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‘Neste inverno, o triunfo da cartolina’, um artigo de Deonísio da Silva

DEONÍSIO DA SILVA O Globo de sexta-feira (28 de junho) trouxe matéria muito oportuna e pertinente. Assinada por Barbara Marcolini e Luiza Barros, trata da volta da cartolina no inverno deste ano. Apaixonado pela viagem que as palavras fazem per saecula saeculorum, que outros se ocupem das manifestações de rua e da irrupção dos protestos […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 05h52 - Publicado em 1 jul 2013, 18h18

DEONÍSIO DA SILVA

O Globo de sexta-feira (28 de junho) trouxe matéria muito oportuna e pertinente. Assinada por Barbara Marcolini e Luiza Barros, trata da volta da cartolina no inverno deste ano.

Apaixonado pela viagem que as palavras fazem per saecula saeculorum, que outros se ocupem das manifestações de rua e da irrupção dos protestos que de repente tomaram conta do Brasil. Quero para mim as palavras!

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Escrevi ainda tão poucas linhas ao abrir a crônica e eis que vários vocábulos me assaltam ainda no primeiro parágrafo. Vejam vocês: inverno está na língua portuguesa desde o século XIII. Era escrito originalmente com agá, letra que ainda permanece em hibernar, palavra do mesmo étimo. No Latim, de onde veio, era tempus hibernum, mas o Português fez elipse da palavra “tempus”, retirando-a, não apenas de inverno, mas das quatro estações. Veranum tempus (Verão) Prima vera (Primavera) e tempus autumnus (Outono).

O Português é filho do Latim. Todo mundo intui o significado de per saecula saeculorum, sem precisar saber que saecula é plural de saeculum, e designava espaço de trinta, cem ou mil anos, tendo-se fixado em cem. Assim como sabe o que é habeas corpus, in memoriam, ave, credo, a priori, a posteriori, data venia, idem, ibidem etc. Aliás, etc é abreviação do Latim et cetera (e outros, e outras coisas) e por isso não se deve pôr “e” antes de etc.

Voltemos ao tema principal, a cartolina, que triunfou nas manifestações de rua destes últimos dias. Muitos leitores poderão cavoucar na memória e haverão de lembrar que a professora levava para a sala de aula um cartaz, onde estava desenhado o tema da redação: aves, animais, árvores etc. Aquele retângulo de papel era conhecido por cartolina, palavra vinda do Italiano cartolina, adaptada do Latim chartula (ch com som de k), já diminutivo também, mas de charta, do Grego chártes, folha de papiro, igualmente do Grego pápyros, pelo Latim papyrus, arbusto trazido do Egito, de cuja entrecasca eram feitas folhas para escrever e velas para navegar!

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Em 1992, os caras-pintadas receberam dos partidos políticos faixas e cartazes já prontos. Três anos antes, muitos deles tinham votado no presidente que enfim derrubaram. La donna è mobile, e o leitor também! Desta vez, eles e seus filhos tomaram cartolinas, pincéis atômicos e lápis de cor, e fizeram seus próprios cartazes. Ah, sim, e botaram pra correr os partidos políticos que por lá apareceram!

Os novos tempos chegaram! E ninguém ainda sabe o que eles nos vão trazer! Logo depois dos protestos, o Congresso derrubou a emenda constitucional que limitava os poderes de investigação do Ministério Público e definiu a corrupção como crime hediondo. E, por ordem do STF, está preso um deputado federal. Políticos já condenados em diversas instâncias do Judiciário, estão assustados, principalmente os mensaleiros. Antes tão arrogantes, agora estão apavorados.

Já havia na praça um bom livro sobre o tema: A Estética da Multidão (Rio, Civilização Brasileira, 159 páginas, R$ 30), da professora Barbara Szaniecki. Que venham outras interpretações desses novos sinais!

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