalho, não minha vida pessoal, o que faço, com quem almoço. Tenho muito pouca privacidade. Se for colocar isso também nas redes não sobra nada”.

“Acho o Luciano Huck uma pessoa honesta, que tem propósitos e que pode contribuir bastante para o Brasil”.

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“Uma coisa ruim nessa profissão são os péssimos papeis que você é obrigado a fazer e que só existem para favorecer determinadas pessoas que fazem o social, oferecem jantares para os diretores. Tenho quase 60 anos, não quero mais passar por isso. Estou ganhando menos dinheiro fora da Globo, mas estou selecionando muito mais meus trabalhos”.

Eu fui demitida da Globo. Isso significa que não tenho mais o salário que tive durante 37 anos. Fui demitida sem nenhum aviso. Só soube quando começaram os boatos na imprensa marrom de que eu já tinha sido dispensada. Liguei para a pessoa que havia garantido que meu contrato seria renovado e ela falou que, de fato, seria descontinuado. Depois do susto, vem uma sensação de liberdade. Já que não tem dinheiro envolvido e ninguém vai escolher por mim, não preciso mais fazer o papel da mulher rica, bonita, sofisticada e sexy. Agora posso fazer a ‘Mulher de Bath’”.

“Ajudo uma escola no Pavão Pavãozinho, que é uma puta escola no meio da favela. Sem professores bem remunerados, bem preparados, escolas bonitas, em tempo integral, não vai dar certo. Algumas pessoas preferem ter soldados nas ruas e morar em condomínios fechados do que ter uma paz duradoura”.

“Fui assediada várias vezes. O sujeito passa dez anos tirando papéis de você, porque você não cedeu. Ele mina o seu trabalho. São pessoas que atrapalham a sua vida sistematicamente”.

“Não é divertido falar do que aconteceu com a minha família publicamente. Um dia, num programa de domingo, isso foi exposto para todo o Brasil sem que eu soubesse. Tive asco físico do meu pai por ele ter assassinado a minha mãe. Não conseguia encostar nele. Eu sabia que ele não ia voltar a matar, mas era muito complicado ver aquele homem que tinha destruído a própria vida e que matou também quem ele mais amava, uma pessoa que eu amava mais do que a ele. Eu tinha uma casa perfeita, estudava na escola perfeita, tudo era perfeito e, num belo dia, tudo isso acabou”.

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“Esse fato gerou desdobramentos terríveis. Meu pai se matou, meu irmão se matou. Sou feliz porque consegui me organizar dentro disso. Não sei se a palavra é ‘feliz’. Mas eu não sou triste, porque não é da minha natureza”.

“Todas essas tragédias me atrapalharam como atriz, porque durante muitos anos não consegui soltar uma lágrima. Tinha medo do lugar que eu precisava ir para encontrar minhas lágrimas, e achava que não conseguiria voltar se o acessasse. Hoje consigo ir até lá e voltar sem me machucar”.

“Se existe uma escravidão que ainda se perpetua é a da mulher. Ela é obrigada a ter filhos que não pode sustentar, é espancada e morta impunemente e ganha menos para exercer a mesma função dos homens”.

A bancada de entrevistadores reuniu Bruno Meier (editor da coluna Gente, de VEJA), Fulvio Stefanini (ator), Marcela Paes (repórter do Estadão), Rosana Hermann (jornalista e roteirista) e Tony Goes (colunista de televisão e entretenimento da Folha). Com desenhos em tempo real do cartunista Paulo Caruso, o programa foi transmitido pela TV Cultura.

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